7 - TEMPO DE CHORAR

6 1 0
                                    

Atravessaram a areia macia e fresca em silêncio. O sol acabara de se pôr, deixando tonalidades laranja e rosa no céu. Cris respirou fundo, sentindo o cheiro do mar. Queria apagar da lembrança a hora passada naquele lugar.

Ted fitava o mar. Por que ele tinha vindo com ela? Ela havia sido tão tola na festa... será que ficar sozinha com Ted seria outro passo errado? Ela não sabia mais em quem podia confiar. Ted interrompeu os pensamentos confusos da garota.

- Quer sentar um pouco no quebra-mar?

- Eu... eu não sei. Acho que sim.

Ela sentia-se culpada por não confiar nele.

Ficaram em silêncio muito tempo. As ondas quebravam logo abaixo de seus pés, espirrando gotículas de água na calça jeans de Cris. O ar estava morno, mas aquela umidade provocava um friozinho que a fazia tremer. Ela puxou as pernas para cima, sentando-se com as pernas cruzadas sobre a pedra tosca. A noite estava tranquila, e a atmosfera toda tinha um efeito calmante.

- Então – começou Ted. Era como se ele tivesse deixado, de propósito, um tempo para a garota aclarar as ideias, e agora quisesse bater um papo. – Não era o tipo de festa a que você está acostumada, hein?

- Não – admitiu Cris. – A propósito, fiquei aliviada por você ter vindo me socorrer.

- Você não precisava de mim. Estava se virando muito bem sozinha; tomou sua decisão sem que eu tivesse que dizer nada.

Cris notou, pela primeira vez, o quanto o rosto do Ted transmitia serenidade. Ele tinha personalidade forte e sempre se expressava de maneira bem direta. Entretanto, ao olhar para ele naquele momento, Cris viu algo terno em seus olhos. O que começara como uma leve "paixonite" estava-se tornando algo que nunca sentira antes por um rapaz. Estava gostando do Ted pra valer.

- Posso lhe dizer uma coisa? – perguntou. – Na verdade, eu nunca fumei nenhum tipo de cigarro. Nunca tinha visto nem sentido o cheiro de maconha! Me deu nojo, pra ser sincera.

- É por isso que você recusou o baseado? – perguntou Ted.

- Não – disse ela, hesitando um pouco. – Eu ia experimentar, porque achava que era o que a Alissa faria, e estava-me sentindo uma idiota parada lá, daquele jeito. Foi por causa de uma coisa que prometi aos meus pais.

- Que coisa?

- Antes de eu vir passar as férias aqui, eles me fizeram prometer que não faria nada de que pudesse me arrepender depois.

- Parece sábio. Você está contente agora por não ter fumado?

Cris pensou por um momento.

- Sim, acho que sim. Tudo estava acontecendo tão depressa que não tive muito tempo para pensar se queria ou não. Estava com um pouco de medo e, também, curiosa, mas pensei que depois me arrependeria, se experimentasse, e disse não.

Seguiram-se mais uns minutos de silêncio, mas logo após Cris indagou:

- Você gosta?

- Gosta do quê?

- De maconha. Você fuma muito?

Sua ousadia surpreendeu até a ela mesma, mas Ted não era o tipo de cara com quem se pode fazer brincadeiras tolas.

- Não. Antigamente eu fumava. Mas não faço mais isso.

- Por quê?

Ted olhou-a direto nos olhos.

- Porque sou cristão.

Cris ficou surpresa. Nunca esperava uma declaração daquelas de um surfista de Newport.

Série Cris: Promessa de Verão - Livro 1Where stories live. Discover now