Bagunça nostálgica

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Imagens de viagens incríveis, de sorrisos calorosos, da saudade do abraço de alguém que se fora à muito; itens nostálgicos – daqueles que seu olhar se demora, pensando seriamente se deverias ou não jogá-los fora...

Certas coisas quebradas, algumas delas sequer foram usadas de fato para algo, mas... Sabe como é, né? Quem sabe quando realmente vamos precisar delas? Se eu amontoar em um cantinho, certeza que passarão despercebidas.

O fato é que, de tanto amontoar em cantinhos e encobrir com outras coisas que não faziam serventia, tudo transbordara e espalhara-se pelo cômodo.

Como pudera eu pensar que toda esta bagunça caberia em uma gaveta tão pequena?

Arrumações geralmente dão trabalho. Quanto mais ao fundo da gaveta, mais difícil é desapegar. Algumas coisas não caíam bem em mim como antes, percebi que outras não combinavam nem com minha versão passada – como os batons cor danone dos anos 2000, o vício de linguagem "mona" do fundamental, e até mesmo algumas inseguranças que colecionei por anos.

Entre uma peça e outra acabei por encontrar nossas lembranças, enleadas nesse cordel de expectativas. Eu sei, talvez elas realmente não sirvam para coisa alguma, mas é difícil jogá-las fora... É apego sentimental, sabe?

Posso deixa-las com você por um tempo? Você pode coloca-las num cantinho do seu inconsciente também... Quem sabe assim você lembre de mim uma vez ou duas, um dia ou outro...só às vezes! Já que fomos feitos desse paradoxo dualista de "talvezes", "as vezes" e "quem sabes", não seria incômodo, certo?

De qualquer modo, me devolva tudo depois que enjoar, mas não as jogue fora. Apesar de estarem faltando uma peça ou outra, elas servem de inspiração para alguns parágrafos de prosa; este é o jeito que eu lembro de você, uma vez ou outra, de vez em quando... De vez em sempre também.

As palavras são a única forma de arrumar essa bagunça modestamente nostálgica.

As palavras são a única forma de arrumar essa bagunça modestamente nostálgica

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Unlock (2013)  - arte de Christian Schloe

25/11/2022.

Se palavras pudessem respirarDonde viven las historias. Descúbrelo ahora