Olhares infinitos

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Me olhe nos olhos, com olhar de quem anseia ser visto, límpido vislumbre do querer.

Chegue mais perto, até que consiga sentir a eletrecidade de tuas íris, a cálida imensidão de tua presença. E então, pare; não ande um palmo à mais - deixe seu coração palpitante cruzar a distância e sussurrar-me promessas, que ele corteje baixinho, como quem conta um segredo.

Me olhe nos olhos, mas enxergue-me, deseje-me com a alma. Não perambule pelo raso, mergulhe e me ame profundamente.

Não procuro pelo mero deleite dos rodopios de um carrosel, dê-me adrenalina feito montanha-russa, provoque-me frio na barriga, faça-me cair por ti. Que tu sejas meu maior achado entre todas estas reviravoltas do acaso - porque a vida nunca é sobre destinar-se, mas pertencer, e que o acaso tenha destinado-me a pertencer-te.

Olhe-me nos olhos, para que eu possa mirar-te da mesma forma; deixe-me conhecer-te, permita-me a honra de amar-te. Que tu me contes o que tu e teus tão gentis olhares vislumbraram mundo afora; que eu possa imergir em toda a profundidade de tua essência, que eu tenha a sorte de conhecer cada fragmento de tua alma.

Olhe-me, e diga que fica.

Venha cá, continue a me olhar, neste íntimo pedaço de infinito.

Fique.




O beijo (1907) - Gustav Klimt

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O beijo (1907) - Gustav Klimt

12/08/23.

Releitura de uma prosa  de autoria própria de 2017.

Se palavras pudessem respirarWhere stories live. Discover now