O Cristal de Sangue

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Os pés idosos de Brilhantus diminuíram a velocidade, fazendo os meus também pararem.

— Estamos indo pelo caminho certo? — questionou o mago.

Retirei minha espada da bainha e a apontei para frente. No mesmo instante ela começou a brilhar intensamente.

— Você não disse que a espada é o guia? Parece que estamos no caminho certo.

— Sim, Turin. A espada que foi dada a você por Irálites foi criada por Finitus, o deus da morte. Finitus é irmão gêmeo de Gênesis, a deusa da vida. Tudo que foi criado por Finitus responde em vibração ao que foi criado por Gênesis. Então, quisermos achar o Cristal de Sangue, a sua espada é a chave.

Os pés de Brilhantus voltaram a se mexer. Tive que fazer o mesmo.

Assim como meus pés, minha mente movimentava-se em um ritmo frenético.

Desde que me uni à Resistência, não tive muito tempo para sofrer pela morte de meus pais.

Todos sempre me enchiam de lições de leitura e escrita. Assim fui crescendo.

Muitas foram as vezes que os "braços de Aspargo" — como chamamos os seus soldados — tentaram invadir o acampamento da Resistência. Acho que só não sucumbimos porque o próprio Aspargo nunca esteve diante de nós em pessoa.

Os nossos também tentaram por vezes invadir os domínios de Aspargo. Sem sucesso.

Se eles não fossem tão cabeças-duras e me deixassem lutar... Mas insistem em dizer que se eu morrer não terá ninguém que possa cumprir a tal profecia. Por isso fui obrigado a permanecer em minha prisão naquela droga de acampamento.

Nos últimos anos, Irálites disse que já estava na idade de aprender a arte da espada. Ele começou a me ensinar sobre a Magia do Corpo — é como ele chama a arte da guerra.

Depois, Serênia passou a me levar todos os dias até a Cachoeira das Almas, que fica dentro do nosso acampamento. Lá, ensinou-me uma espécie estranha de meditação. Ela dizia que um homem que conservasse uma alma tranquila seria capaz de vencer até mesmo um deus.

Mas a cada dia a tensão entre os rebeldes e o reinado de Aspargo se intensificava.

Foi nesse cenário que o velho Brilhantus mostrou-me um antigo pergaminho que estava em sua família há gerações. Nele estava a história de um artefato mais poderoso até mesmo do que as Gemas do Caos. Esse artefato era chamado de Cristal de Sangue.

Dizia a lenda que Gênesis, a deusa da vida, surgiu nessa terra e enterrou uma semente. Essa semente deu lugar a toda manifestação de vida que conhecemos. Essa semente era o tal cristal. Brilhantus disse que a pessoa que tiver nas mãos o Cristal de Sangue terá poder para quebrar até mesmo uma Gema do Caos.

Mas o problema é que todos sabem: as Gemas do Caos são inquebráveis. Por isso até os rebeldes riram de Brilhantus quando ele puxou-me pelo braço para começarmos essa jornada em busca de algo que talvez nem exista.

Essas e outras coisas borbulhavam no meu coração enquanto eu caminhava ao lado de Brilhantus.

Turin e o Cristal de SangueWhere stories live. Discover now