Cliente incoveniente

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Soraya

Eu fechei os olhos deixando que as batidas
lentas e sensuais guiassem meu corpo. Era
incrível como a musica tomava conta de mim, uma espécie de hipnose que me domava de uma maneira indescritível. Naquelas situações eu me sentia totalmente forte e poderosa, como se o poder de sedução me cegasse os olhos. Ali, eu era somente El jaguar, uma stripper que tinha como objetivo deixar todos caídos aos seus pés.

- Isso querida, incline mais a coluna para trás.

- O coreografo falou calmamente, pousando
uma das mãos sobre o meio de minhas costas.

Eu obedeci sua ordem, prosseguindo com
a dança. Era apenas um ensaio, aquela
semana eu teria apenas um show. Michelle
queria impressionar alguns empresários
importantes que fariam uma despedida de
solteiro no sábado. E de acordo com ela, teria que apresentar o melhor. Confesso que assim que cheguei não estava com o menor animo para tudo aquilo, ultimamente minha cabeça estava totalmente revirada com ideias que eu jamais esperava ter. Tudo parecia ilógico, mas no fundo algo me dizia que era real.

- Você sempre maravilhosa.

O rapaz moreno  falou sorrindo para mim.

Eu continuei minha dança no pole dance,
movendo meu corpo da maneira mais
sensual que poderia fazer. Modéstia parte
aquilo já era fácil para mim, que praticava há tantos anos. Mas tudo se tornava ainda mais fácil quando nós tínhamos um alvo, ou seja, um cliente. E para mim, em todos esses anos, apenas uma pessoa me fez explorar todo o meu poder de sedução. E essa pessoa era ninguém menos que Simone Tebet.

Eu sorri involuntariamente quando a dona
daquele par de olhos castanhos invadiu meu
pensamento sorrateiramente. Era incrível
nossa conexão, nossos olhares e o poder que
nos atraia uma para outra. Eu sempre me
entregava mais quando dançava para ela,
eu sempre seduzia mais quando tinha seus
olhos carregados de cobiça sobre mim.

Talvez Simone fosse o botão de acesso ao meu lado mais perverso e selvagem.

"Em passos lentos e perfeitamente calculados caminhei até o centro do palco, parando um pouco a frente do bastão de poli dance.

Me dando conta dos olhares perdidos
em luxuria sobre mim. Eu sorri de canto,
e caminhei ao redor do ferro, enquanto
desabotoava o sobretudo preto que estava
usando. Eu deixei que meus olhos corressem
por todos na platéia em procura dela.
Dei a ultima volta ao redor do bastão de
ferro e parei de frente para todos, quando
automaticamente meus olhos pararam sobre ela. Simone estava lá, sentada bem no meio com um sorriso cafajeste nos lábios, assim que a mesma percebeu que eu a olhava, levantou o copo de uísque e piscou.

Mordi os lábios e sorri, tirando devagar o
sobretudo para que todos, ou melhor, ela
pudesse aproveitar cada pedacinho do que
iria ver. Eu movia meu corpo devagar de um
lado para o outro de acordo como ritmo que
a musicava ditava. E quando o mesmo foi
completamente ao chão à euforia começou.

Os homens da primeira fila soltaram palavras de cobiça e desejo. Mas eu nem sequer escutava, eu estava concentrada demais em Simone, que me assistia como a primeira vez.

Eu virei de costa para ela, levando a mão no
pequeno objeto que prendia meus cabelos, e
o puxei soltando as madeixas onduladas por
minhas costas. Eu sabia o quanto ela amava
meus cabelos daquela maneira, desgrenhados e selvagens. Virei o rosto de perfil para ter uma visão parcial de Simone que tinha os olhos concentrados em mim, enquanto tomava mais um gole da bebida. Eu sorri e comecei a rebolar de forma puramente sensual, remexendo meus quadris devagar enquanto meu corpo descia até o chão.

Continuei, subi com meu corpo que roçou
sobre o ferro no qual me segurava. Naquele
instante eu iniciei a parte de minha coreografia que envolvia o pole dance, e confesso que amava essa parte. Meu corpo tinha a enorme facilidade de se mover ali, com as duas mãos segurei na barra de inox e suspendi meu corpo do chão, entrelaçando as pernas para deixar que meu tronco se soltasse. Estiquei um dos braços devagar, e arqueei a cabeça para trás, recebendo sobre mim cédulas e mais cédulas de dinheiro. Aquilo literalmente era uma chuva
de poder. Movi meu corpo, lançando minhas
pernas para o alto do bastão de inox, deixando que meu corpo ficasse de cabeça para baixo.

Lentamente desci até o chão, caminhando em volta do palco com os olhos sobre ela.

Seus olhos brilhantes se mantinham
conectados em mim, sua expressão de desejo me movia a instigar mais. Eu segurei na barra de inox e rebolei, mas rebolei da maneira mais provocante que poderia, fazendo-me ouvir os gritos das pessoas na platéia.

E logo em seguida caminhei para o centro
do palco, pegando o bolo de dinheiro no
qual joguei para o alto. Vendo as cédulas se
espelharem no ar e descerem lentamente
sobre mim. Coloquei os olhos no homem que ficou pasmo e depois em Simone que soltou uma risada atraente, pisquei para ela e joguei uma risada atraente, pisquei para ela e joguei um beijo. A musica já estava quase no fim, continuei a coreografia acompanhando as ultimas batidas, rebolando em direção a minha mulher que estava visivelmente adorando tudo aquilo, quando nos últimos segundos eu
levantei e olhei todos ali presentes e atrás de
Simone, um pouco mais ao fundo eu a vi."

- Você sempre é maravilhosa!

Ouvi uma voz familiar, me tirar abruptamente de meus pensamentos.

Parei a coreografia e abri os olhos em direção à pessoa que me encarava. Oh, não.

-O que faz aqui?

Perguntei totalmente na defensiva.

- Isso é jeito de tratar uma cliente El jaguar? Boa Noite pra você também

Mailza perguntou com um sorriso largo.

Eu neguei com a cabeça ajeitando minha
máscara. Apertando no pequeno botão que
desligava a musica.

- Não é permitido a entrada de clientes nos
ensaios.

Pude ouvir uma risada nasal enquanto a
mulher se aproximava de mim lentamente.
Fazendo com o que o barulho de seus saltos
ecoassem no vácuo que a musica deixou.

- Clientes normais Srta. Jaguar. Faixa essa
que não me encaixo.

Isso não podia estar acontecendo. Como se
o mundo já não estivesse contra mim, ainda
aparecia isso. Meu Deus, o que eu havia feito
de mal? Respirei fundo, procurando controlar minha mente e afastar o nervosismo que me consumia.

- Escute aqui Mailza, eu estou sendo muito
educada com você. Mas já deixei claro que
não quero nenhum tipo de contato.

- Comigo? Ou com todos?

- Com todos.

- Simone não se encaixa nesse todos não é?

Eu respirei fundo, olhando para todos os
lados. Estávamos sozinhas ali o que me
deixava mais tranquila. Eu não queria
ninguém espalhando o maldito boato
pela casa noturna, eu tinha medo que
chegasse nos ouvidos de quem eu mais me
preocupava, Simone.

- Droga, o que você quer de mim? Já disse na
ultima vez que não atendo clientes daqui. Eu não faço esse tipo de trabalho.

Ela soltou uma risada e negou coma cabeça.

- Você sabe muito bem o que eu quero. Pare
de fugir, não seja idiota.

- Eu não estou fugindo.

- Oh querida, você está sim. Você e eu
sabemos que está.

Mailza sussurrou calmamente se aproximando de mim.

- Mas sabe que não precisa disso.

Continuou.

Ficamos perto uma da outra, e ela com
delicadeza colocou uma mecha de meu
cabelo para trás. Eu estava suada devido aos
exercícios e a dança, minha respiração estava ofegante em decorrência do nervosismo evidente.

- Eu não quero problemas para mim, então
me deixe em paz.

- Problemas? Que problemas que posso Ihe
causar?

Eu bufei irritada, e me afastei.

- Os piores!

Exclamei.

- Simone é tão possessiva assim?

- Sim, ela é. E não vou faltar com respeito com ela.

- Não seja ingênua. Olhe para mim, acha
que quero fazer mal a voce?

Seu sorriso desafiador me dava medo.

- Só quero seu bem, Soraynha.

Eu senti meu coraçāo fraquejar por longos
segundos ao ouvir aquele nome em sua boca.

Oh Deus, aquilo não podia ficar pior.

The stripper- Simone e Soraya Onde histórias criam vida. Descubra agora