A Esperança brilha

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      Alba pode sentir como se aquele completo desconhecido estivesse lhe tocando a alma somente com o olhar. Os olhos daquele homem eram tão atraentes quanto uma noite estrelada, um mar calmo a cor alucinante dos mistérios escondidos atrás de suas pupilas, a sabedoria guardada perante a doçura e tranquilidade de seu olhar, sua respiração aguda e confiante, porte sério, alguém como ela nunca conheceu. O rei se preocupou quando percebeu que aquela menina estava sem reação nos seus braços. Balduíno não sabia o porquê mas era difícil desviar seus olhos dos dela, algo prendeu não somente seu olhar mas também as batidas do seu coração, que de lentas saltaram para desesperadas, havia magia entre os olhares e a fixação entre as pupilas que se dilataram delicadamente a cada pulsação. Um silêncio se abateu entre eles apenas ouvindo-se as leves respirações e o barulho do vento trazendo a agradável brisa da manhã, espalhando pelo aposento a doce mistura dos perfumes das almas que acabaram de se encontrar, criando um doce e seduzente aroma...aroma de intensidade que parecia reluzente aos olhos de ambos.
      Balduíno por um momento, perdeu-se nos montes gelados que Alba, aquela completa desconhecida, trazia no tom gelo de seus olhos. Porque sentirá aquilo o rei se perguntava, seria... Não! ele não podia se permitir pronunciar aquela palavra, não agora.
       Sem pensar duas vezes, abaixou sua cabeça rapidamente, mesmo que sua mente não quisesse que sua atenção se perdesse.
— Por favor... — Ele suspirou. — Não me encare tão profundamente... — Levantou novamente a cabeça e desta vez mirou com resistência a cortina acima de Alba. — Olhares dizem muito sobre o que somos e desejamos Milady.
      Alba se entristeceu muito quando foi interrompida de sua hipnose por ele.
— Eu sinto muito! — Ela se encolheu no aperto forte das mãos dele que ainda que em um tom desconfortável, parecia  achar a situação um pouco cômica. — Não queria incomodá-lo.
— Não se preocupe... Apenas não olhe para mim assim, tão intensamente.
    O rei soltou-a devagar, enquanto a jovem se afastava em passinhos curtos dele.  alguns segundos em que os dois se admiram mutuamente, até que o canto de um pavão os trouxe de volta a realidade.
— Espero não ter lhe assustado... — Disse ele ainda apreciando a jovem.
— N-Não! Eu acabei me perdendo... — Alba apontou para a porta de cabeça baixa. — A culpa desta situação vergonhosa é minha. — Ela olhava para todos os lados, tentando achar mais alguém... Entretanto o aposento estava vazio, nem um servo a vista, somente eles dois estavam lá. Balduíno notou a preocupação e tentou não deixá-la mais nervosa.
— Suponho que esteja preocupada. — Ele sorriu por trás da máscara quando ela assentiu apertando as mãos impaciente. — Está segura...venha acompanhe-me... — Por mais que não lhe parecesse um ato muito correto deixar que uma dama continuasse no seu aposento, a companhia dela parecia-lhe agradável e não custaria nada conversar um pouco para acalmá-la.
— Mas milord! — Ela levantou o olhar surpresa.
— Se está preocupada com o caminho de volta... — Balduíno ainda achava muito terno o fato de que ela se perdeu, e que por acaso acabou encontrando seus aposentos. — Mandarei um dos meus servos levá-la de volta.
      Ela olhou visivelmente preocupada ao redor. Enquanto o rei sérvia sobre a mesa em uma taça de cristal, um pouco de água para ela.
— Hã! — Ela recusou.
— Beba! é água. — Ele entregou nas mãos dela.
— Obrigado.
— Parece tensa demais, para uma dama da corte... — Ele a examinou cuidadosamente. — Se fosse residente nesta corte a muito, você me reconheceria e não ficaria tão assustada.
      Ela engoliu em seco tentando manter a calma.
— Não faz parte dos meus servos...
— Que servos? — Alba levantou uma sobrancelha curiosa.
— Eles só entram em meus aposentos quando os chamo, ou quando é o horário para limpeza e organização. — Ele puxou uma cadeira para ela.
— Então é a filha de quem... — Por mais que tentasse esconder o espanto, não era capaz. Pensar que seu dia tinha mudado drasticamente em poucos segundos.
— É por que não há servos indo e vindo? — Ela se esquivou na cadeira observando o interior dos aposentos.
— Acredito que se estivessem aqui todos os servos que cuidam do meu bem estar no palácio, não conseguiria me concentrar em meus afazeres. — Balduíno expressou humor no tom de voz.
— Bom, pelo tempo que estou aqui pude notar que eles não nos deixam fazer muito.   
— Nunca havia visto a senhorita pelo palácio,suponho pelas suas vestes que seja filha de algum nobre. — Ele suspirou. — Não faça misteriosa milady eu sou o rei e posso facilmente  descobrir.
— Sou a nova dama de companhia da princesa Sibylla. Comecei no palácio ontem e ainda não conheço bem... Os corredores daqui. — Ela estava totalmente desconfortável não pela presença dele, mas sim pelo fato de que se descobrissem com certeza ela seria castigada.
— Entendo...— Disse ele recostando-se na cadeira. — Minha irmã já havia comentado comigo, que uma nova jovem estaria ingressando no árduo trabalho de ser sua dama de companhia. Como se chama de quem é filha?
— Sou Alba,filha de Godfrey...
— O Barão de Ibelin? — Balduíno voltou seu olhar surpreso para a garota tímida a sua frente. — Não me recordo... — O rei pegou uma peça de xadrez ao cerrar os olhos para a jovem. — Ele nunca tocou em seu nome em minha presença.
— Meu pai... Era um homem de muitos segredos.
— Mas esconder uma filha... — Balduíno recompôs seu tom de voz calmo e doce.
— Me escondeu por anos, ele sempre disse que era o melhor... — Salientou a menina ao examinar suas palavras de cabeça baixa.
— É mesmo…?
— Sim. — Ela olhou em volta, sabia onde estava mas dificilmente como sair dali.
— Inclusive seu irmão… — Ele apontou para ela de forma misteriosa, na verdade Alba concordava com algo que a dizia: ele realmente é um misterioso não por usar uma máscara, mas pelo seu gesto maneira de falar e se comportar totalmente cavalheiresco e amável. Passou aqui faz alguns dias! — Ele prosseguiu. — Não contou nada sobre a senhorita, não tenho ainda provas a não ser a palavra de uma desconhecida que é a filha do meu professor.
— Está me desrespeitando! — Ela usou um tom inadequado para pronunciar aquelas palavras. — É o que me dirá do senhor um sujeito que usa uma máscara não faz outra coisa a não ser perguntas e totalmente deixa-me encurralada com esse olhar charmoso (charmosos) se aproveitando que eu não sei aonde é a saída para simplesmente me fazer sua companhia.
      Quando ela fechou a boca, Balduíno ficou sem palavras apenas observando ela por alguns minutos, realmente ela parecia Falar igual Godfrey ele tinha uma personalidade muito forte principalmente quando o contrariavam.
— É realmente filha de seu pai! — Ele pronuncia com uma voz macia e calma. — Nem minha irmã fala assim comigo imagine…— O rei não tinha sua curiosidade tão atiçada a muito tempo, e pelo fato de Ela ser uma garota de origem duvidosa, e o fato de saber um pouco mais sobre a vida do seu reservado professor era uma informação que o jovem rei gostaria de analisar. — Se importaria em me contar um pouco mais sobre você?
— Desculpe, novamente fui grosseira.
— Com o tanto que não me ataque está tudo bem! — Ele brincou para tentar tirar a tensão do momento.
— Me permitiria então que eu me retirasse?
— Eu não quero que pense que  me irritei com alguma coisa que falou Mileide. Eu apenas quero saber um pouco mais sobre você se não se importar, obviamente.
— Claro que não majestade, pergunte o que desejar! — Ela estava assustada, e ao mesmo tempo surpresa que um homem tão ocupado e importante se desse ao trabalho de saber e se  interessar pela sua simples vida, que não havia nada de interessante para relatar. — Irá se decepcionar majestade, não tenho nenhum acontecimento importante para relatar lhe apenas memórias de infância.
— Eu gostaria de ouvi-las, temos muito tempo para isso. Se minha irmã se incomodar eu conversarei  com ela. — Insistiu Balduíno.
— Bom convivi com minha mãe até certa idade, vivíamos felizes... Papai vinha todas as semanas, eu nunca compreendi, ele sempre vinha mas nunca passava muito tempo... até que um dia...
— Certamente porque tinha trabalho pelas campanhas contra Saladino e minha educação. Mas continue... Até que um dia? — perguntou o rei ao apoiar seu  braço na mesa.
— Alguns cavaleiros chegaram, mamãe os viu pela janela.
— Cruzados?
— Não, eles tinham um brasão de família nas roupas!
— Uma ordem da nobreza. — Supôs ele.
— Ela me pegou nos braços e mandou que eu me escondesse na despensa que ficava em um compartimento no piso de madeira. E eu a obedeci. Pelas frestas do piso eu vi... quando eles a encurralaram dentro de casa quando eles a agrediram, e depois um deles a carregou para fora, ela estava olhando para mim eu sei que estava eu pude ler o que seu olhar dizia.

O Que Há Por Trás Da Máscara /ADAPTADO/Where stories live. Discover now