Pérolas rompidas

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    O físico más experiente, e também o mais jovem que possuía a mesma idade do rei. Representou os outros.
      Damian havia sido criado por Tibérias como seu pupilo, e era filho do físico real que cuidava da família do rei. Havia sido ele que recomendara o chá que causou toda aquela confusão. Como seu pai estava fora, Damian cuidava dos assuntos  pendentes de seu pai na corte, enquanto ao mesmo tempo estudava e acompanhava os outros físicos mas antigos e gozava de uma terna amizade com Balduíno que lhe concedia favores na corte. Ele era considerado um dos mais experientes e importantes por fazer pessoalmente alguns tratamentos no rei e ter obtido êxito, além de se tornar amigo de muitos médicos de Saladino que o próprio havia mandado para lá, assim auxiliando no conhecimento de ervas medicinais, planejamento de fórmulas e aprofundamento nas pesquisas e física promovendo um bom conhecimento da nobreza de Balduíno. Eles desde muito cedo estudavam também as leis.

— Eu... Só posso dizer que ela está instável, mas não sabemos por quanto  tempo... Nunca havia visto um veneno tão potente, se tratando só de um corte no braço dela, não deveria ter se espalhado tão rápido.  O antídoto.... — Ele fez uma pausa ao olhar para o local em que Alba estava. — Eu...não entendo ela deveria ter reagindo mas não... Ela permanece dormindo.

— Quer dizer que não temos como

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— Quer dizer que não temos como... Ajudá-la? — Perguntou Sibylla.
— Creio que sim! — Exclamou Georgina. — Se o corte no braço foi feito por uma garra de ferro só pode ter sido com ervas aromáticas e isso nos dá tempo. Porque para que o veneno não enfraqueça e necessário óleo para embeber as garras.
— Como? se não sabemos qual foi a substância. — Perguntou Damian.
— Foi somente um palpite. — Georgina percebeu que todos a olhavam de forma confusa. — Podemos continuar usando o antídoto de vocês, enquanto isso você se empenha em tentar achar algo que reverta o efeito, eu lhe ajudo tenho conhecimento em substâncias.
— Façam isso a partir de hoje. — Balduíno exclamou enquanto levantava-se da cama cujo Alba descansava sob efeito do veneno. — Georgina e Damian trabalham juntos.
— Mas ela e minha dama de companhia e eu...
— Não me importo Sibylla, quem manda aqui sou eu.
— Tudo bem...— Disse ela ao se retirar.
    

      Passaram-se dois dias após o ocorrido e Alba permanecia desacorda e seus batimentos cardíacos ficavam mas fracos a cada dia. Damian e Georgina passam horas a procurarem o antídoto.
     A noite no quarto Damian ficou para vigiar o sono de Alba. Ele terminava de examiná-la quando de repente se pegou a observando,  sentou-se na cadeira próxima a cama e começou a avalia-la com o olhar. Damian não era de notar ou mostrar extrema preocupação com nenhum paciente, por mais que algumas senhoras já tivessem tentando seduzi-lo no seu consultório, ele resistia fielmente. Não era de se estranhar se apaixonar por um físico como ele, com seus olhos avelã e cabelos cor de mel.
— Ah! senhorita, como isso foi acontecer. — Falou ele baixo, enquanto a luz das velas brincavam com seu cabelo perfeitamente alinhado.
   Neste momento, ele vê um pequeno frasco que havia na prateleira distribuída na ampla cabeceira de madeira da cama. Ao tentar alcançar   o frasco, ele caiu do outro lado em cima da cama derramando o líquido sobre o lençol de seda rendada.   Damian poderia ter dado a volta na cama e pegado normalmente o frasco? Poderia!
    Mas não o fez, em um ato impensado ele apoiou uma de suas mãos na cama por cima dela e com a outra tentou pegar o frasco mas suas mãos enluvadas tornavam um pouco difícil a situação, ele se esticou um pouco mais até que seu braço fraquejou e ele perdeu um pouco a postura. Ele quase debruço-se em cima de Alba más conseguiu recuperar o controle da situação a tempo.  Seu rosto ficou muito próximo ao dela, ele começou a se afastar lentamente... E foi observando as curvas do rosto empalidecido de Alba da sua feição terna e inocente que permanecia serena.
— Damian?
    Uma voz ecoou da porta.
— Majestade! — Damian se afastou rapidamente da cama.
— Eu assustei você? — Balduíno caminhou alguns passos a frente adentrando no aposento enquanto o encarava, seu amigo parecia desconfortável com a sua chegada repentina.
— Não majestade... Eu só estava examinando ela. — Ele engoliu em seco quando Balduíno o encarou com desconfiança, ao se aproximar consideravelmente dele.
— Como ela está? — o rei voltou sua atenção para Alba.
— Não apresentou nenhuma reação,
— Isso não teria acontecido se eu não tivesse discutido com ela, eu poderia ter impedido que, fosse em direção ao bendito pátio. — Ele para por alguns segundos e olha para Damian. — acha que a... a culpa pode ter sido minha?
     Houve um minuto de silêncio, enquanto Balduíno refletia sobre o que acabará de dizer e Damian pensando no que ia responder.
— Não teve culpa...
— Eu ainda me lembro do seu último sorriso. — Ele falou aquelas palavras com um grande amargo em sua boca, ao perceber que  não permitiu o último sorriso que alba queria dedicar totalmente a ele, foi uma das piores sensações já sentidas pelo rei. — Se ela não acordar eu nunca irei me perdoar. — O rei a observava como se estivesse concentrando seus pensamentos na esperança, de que ela abrisse os olhos e voltasse a iluminar seu dia como sempre, mas isso naquele momento não aconteceu.
   Damian olhou com surpresa. Ele não sabia que Alba e o rei eram próximos a tal ponto de o rei sentir-se mal por ela.
— Majestade vamos precisar voltar a fazer seus tratamentos... Eles estão tendo evolução. — Damian tentou animar o rei.
— Damian... Hoje não.
— Claro... Eu entendo más acho necess...
— Eu disse não Damian, pode fazer o favor de me explicar aonde está Georgina? — Interrompeu o rei com um tom ligeiramente irritado que fez o físico ficar de cabeça baixa.
— Ela foi buscar alguns ingredientes que talvez desta vez sirvam.
— Um servo não poderia ter feito isso? — Ele perguntou segurando a mão da jovem. — A está hora da noite e perigoso andar sozinha!
— A proposta dela foi insistente. — Damian encolheu os ombros. — Não pude acompanhá-la.
     Os dois começaram a pensar no quanto era estranho, mas a atenção deles se voltou para Sibylla que adentrou no quarto.
— Olá meninos, vim para ajudar a cuidar de Alba! — Ela fala carinhosamente. — Balduíno o que faz aqui?
— Eu vim... — Ele acha uma desculpa. A mais esfarrapada que já deu. — Eu vim ver como ela estava e conversar com Damian sobre meu tratamento.
     Sibylla olhou para os dois e começou a rir.
— Me engana, que eu gosto Balduíno depois nos conversaremos. — Sibylla disse isso discretamente ao passar por ele.
— Por favor Sibylla o que...
    Todos voltam sua atenção quando o físico viu Alba abrir os olhos. Mas a esperança deles se tornou em preocupação quando ela começou a gritar e se debater na cama. Como se estivesse sendo atravessada por espadas. Damian e Sibylla correram até Alba para tentar ajudar, Balduíno ficou observando de longe chocado... Ele saiu totalmente perplexo com a cena sem dizer uma só palavra.

     Enquanto isso no quarto da hospedaria.
— Vou fingir demência e esquecer que você me pede isso! — Disse Keenan.
— Preciso deste antídoto...
— Não Georgina está louca?!
     Ela se aproximou por trás dele sem que o mesmo percebesse e retirou uma lâmina da sua luva  a pressionou de surpresa na garganta de Keenan.
— Me de o que eu peço, ou não  pensarei duas vezes antes de usar essa lâmina, você sabe muito bem que eu posso achar ele sozinha.
— Se pudesse não teria vindo... — Debochou ele.
— Mesmo? — Ela apertou com coragem a lâmina perfurando uma camada de sua pele.
— Está bem, - ele colocou as mãos  a amostra - está na gaveta!
— Pegue para mim. Eu sei bem que você adora truques.
— Me conhece melhor que minha esposa...
— Claro tê-la como cunhada e uma coisa maravilhosa... Mas ande logo com isso!

     O único problema e que talvez fosse tarde. Alba tinha tido a última reação que o veneno causava antes de vocês sabem o que!
     Na manhã seguinte, lá estavam novamente Balduíno Sibylla e Damian. Eles guardaram o sono de Alba a noite inteira. Sim, Balduíno voltou depois de alguns minutos de reflexão, ele mandou que todos os dias desde que ela adormeceu, fossem trazidas lavandas frescas para colocar em todo o quarto em todas as janelas, não se importando com os dias e com a quantidade de lavandas que ele teria que trazer até o quarto todos os dias, somente porque certa vez ela comentou que sentia falta dos campos de lavanda da França aonde vivia. E Balduíno queria que ela mesmo não consciente soubesse ou pelo menos sentisse-se mais perto de lá. É, ele não mediria esforços para isso.
— Eu consegui achar um antídoto. Digam que ela não teve nenhuma reação...
— Sim, há algumas horas atrás ela passou muito mal. — Disse Damian preocupado.
— Ah, não... Deve ser a última reação do veneno se não dermos o antídoto agora ela provavelmente nao acordará. — Georgina falou nervosa.
       Ela entrega o frasco ao físico. O mesmo  deposita o líquido imediatamente na boca de Alba.
      Damian sentou se ao lado dela na cama com um grande entusiasmo. Já Georgina e Sibylla ficaram do lado, enquanto Balduíno observa de longe todos os olhares se voltam para o rosto de Alba em busca de alguma reação. Todos estavam na expectativa.
    Mas a cada minuto elas eram frustradas pelo semblante pálido de Alba. Georgina começou a apertar com força os próprios ombros enquanto as lágrimas rolaram em seu rosto.
— Alba! — exclamou Georgina.
     Ela estava a beira de um ataque de nervos, Georgina nunca iria superar por ter feito isso com Alba.
— Alba — Ela já estava totalmente descontrolada aquela altura.
     
    Sibylla começou a chorar por Alba, Damian levantou-se da cama vagarosamente  enquanto tirava sua túnica e a jogava para um lado, afrouxou o delicado colarinho de seu traje e sentou-se em uma cadeira com um  olhar de extrema frustração. Balduino saiu no corredor para não presenciar aquela cena. quando afastou-se a poucos passos do aposento ele ouviu os gritos de Georgina e não eram de alegria. Ele se encostou em uma parede para poder respirar, pela primeira vez ele estava tremendo. Lembrou das coisas que havia dito, e que nunca havia se sentindo tão frustrado pela primeira vez em anos, ele chorou não de desespero mais sim porque sentiu um pedaço do seu coração se apagar com o sorriso dela. Não conseguia parar de pensar, ele havia perdido ela sim ele a perdeu.
      Mas tarde, ainda naquela manhã ele já estava deitado em sua cama, sem conseguir aceitar o que estava acontecendo. Ao criar forças ele decidiu ir ao quarto dela para dar seu último abraço nela.
     As janelas permaneciam abertas, o vento fazia o perfume das lavandas circularem pelo quarto vazio. Balduino simplesmente a observou por alguns minutos seu semblante parecia mais corado, talvez Sibylla tivesse maquiado ela. Pensou ele.
— Me perdoe. — Sussurou Balduíno. — Eu jamais deveria ter falado aquelas coisas para você, na verdade eu nunca quis. Eu só estava com medo que  realmente fosse levada por Balian, porque mesmo não aparentando eu me apeguei a você de tal maneira que não consigo mais imaginar meu dia sem o seu sorriso., Sem a sua alegria e o seu dom para tirar minha paciência, e me fazer rir.
Não haverá um só dia que não pense em você...que eu não me culpe pelo que aconteceu. Me perdoe estrelinha por não ter feito o suficiente...para te ver no auge do seu brilho!

    De repente o silêncio foi cortado por um barulho de espasmo e depois uma gargalhada contagiante...
— Espero que ainda esteja disposto a continuar trazendo lavandas ao meu quarto todos os dias. — Exclamou Alba com um olhar doce e um sorriso travesso.
     Eu nem preciso dizer como ficou Balduíno com essa surpresa.
— Mas como??? — disse ele se segurando na cama para não cair de surpresa.

    Acharam que ela tinha morrido não foi? 😅
      Quando fiz a referência no título do capítulo, queria dizer que assim a tristeza se foi.

O Que Há Por Trás Da Máscara /ADAPTADO/Where stories live. Discover now