9. O conhecimento te guiará

48 17 5
                                    

 Hey! Passando pra te desejar um feliz ano novo! Boa leitura!
Não seja um leitor fantasma, comente :)
***


   O cartão do dia seguinte era vermelho e, ao abrir, um pop-up de livro saltava — mas não da forma Normal. Havia algum feitiço que fazia a ilustração sair do papel. A frase era "O conhecimento te guiará" e Simon não refletiu profundamente sobre ela. Brincou com o cartão por algum tempo antes de descer para o café, onde encontrou Agatha e Penny.

— E ela vai passar mais um, né? — ouviu uma perguntar à outra.

— Ela sempre passa na última semana.

— Do que vocês estão falando? — ele já tinha um scone a caminho da boca quando perguntou, sentando em frente a elas.

— Sobre os trabalhos de elocução — Simon olhou de Agatha para Penny, que não levou mais que dois segundos para entendê-lo; a garota respirou fundo, ao mesmo tempo que usava o anel de pedra para aquecer a bandeja de scones, porque Snow gostava deles assim. A manteiga derretia deliciosamente quando estavam mornos. Sua barriga roncou.

— Você esqueceu, não foi?

— Não esqueci, Penny — cuspiu umas migalhas junto com as palavras. — Eu tive um monte de treinamento com o Mago, não deu tempo. É pra quando?

— Hoje — ele encarou a loira com desespero evidente.

— Penny...

— Não.

— Mas—

— Simon, toda vez é a mesma coisa. Não vou te dar cola hoje.

— Agat—

— Simon! — Penny repreendeu. — É fácil de fazer. As respostas estão todas no livro.

— Qual livro? — o olhar de Penélope Bunce quase doeu mais que as porradas que recebeu na missão do dia anterior. Ele se encolheu.

— O que a Madame Bellamy recomendou para pesquisa, Si — Agatha respondeu, bem menos agressiva. — "A dinâmica mágica das sílabas".

   Na hora do almoço, ele engoliu a comida com rapidez e correu para a biblioteca. Andando entre as prateleiras, Snow pensou que aquele deveria ser um dos lugares de Watford que ele menos esteve — até as Catacumbas eram mais frequentadas por ele (graças a Baz, é claro).

   Entrou na sessão que precisava e começou a procurar o título com os olhos. Existem feitiços que te poupam esse trabalho e trazem o livro até você, mas Simon não queria passar o resto do dia com os braços dormentes.

A diagramação... não. A diferença... não. A dinâmica entre... não — lia baixinho enquanto percorria o corredor. Até que encontrou. — A dinâmica mágica das sílabas! Rá! — seu sorriso se apagou quando ele percebeu que não conseguia alcançar o livro. Não havia uma escada de apoio, tal qual nas bibliotecas dos Normais.

   Simon se esticou, pulou, tentou subir na prateleira, então algo chamou sua atenção pela visão periférica. Era Baz. O garoto estava assistindo com os braços cruzados e um sorrisinho cruel, como se a cena fosse muito divertida para ele.

— Não pare por minha causa — eram apenas os dois ali (àquela hora, a maioria dos alunos almoçavam), o que significava que não precisavam falar baixo.

— O que está fazendo aqui?

— Vim jogar uma partida de futebol — a voz dele era carregada de sarcasmo; o outro cerrou os dentes, incomodado. — O que você acha, Snow?

— Por que não está no refeitório com seu grupo?

— Eu poderia te fazer a mesma pergunta...

— Preciso—

Mas eu não quero saber — Simon o odiava tanto.

— Olha, eu tô bem ocupado agora, então tchau — apesar de querer brigar com o vampiro desgraçado que era o Pitch, ele precisava entregar o trabalho para a professora, ou seja, precisava pegar aquele maldito livro.

   Se voltou outra vez para a prateleira de madeira maciça e encarou a lombada do livro que parecia zombar da sua cara tal qual Baz. Ele pulou mais algumas vezes, mas foi interrompido.

— Tem uma porção de feitiços para isso, sabe?

— Por que ainda está aqui? — questionou com irritação. Basil se aproximou.

— Você conhece algum feitiço, Snow?

— Me deixa, Baz.

— Conhece ou não?

Isso te interessa? — Basil sabia que ele não era bom em feitiços, estava apenas tentando tirar Simon do eixo e, como sempre, conseguindo.

Cai, cai, balão. Cai, cai, balão — ele cantou, apontando a varinha para o livro. — Aqui na minha mão — e assim o livro fez.

   Simon definitivamente o odiava. Não bastava conseguir controlar a magia perfeitamente, ele era fodão o suficiente para cantar um feitiço. E, obviamente, precisava esfregar isso na cara do inimigo.

— Eu ia pegar sozinho.

— Eu sei que sim — disse, já se retirando, enquanto jogava o livro na direção de Simon, que o agarrou e ficou ali sozinho, irritado e levemente aturdido com a ajuda.

   Na última aula daquele dia, ele entregou o trabalho de elocução para a Madame Bellamy e viu Penny mover os lábios em silêncio lhe dizendo: eu não falei que era fácil?! Algumas cadeiras atrás dela, Baz também o observava. Simon abriu a boca para fazer o mesmo que Penélope e lhe dizer um "obrigado", mas o outro virou o rosto antes que o fizesse.

  

Boas festas, SimonWhere stories live. Discover now