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  Acordei com o sol na minha cara, as janelas estavam abertas e as cortinas balançavam com a brisa marítima. Me virei na cama e encontrei Lalisa dormindo do meu lado, ela usava uma das minhas camisas exageradamente grandes, a franja bagunçada enquanto mostrava a testa da tailandesa.

  Me aninhei no peito dela, deitando minha cabeça sobre seu seio e fechando os meus olhos, apenas aproveitando o momento. Era... Estranho, pra dizer o mínimo. Eu não esperava que estaríamos assim depois de tudo o que aconteceu.

  A última vez que nos vimos — antes de toda aquela situação acontecer — estava tudo bem, era um romancezinho de colégio, mas era bom. No dia seguinte, meus pais vieram com a ideia de me mandar fazer intercâmbio na Nova Zelândia, e eu rejeitei a ideia totalmente, não querendo deixar toda a minha vida na Coréia só por desejos dos meus pais (pasmem: só descobri depois que minha mãe tava me mandando pra um internato).

  Mas aí aconteceu toda a situação que não deve ser mencionada por motivos de me dar dor de cabeça, e eu, como uma adolescente muito madura, falei assim pra eu mesma: "Aé, vai terminar assim comigo? Então eu vou pra porra desse intercâmbio, vagabunda". Muito madura, amém.

  Ri sozinha com o pensamento, sentindo Lalisa se mover em baixo de mim e resmungar alguma coisa em tailandês. Poucos segundos depois os olhos da garota se abriram e ela olhou pra mim por cima do nariz.

  — Bom dia. Desculpa se te acordei. — Falei com a voz baixa enquanto me sentava na cama.

  Lisa demorou um pouco para assimilar o que estava acontecendo, ganhando uma cor avermelhada assim que se sentou. A mistura de ruiva com loira escondeu o rosto nas próprias mãos e murmurou mais palavras que eu não entendia.

  — Bom dia. — Ela disse por fim. Se levantando com pressa da cama. — Preciso mijar.

  E correu sem pudor nenhuma para o banheiro. Depois eu que não era romântica. Também me levantei e me alonguei um pouco, suspirando fundo.

  Poucos minutos depois Lalisa estava de volta, ainda parecendo extasiada.

  — Hã... Quer tomar café da manhã? — Ela perguntou conferindo o relógio de cabeceira para ver se não tínhamos passado do horário do almoço.

  Pensei por pouquíssimos segundos antes de responder.

  — Acho que eu gostaria de tomar um banho. Me acompanha? — Perguntei enquanto sentia meu coração bater forte e o burburinho no estômago piorar.

  Lalisa rapidamente ganhou uma cor avermelhada, mas assentiu a proposta.

  Nos movemos em direção ao banheiro e rapidamente tirei a camisa que era a única peça eu usava, entrando no box e ligando o chuveiro. Lalisa logo me acompanhou, se juntando a mim debaixo da água morna.

  O líquido transparente caía sobre sua pele marcada, resultado da noite passada. Foi muito impulsivo quando abracei ela debaixo d'água, beijando os hematomas com delicadeza.

  — Acho que a gente podia ficar até o final de semana aqui em Jeju. — Comentei e Lalisa soltou um risinho.

  — Infelizmente não vai dar. Temos que voltar hoje a noite. Recebi a infame notícia de que tô quase estourando meus limites de falta na faculdade. — Ela disse um pouco decepcionada, ficando de frente pra mim. — E, aliás. Sábado é o casamento do Jimin e do Jongin. Nós nos enfiamos de cabeça nessa loucura, então vamos pelo menos cumprir nossa palavra.

  — Certo, tinha esquecido.

  — A propósito, só por curiosidade, o Jongin gostava de você na época do ensino médio?

Namorada do Meu PrimoOnde histórias criam vida. Descubra agora