Por Volta da Meia-Noite {Leighton e Tatum/Leightum}

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— Não precisa ficar aí escondida, Leighton. — Tatum falou finalmente se virando de frente para mim.

E foi um baque de dejavu, é literalmente a mesma visão que eu tive na primeira vez que vi ela! Os lábios sujos de sangue fresco, o pescoço e roupa completamente manchados.

Briga é o cacete.

Ela acabou de beber o sangue de alguém! Ela é um demônio? Que porra é essa?

— Eu sei que você está um pouco assustada, mas não vou fazer nada. — Ela falou olhando diretamente para árvore aonde estou escondida.

Eu sei que está escuro o suficiente para que eu não possa ser vista, mas parece que ela sabe exatamente onde eu estou.

Se ela é realmente um demônio, correr definitivamente não é uma opção. Talvez se eu cooperar ela possa ser razoável?

Assim, não que eu queira morrer... mas se for com uma mina gata presa no meu pescoço... NÃO! Cala boca cérebro de baixo!

— O-o que você fez... com ele?

Perguntei depois de puxar um pouco de coragem. Em resposta, Tatum levantou uma sobrancelha em diversão.

— O que você acha que eu fiz? Uma dica, começa com "Eu matei ele" e termina com "Porque estava com fome".

Engoli em seco sentindo uma leve náusea.

— Você é canibal?

— Canibalismo é quando você come alguém da sua própria espécie.

— Você não é humana?

Ela ficou em silêncio, mantendo seu olhar em direção a mim.

— Eu consigo te ver, sabia? Não é mais fácil você simplesmente sair daí de trás? Já disse que não vou machucar você.

Ela falou depois de alguns momentos em silêncio.

Mordi meus lábios nervosamente, não é como se eu tivesse outra escolha. Mesmo sentindo minhas pernas moles como uma lesma, as forcei a sair de três da árvore.

— Melhor assim.

Ela sorriu e tenho certeza que a visão seria linda se não estivesse acompanhada do sangue.

Dei um rápido olhar em direção ao corpo do rapaz e então voltei minha atenção para Tatum.

— O que acontece comigo agora?

Perguntei com minha respiração trêmula. Eu juro que consigo escutar meu coração nos meus ouvidos.

Tatum pareceu pensar sobre minha pergunta, discutindo internamente suas opções.

— Normalmente você também morreria já que se intrometeu em algo que não deveria, mas hoje é seu dia de sorte, afinal eu te falei que lembraria de sua gentileza no nosso primeiro encontro, e eu cumpro com minhas palavras! — Ela começou enquanto vinha em minha direção. Eu dei alguns passos para trás em reflexo. — O problema é que eu preciso apagar sua memória para garantir o nosso segredo, ok? Então fique paradinha e eu juro que logo logo você vai estar deitada em sua cama confortavelmente!

Ela chegou cada vez mais perto.

— Apagar minha memória?

— É, não dói, eu promet-

De repente ela parou de se aproximar, sua expressão calma e sorridente se fechou em uma velocidade assustadora. Toda a atenção que ela estava dando ao meu rosto, voou em direção ao bolso da minha calça.

— Você tem algo interessante com você.

Ela comentou em tom tão frio que fez um arrepio percorrer a minha espinha. Eu acho que prefiro a Tatum assassina cínica do que essa aí!

— Eu posso ver?

Ela pediu voltando seus olhos para meu rosto e só agora consigo ver um pouco de semelhança entre os olhos dela e do garoto que ela matou. É como se ela também estivesse um pouco morta.

Levei minhas mãos trêmulas para meu bolso para pegar meu celular.

— Não, está no outro bolso.

Franzi o cenho mas movi minhas mãos rapidamente para o outro bolso e peguei o que tinha ali.

O colar! Eu nem me lembrava.

Os olhos de Tatum foram de imediato para o objeto e ela pareceu ficar cada vez mais séria, chegando ao nível de irritada.

O que tem de mais nessa coisa? Ela vai me matar só porque estou com um apetrecho feio no bolso que ela não gosta? Eu falei para o irmão idiota que essa porcaria não me ajudaria em nada!

— Leighton, você conhece sua família?

Tatum perguntou franzindo a testa. É como se ela estivesse controlando sua raiva crescente e parecia estar falhando.

Se eu conheço minha família? Eu não acho que esse seja um bom momento para perguntas filosóficas... mas se eu pensar um pouco na questão.

— Não.

Ela não reagiu por um longo tempo. Eu deveria acrescentar?

— E-Eu nem sabia que tinha um irmão, meus pais tinham vida dupla então não sei qual era a real-

— Fecha os olhos.

Ela mandou com um tom firme. Não hesitei em seguir a ordem. Eu preciso cooperar, eu preciso cooperar...

Esperei medrosamente o que quer que Tatum faria, mas tudo o que ouvi foi o som de folhas voando em resposta a um vento muito forte.

Mesmo sem movimentos vindo de Tatum, fiquei em total silêncio e completamente parada para não correr o risco de irrita-la, mas nada aconteceu.

Com o mísero pingo de coragem que eu ainda possuía, abri meus o olhos e me deparei com a floresta vazia. Olhei rapidamente em volta e nenhum sinal de Tatum, voltei meus olhos para o chão e nem o corpo do garoto estava ali. Foi como se isso nem tivesse acontecido.

Com a noção de que o perigo havia se afastado, finalmente deixei que minhas pernas moles soltassem meu corpo e cai de bunda no chão.

— Porra...