Capitulo 08

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A casa estava escura quando cheguei, coloquei a caminhonete na garagem e abri a porta, as garrafas fizeram seu serviço direitinho, estava meio zonza, mas nada que me deixasse inimiga das leis da física. Coloco as chaves na mesinha da sala e subo as escadas, ao chegar ao topo dou de cara com quem menos queria.
- Julia? Onde estava fiquei preocupado, liguei no casarão mas falaram que você não estava.
O Eduardo era a única pessoa que não queria ver, tinha esquecido que agora não morava sozinha, se tivesse lembrado teria ficado pela cocheira mesmo.
- Celular acabou a bateria. - Não precisava de alguém pegando no meu pé.
- Fiquei preocupado - Eduardo se aproxima mais e isso era exatamente o que não queria.
-Você bebeu? Está cheirando a Jack! Julia...
- Escuta aqui Eduardo. Deixei morar em minha casa, mas você não é nada meu para exigir explicações. O que faço e o que deixo de fazer, para onde vou ou que horas chegam só diz respeito a mim, agora se me der licença, vou pro meu quarto.
Não queria ser grossa, mais devia deixar o playboy o mais longe de mim, e se isso significava que ele devia me odiar, então que fosse.
Eduardo me olha sério, com olhar magoado.
- Não queria ser desrespeitoso. Tenha uma boa noite. - Ele continua parado, enquanto que eu me dirijo até meu quarto. Não me sinto culpada, mas também não me sinto nada feliz.
Fecho a porta, retiro minhas roupas e vou pra debaixo da água gelada. Sento no chão do banheiro e fico olhando pro nada. Tudo isso poderia ter sido diferente se meu filho estivesse comigo. Seríamos felizes! Mas agora?! Tudo estava desmoronando, minha vida não tinha objetivo, as pessoas que amavam se tornavam um número cada vez menor e o misto de sensações que o mauricinho me causava, me dava medo.
Após um longo tempo daquela maneira, saí do banho e me enrolei na toalha, quando sai do banheiro, Eduardo estava na porta, com uma xícara na mão e com o rosto sereno. Não sabia o que ele fazia aqui, mas já não tinha mais forças para mandá-lo embora.
- Trouxe café.- Eduardo parecia meio ansioso, talvez com medo de manda-lo sair.
- Obrigada... pode deixar em cima da mesinha eu vou achar uma roupa e já volto.
Ele confirma com a cabeça e não fico pra ver se permanece na porta.
Vou para o closet e acho uma camisola comportada. Quando volto ele ainda segura a xícara e me olha. Não havia sobra de luxúria em seus olhos, apenas compreensão.
- Eu sei que não quer ninguém, mas deixa ficar com você, não precisa me contar o que, e nem sei se precisa de mim aqui, mas eu preciso de você.
Me assusto com suas palavras, mas a vontade de aceitar era mais forte que eu.
Apenas me dirijo até a cama e puxo as cobertas, ao deitar olho pra ele e dou espaço na cama. Um convite silencioso, mas que Eduardo logo entendeu. Ele retirou a camisa e deitou ao meu lado logo em seguida. Apenas o silêncio reinava entre nós que estávamos deitados de frente um para o outro.
Meu corpo pesou, e minha mente foi escurecendo, o sono logo veio, e a última visão foi a de Eduardo me olhando, só esperava que os pesadelos não viessem.

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EDUARDO

Eu tentei a todo custo falar com a Lia, mas parecia que o contrário era o que ela queria.  Quando a vi na cocheira selando o cavalo, quis ir conversa com ela, ela parecia aérea a tudo ao seu redor, mas aquele carrapato como sempre, atrapalhava.
Á tarde perguntei a alguns dos peões se não haviam a visto e o Caio disse que a diaba havia ido para aa terras do Norte, quando estava selando meu cavalo, quem eu menos tinha vontade de socializar apareceu.
- Precisa de alguma ajuda, patrãozinho.- O tom que Zé usava era puro deboche.
- Não obrigado, está tudo sobre controle
- Espero que esteja sobre controle também sua obsessão pela ruiva.
Largo de selar o cavalo e olho para o homem ao lado. Zé estava de braços cruzados, tínhamos a mesma altura e mesmo porte atlético, mas nada disso me intimidava. Queria mesmo é quebrar a cara dele apenas por ousar citar a diaba.
- E se não estiver vai fazer o que ? Correr atrás dela igual a um cachorrinho ou continuar como um carrapato?
Zé descruza os braços e vem pra cima, eu também queria quebrar a cara dele, então é óbvio que não ia deixar passar a oportunidade.
- Escuta aqui mauricinho, a Julia já tem muita merda pra ter que lidar com mais ocê. Então faz um favor pra nois dois e some da vida dela. Ela não é um brinquedinho novo para você, porque não corre atrás da Fernanda? Ah é! Ela viu o merda que você é e fugiu com outro
Nessa hora já não sabia mais o que estava fazendo apenas parti pra cima dele desferindo socos. A raiva que sentia era maior que a dor do meu punho se chocando com o rosto do sujeitinho.
Apenas parei quando senti mãos sobre meus ombros me tirando de cima daquele merda.
- Escuta bem, mas escuta, eu não vou largar a Julia, e se sabe da Fernanda sabe muito bem que ela já não faz mais parte da minha vida. Posso ter sido um cavalo com a Julia no começo mais tento me redimir...
- Se redimir, você não consegue se redimir nem com o seu pai quem dirá com a ruiva. Ela não é pro seu bico!
- E é pro seu? Não vê que é um cachorrinho sarnento atrás dela?
- A Julia é o que move essa fazenda, ela faz a alegria de todos, ela já teve a sua cota de sofrimento, não percebe que  você tá fazendo ela se distanciar de todos! Hoje ela nem quis ficar perto da peonada.
Caio e mais um outro peão me soltam quando veem que não causo mais nenhum perigo, enquanto que mais outros dois peões seguram Zé que ainda cospe palavras desenfreadamente.
- Eu não sei o que aconteceu com ela, mas não quero causar mais problemas.
Monto no Jaguar e saio, não olho para trás, mas as palavras do Zé ficam martelando. O que aconteceu com a diaba para ela ser tão cuidada por ele? E o que ele te haver com isso?
Após resolver uns problemas com meu de administração da fazenda, vou para a casa da Lia, com a esperança de encontra-la, mas cheguei e a casa estava vazia. Resolvi de tomar um banho e fazer algo para comer, sabia que a ruiva jantava na fazenda então, lavei a louça e fui para a sala. Após umas duas horas resolvi ligar para o meu pai, a Lia não havia aparecido ainda e o único que poderia saber do paradeiro dela era ele ou o idiota do Zé.
- Pai sou eu, o Edu, a Lia tá por aí?
- Edu meu filho, não vi a  Lia hoje não, mais soube do que aconteceu nas cocheiras, e temos que conversar sobre isso.
- Pai, eu...
- Minha vez de falar Eduardo! O Zé é um dos meus homens mais competentes e não quero saber de vocês dois brigando. O Zé estava certo, mas agiu errado ao esquecer que violência não se resolve nada. Por isso amanhã, quero você no casarão. A Lia não precisa de mais problemas em meu nome.
- Tá se ouvindo pai? Agora eu sou o problema, mas então porque me fez vir pra fazenda hein? Eu não pedi por nada disso, mas o Zé deve ter comentado que usar a Fernanda como base de uma conversa não era um meio muito bom para se aconselhar com a Lia.
- Eduardo eu não quero saber de mais nada! Amanhã quero que volte a morar na mansão e o quero longe da menina.
Meu pai podia estar ficando louco se achasse que iria largar a Lia, ainda mais agora que todos a queriam proteger de mim. Jamais faria mal para ela, mais nunca deixei de lado um desafio. Se ele me queria longe dela, era porque os sentimentos dele não era somente de patrão e empregada.
- Porque? - gritei ao telefone- porque saberia que perderia sua mais nova paixonite? Eu não vou deixar a Lia, não importa o que sinta por ela! - Desligo o telefone irritado, quando a Lia chegasse ela iria me contar direito a relação entra ela e meu pai, nem que para isso tivesse que agarrá-la e prende- lá na cama, tortura-la com beijos por todo aquele corpo esculpido pelos deuses, ela deveria ter um sabor fenomenal, porque o simples cheiro do corpo dela me dava vontade de agarrá-la e fode....pera não era isso que eu tava pensando não, diabos, aquela mulher não sai da minha cabeça.
Enquanto voltava das minhas barbaridades neurais escutei o portão abrindo e o ronco da caminhonete.
Alguns minutos depois a porta foi aberta e vi a Julia subindo as escadas, ela estava aérea pois nem me viu no topo da escada.
- Julia.- Ela nem me escutava.
-Julia? Onde estava fiquei preocupado, liguei no casarão mas falaram que você não estava.
Ela olha para mim como se tivesse somente agora percebido que havia mais alguém em casa.
- Celular acabou a bateria- Ela parecia não estar bem, parecia deprimida, com raiva
- Fiquei preocupado - Ao chegar mais perto senti o cheiro de bebida. Jamais imaginei que aquela ruiva tinha problemas que a fizessem chegar a esse ponto. Não que eu já não tivesse chegado a isso, e nem estava criticando, mais a Julia me parecia uma mulher centrada.
-Você bebeu? Está cheirando a Jack! Julia...- Ela me olha brava me cortando do que iria falar
- Escuta aqui Eduardo. Deixei morar em minha casa, mas você não é nada meu para exigir explicações. O que faço e o que deixo de fazer, para onde vou ou que horas chego só diz respeito a mim, agora se me der licença, vou pro meu quarto.
Podia perceber a dor em seu olhar, e sabia que havia passado dos limites, mas por mais que não pudesse explicar eu me importava com ela. Mas sabia que ela estava certa, a conversa com o Zé me voltou a mente e a única coisa que fiz foi aceitar, por enquanto, aquilo.
- Não queria ser desrespeitoso. Tenha uma boa noite. - Vejo ela passar por mim e continuo no mesmo lugar olhando ela. Eu não sabia o que havia acontecido mais a dor em seus olhos me fez querer cuidar dela, e era isso que iria fazer.
Desci as escadas e fui em direção a cozinha, sabia que ela gostava de café e iria fazer.
Ao chegar na porta do quarto, notei que estava entreaberta. O quarto dela era de tom de roxo claro, havia uma cama grande, do lado da parede, proximo a porta, havia uma escrivaninha com inúmeras fotos em cima. A primeira era ela formada, a segunda com o cavalo que tinha na fazenda, a terceira era de um casal, que pelo semblante só poderiam ser os pais, a quarta era de um ultrassom, de alguém grávida. A quinta foto era dela sentada em um pano branco no meio de algumas árvores, ao seu lado estava seu cavalo, cheirando sua barriga. Ela tinha um sorriso que nunca vi igual, ela era ainda mais linda.
Ela saiu do banho de toalha enrolada, seu rosto parecia mais cansado ainda. Ela estava linda, mas não podia demonstrar, não agora que ela estava mais vulnerável ainda.
- Trouxe café.- Ela mantém o olhar em mim até dizer:
- Obrigada... pode deixar em cima da mesinha eu vou achar uma roupa e já volto.
Confirmo e ela vai para o closet. Após uns cinco minutos, ela volta com uma camisola comportada. Ainda segurava xicara quando me disse calmamente: para deixar em cima de escrivaninha. Eu sabia que ela iria me pedir pra sair, mais não conseguia deixá-la.
- Eu sei que não quer ninguém, mas deixa ficar com você, não precisa me contar o que, e nem sei se precisa de mim aqui, mas eu preciso de você.
Ela me.olha assustada e vai em direção da cama, ela iria me ignorar, mas foi ao contrário, ela deitou e me olhou com um pedido explícito de que me queria perto.
Fui até a borda da cama, e retirei minha camisa, não queria que ela pensasse que queria algo a mais, mas quando olhei para ela  e só podia ver um olhar longínquo, desesperado.
Me deitei ao seu lado e fiquei olhando-a, após alguns minutos seus olhos foram se fechando, até que sua respiração  se tornou calma.
Ficar velando seu sono era meu mais novo hobby, ela parecia um anjo, a vontade que tinha era de ver aquele sorriso da última foto dirigido para mim e por minha causa.
Essa diaba era minha, eu queria que fosse. Mas Zé estava certo, meu pai estava certo, eu devia deixa-la, mas eu não era de ouvir os outros, ainda mais com esse anjo sendo o prêmio.

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