Capítulo 1

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PARTE 1: SANGUE

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          A maioria das pessoas costumam conhecer o amor de suas vidas em cinemas, cafeterias, bares, baladas ou, se caso acredite em conto-de-fadas, esbarrando-se ao meio de multidões após um cansativo dia enfrentando seus chefes para conseguirem um salário melhor, dispostos a viverem um romance tipo Monica e Chandler, para trabalharem que nem porcos, terem no máximo três filhos e aos setenta irem morar no interior do país, de vez em quando fazendo sexo e bebendo rum ao som de Bon Jovi, o cheiro de fezes de vaca impregnado em suas narinas.

Jungkook odeia o simples ato de pensar nisso. Definitivamente não quer viver uma vida sem-graça e vazia como esta, e acabar envelhecendo numa casa de campo ao lado de alguém que só suporta por puro receio da solidão.

Portanto, seguindo o total contrário do roteiro original, Jungkook conheceu o amor de sua vida em um tiroteio.

Ok, não é exatamente a coisa mais romântica do mundo, mas pôde jurar estar vivendo o mais belo romance de Hollywood no instante em que o viu.

Devido a bala perfurada em sua perna e outra no braço, o insuportável cheiro ferroso de sangue espalhado por todo canto, a dor aguda que comandava cada partícula de seu corpo estirado sobre o chão molhado e a forte chuva que parecia nunca cessar, Jungkook surpreendeu-se quando, sem notar sua recente aproximação, o cano de uma pistola tocou em sua testa.

Esticou o braço não-machucado na tentativa de alcançar a própria arma que saltou de sua mão no momento em que fora baleado, acabando por avistar cada um de seus companheiros de equipe mortos e empilhados, como um verdadeiro massacre. Assustado, voltou sua atenção para a arma e gemeu irado quando um sapato social muito bem polido a empurrou para longe de seu alcance.

— Inacreditável. Você está parecendo uma peneira e ainda quer tentar lutar? Desiste, Jeon. Vocês perderam. — ele disse, dobrando os joelhos para olhá-lo mais de perto.

Jungkook notou como suas íris pareciam mais escuras que nunca sob a luz da lua minguante, como seus cabelos negros e jogados para trás aparentavam pura maciez e como seu maxilar estava encantadoramente firme. Desviou o olhar para suas costas e avistou seus capangas com cara de poucos amigos, armados até os dentes.

— Por que você não me matou? — voltou-se ao líder em um murmúrio, sentindo sua carne latejar e seus ossos rangerem a cada mero movimento de puxar o ar para dentro de seus pulmões.

— Porque eu acredito em você. — um sorriso ladino surgiu entre seus lábios finos. Insuportavelmente lindo. Abaixando a arma em um lento movimento, prosseguiu: — E é bonito demais para morrer assim. Você merece uma morte extraordinária, uma da qual se lembrarão, você não acha?

Jungkook ironicamente riu, supondo ser algum tipo de piada. Aquele desgraçado estava cuspindo mentiras na sua cara, induzindo-o a acreditar, para em seguida gargalhar maleficamente e explodir seu crânio com um único movimento. Mas, bem, isso não aconteceu. O moreno continuou fitando o fundo de sua alma com certa seriedade, como se aguardasse por uma reação positiva.

E assim, após uma fatídica briga entre gangues, Jungkook conheceu Kim Taehyung.




TRÊS ANOS DEPOIS





outubro, 2023

          Entre uma pequena fresta das cortinas cinzas, Jungkook pôde por breves segundos acompanhar o lento e satisfatório pôr do sol. Era por volta das 18 horas, o ar estava limpo e a atmosfera tranquila. Através do movimento dos galhos das árvores acreditava que havia ventania ao lado de fora, mas aconchegado dentro do escritório de Taehyung tal pensamento mal passava pela sua cabeça.

Sangue, Suor e Lágrimas • VkookminOnde histórias criam vida. Descubra agora