03 • Nada, eu só estou feliz!

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25 de dezembro
Barcelona, Espanha.

10:30h

GAVI

A noite de natal por aqui foi animada! Confesso que dormi bem cedo, participei da ceia, socializei um pouco com meus primos e avós e não sei se fico feliz ou triste por não ter presenciado o momento karaoke da família Gavira. Mas logo pela manhã já tinha descansado o suficiente. Até então, apenas Pedri e Aurora sabiam do meu desmaio. Até então.

- Bom dia, bom dia, bom dia. - passei pela minha mãe dando um beijo no rosto e bagunçando o cabelo da minha irmã.

- Acordou feliz hoje, foi? - Aurora pentelhou enquanto arrumava o cabelo para tirar mais uma das 20 fotos que ela estava tirando.

- Alguma dessas cem fotos tem que ficar boa. - uma irritadinha básica entre irmãos - Hum, que café maravilhoso! - meu pai só observava tudo.

- Filho depois do café vamos lá no meu quarto... eu queria te mostrar uma coisa. - minha mãe diz e aceno que sim. Já suspeitava o que seria.

Termino meu café e subo para o quarto dos meus pais. Chego lá e me sento na cama esperando por minha mãe que revirava as gavetas a procura de algo.

- Achei! - ela pega uma caixa de madeira e vem em minha direção. Abre e tira de lá algumas fotos. - Olha só você no seu primeiro treino de futebol - me mostra toda sorridente - Você era tão pequeno, agora já é um homem.- ela me olha e consigo enxergar as lágrimas presas. Gavinin (minha mãe) sempre foi muito emotiva, com tudo. Eu cresci com ela chorando na arquibancada enquanto eu era uma criança apenas me divertindo em campo. Dou um abraço e peço para não chorar.

- Está tudo bem? - pergunto com ela em meus braços.

- Está tudo bem, Pablo? - ela retruca e sei aonde quer chegar.

- Você sabe que eu não gosto de esconder as coisas de você, e sabe como me sinto pelo ocorrido do último campeonato espanhol... - explico.

- O futebol deveria ser para você hoje o que era a alguns anos atrás.

- Mas ainda é! E vou ficar bem! Eu prometo. Não quero que se preocupe comigo, não tem como eu morrer só porque estou treinando algumas horas a mais.

- Morrer não, mas desmaiar sim! - olho aturdido.

- Como descobriu? - ela sai do abraço e se ajeita em minha frente.

- Miquel ligou hoje cedo perguntando como você estava. Disse que a médica o avisou que você havia passado mal, também disse que você têm uma consulta com o psicólogo do La Masia no dia 28. - apenas concordo com a cabeça.

- Eu não te contei porque não queria te preocupar... - digo arrependido por ela não ter descoberto por mim. - Desculpa mãe.

- Tudo bem! Só peço que não esconda mais nada de mim e do seu pai. - cruzo os dedos insinuando que sim e nos abraçamos mais uma vez.

[...]

- E ai você jogou suas tranças pela janela do La Masia e ela subiu para te salvar. - o idiota do Pedri ri da minha cara pela quinta vez.

- Vai pro lado. - ele joga a almofada longe e se ajeita apenas de um lado do sofá. Sento onde sobrou espaço - Ganhei de brinde uma consulta com o psicólogo dia 28, no dia que marquei uma corrida.... Hoje o clima tá bom pra correr? - troco de assunto e observo os raios de sol que refletiam na enorme janela de vidro da sala.

- Tá bom pra você ficar na sua, sem inventar moda de treino fora de época. - Pedri sugere e me encara - Ah não ser que você queira ver a médica de novo. - arqueou suas sobrancelhas fazendo careta.

Desejo de Amor - Pablo Gavi. Where stories live. Discover now