16 • Consigo amá-la da maneira como ela sempre mereceu ser amada.

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28 de janeiro
Barcelona, Espanha.

NARRADORA
5:30h

- O que você fez pra minha mulher? - Gavi encurrala o paparazzi na porta do grande prédio comercial, o impedindo de subir.

- Quem é você? - o paparazzi pergunta assustado pela abordagem.

O plano não era esse. Gavi não queria tumultuar, pretendia ser discreto mas foi inevitável ao ver o rapaz chegando com seus equipamentos de trabalho - invasivos, na opinião do Pablo - relembrou o estado que buscou Ana no bar e parecia estar na sua pele a fragilidade que a garota sentia por ter perdido sua privacidade. O temperamento do garoto já entregava como seu comportamento seria ao receber uma notícia dessas, mas nem ele imaginava se sentir assim. Ele não queria perder a cabeça e arrumar uma confusão, ainda mais com um paparazzi, que detém o que ele mais odeia: atenção. Porém, ainda dentro do carro esperando que o mesmo chegasse, analisou toda a situação e se sentiu refém a um sentimento de indignação e culpa.

Há um mês, nesse horário, Gavi saia da casa da Ana, depois dela o ter feito esquecer a manchete sobre o campeonato espanhol, depois de ter passado a madrugada inteira acordada o fazendo companhia e ele pensou o tempo inteiro enquanto esperava, em como ela o tirou rapidamente daquele estado de calamidade e o fez sentir pura plenitude e paz em uma noite caótica como aquela. E então, sentiu culpa, Ana o tirou disso enquanto ele acabava de colocá-la, ele podia descontar no futebol, mas e ela, o que tinha? Além dele, não tinha nenhum passatempo ou qualquer outra coisa que a fizesse esquecer o que estava passando. E assim, sentiu raiva, porque Gavi abriu mão de sua privacidade para seguir seu sonho em ter uma carreira no futebol - mesmo que não goste tanto das mídias - ele escolheu. Mas Ana não teve a opção de escolher e isso o deixou extremamente angustiado, com pensamentos inquietos e cheios de repúdio.

Sendo Gavi o que tem a fama, ele não se livrava de pensamentos, como: O que teria motivado essas fotos a serem expostas na faculdade da garota? Colocando em jogo toda a sua imagem como profissional, seu sonho de se formar, seu amor pela medicina e sem contar suas notas. Pablo conheceu Ana, sendo ela uma mulher extremamente responsável e independente, ver a mesma abrir mão de sua personalidade por um motivo que o atrelava diretamente, o deixou apreensivo. Nervoso. Aflito.

Havia cortisol sendo produzido em massa por suas glândulas supra renais. Gavi não queria justificativas - embora sua pergunta expresse essa função - ele estava ali com um único desejo: Que as fotos fossem apagadas. E sabia muito bem que não seria fácil assim, o sol ainda nem havia surgido, a rua estava deserta e escura, era tão cedo que nem havia pássaros no céu, mas com o corpo atormentado por um desejo, Pablo estava disposto a tentar de todas as formas.

- As fotos que você tirou no La Masia, sexta-feira. Ainda tem elas? - o jogador pergunta ansiando por resposta.

- Tenho algumas. - o paparazzi responde, sem nem exitar pela invasão de privacidade.

- Ótimo. Já apagou as outras, então agora apaga as que sobraram. - Gavi ordena.

- Por acaso, você vai comprar? - questiona descarado - Eu só apago quando eu vendo.

- Pera ai. Você vendeu?! - Pablo pergunta. Com o desespero fervilhando em seus olhos.

- Claro. É o meu trabalho. Inclusive está dando o meu horário. - o paparazzi tenta andar, mas Gavi o para encostando seu corpo no dele, o obrigando a voltar para onde estava.

- Eu quero o cartão que tem todas as fotos. - Gavi se rende e começa a procurar a carteira no bolso.

- Eu só tenho algumas.

Desejo de Amor - Pablo Gavi. Donde viven las historias. Descúbrelo ahora