10 • Eu só tinha certezas.

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13 de janeiro.
Barcelona, Espanha.

GAVI

9:00h

O Princípio da Inércia diz que um corpo permanece parado até que uma força atue sobre ele. Era assim que eu me sentia, em estado de inércia. Minha vida parecia estar estagnada sempre no mesmo ponto. Mas uma força intensa e avassaladora me atingiu sem nenhum aviso prévio, e agora sinto cada parte de mim se movimentar, reagir, flutuar.

Dormir depois da decisão de ter um relacionamento com a Ana e agora ter ela em meus braços é uma sensação tão boa. E era estranho, porque eu poderia jurar que isso era a coisa mais comum do mundo, que já tinha acontecido várias vezes e que só era mais um dia normal. Só que não era assim. Fechei os olhos me permitindo sentir o perfume do cabelo cacheado à minha frente. Ela estava no espelho a alguns minutos. Sabe quando seu coração acelera e todas as boas memórias voltam, aquelas boas e velhas memórias que te fazem um dia sorrir. Abri um sorriso. Talvez o sorriso mais sincero que eu já dei em dias.

Com cuidado para não atrapalhar seu momento levantei e fui ao banheiro, a primeira coisa que fiz ao acordar foi vir ao seu quarto, precisava escovar os dentes, assim que terminei desci as escadas para ver como estavam os outros. Como suspeitava, Pedri já estava acordado, o vi passando de um lado para o outro na varanda. Ansu estava no sofá assistindo algum jogo de futebol enquanto tomava seu café. Dei bom dia aos garotos, mas só Ansu me respondeu. Fui até a mesa e pelo visto alguém havia comprado café da manhã, pacotes do Starbucks estavam cheios e espalhados pela mesa, também havia copos de bebidas. Somos tão ruins na cozinha, pensei. Peguei um copo que parecia ser de chocolate quente e um pão que não consegui identificar muito bem o sabor. Pelo menos estava gostoso. Tomei meu café enquanto ia olhando as notificações que tinham no meu celular. Assim que terminei, Pedri ainda estava na varanda, escutava sua voz alta ecoando pelas paredes de madeira.

– O que o Pedri está fazendo ali fora? — perguntei ao rapaz no sofá.

– Ele acordou bem cedo para fazer companhia para a amiga da Ana. — esse Pedri não perde uma, pensei — Eles foram dar uma volta pela cidade, trouxeram café e estão na varanda, estava até agora com eles mas entrei pelo frio.

Fui para a área externa cumprimentar Mari. Não tinha visto a garota ainda. Ana ia amar saber que ela já chegou.

– Bom dia, bom dia, bom dia. — digo.

–  Bom dia, Gavi! — Mari acena sorridente.

–  Olha só como ele está animado Mariana. — o moreno já começa e os dois soltam risadinhas debochadas. — Ana já acordou?

– Até parece! — Mariana respondeu.

– Aquela ali tem um sono infinito. — complemento e me sento em uma das poltronas vazia do deck — Mas já está de pé, acredite quem quiser...

– Falem mais baixo, desse jeito eu escuto. — a voz da Ana ecoa nos assustando — Bom dia para vocês também! — ela aparece na porta nos fazendo rir.

Imediatamente Mariana salta da cadeira para cumprimentar a amiga. A amizade delas era admirável. Fomos para dentro da casa, já que o vento começou a bater com agressividade em nosso rosto. Enquanto Ana e Mari comiam e falavam sobre mim. Me juntei para assistir a partida no sofá, com Ansu e Pedri.

O dia só estava começando, não passou muito tempo e os outros acordaram. E ficamos naquela figuração de último dia de viagem. Sabe quando todos estão no celular procurando qual é o melhor restaurante da cidade e lugares que você não pode ir embora sem conhecer? E aí quando acham o destino, todos se animam a ficar prontos o mais rápido possível e enquanto os garotos vão ao posto de gasolina mais próximo abastecer o carro, as garotas ficam se arrumando para as mil fotos que vão tirar. Aquele gostinho de estar faltando pouco para voltar para casa, mas o ponteiro do relógio ainda marcava 10:30h da manhã. As bolsas bagunçadas pelo chão do quarto, dificultando achar aquela roupa que você trouxe pensando exatamente nesse momento, os celulares como coadjuvantes, terminando de completar a bateria ou se não tocando uma playlist do spotify, luvas postas, casaco corta vento no corpo e um reserva no banco de trás. Uma buzina básica para que o primeiro carro de início ao percurso e aquele olhar 360 graus para ver se não esqueceu nenhum pertence. Pois agora só voltaríamos ao local, quando fossemos embora para casa.

Desejo de Amor - Pablo Gavi. Where stories live. Discover now