Eu já a conheci, não é?

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P.O.V KARA ZOR-EL

Seis meses depois

Meu irmão era o meu melhor amigo. Não eram muitas as garotas da minha idade que podiam dizer isso, mas era verdade.

A maioria dos irmãos brigava vez ou outra.

Competição e rancores se formavam, e se corria o risco de tratar um ao outro como merda só porque você podia. Família é família, afinal de contas, e eles vão perdoar e esquecer.

Mas Clark e eu nunca sofremos desse problema.

Quando éramos mais novos, nós treinávamos e jogávamos juntos e, agora adultos, nada havia mudado. Ele sempre quis estar perto de mim, e era frequente eu fazer piada de que ele gostava mais de mim do que eu.

E ele concordaria, sempre dizendo que eu era exigente demais comigo mesma, mas ele também era. Foi algo aprendido em casa, e não fazíamos nada de qualquer jeito. Embora na época eu me ressentisse dos nossos pais por nos pressionarem tanto quanto nos pressionavam, supunha que isso tivesse nutrido qualidades que nos ajudariam em qualquer campo que buscássemos no futuro.

— Vamos lá. — Meu irmão acenou ao meu lado, parando e balançando a cabeça para mim. — Chega — deu a ordem.

Parei, ofegando enquanto o suor encharcava minhas costas e pescoço.

— Mais duas voltas — insisti. — Você conseguiria ter dado mais duas voltas.

Ele arquejou e eu fui até a beira do caminho coberto pela copa dos velhos carvalhos que delineavam a trilha do El Toyon Park.

— Estamos em agosto, Kara — ele atirou ao colocar as mãos nos quadris e inclinar a cabeça, tentando recuperar o fôlego. — E vivemos em um clima subtropical. Está quente demais para isso.

Tirando a camisa de dentro da parte de trás do short de malha, ele secou o suor da testa e do rosto. Fiz o mesmo, empurrando as mechas que tinham escapado do rabo de cavalo para o alto da cabeça.

— Bem, agora você não vai tomar a sua vitamina — resmunguei, falando do suborno que eu havia oferecido para trazê-lo aqui em uma manhã de domingo.

— Dane-se a vitamina — ele disparou. — Eu deveria estar na cama. As aulas estão acabando com a minha raça e eu preciso descansar.

Ele deixou a camisa cair no chão e apontou para mim.

— Vá em frente — insistiu. — Deite-se.

Passei na frente dele, sabendo que era melhor não discutir. Ele já estava farto e queria acabar com a rodada de exercícios. Sentei e me deitei com os joelhos dobrados enquanto ele pisava nos dedos dos meus pés, seguros dentro do tênis, e me segurava.

Cruzando os braços sobre o peito e agarrando os ombros, pressionei os músculos abdominais e dei um impulso, então retornei até as escápulas encostarem na grama. Voltei a subir, repetindo os abdominais de novo e de novo, meu irmão pairando em cima de mim enviando SMS.

Ele estava constantemente trabalhando, enviando mensagens, e-mails, organizando as coisas, e sempre tinha a ver com a faculdade ou algo relacionado com o seu futuro. Ele era motivado, comprometido e controlado, e éramos exatamente iguais.

De acordo com os estudos, primogênitos eram confiáveis, meticulosos e cautelosos, e meu irmão com certeza era tudo isso.

Como filha do meio, era esperado que eu fosse a pacificadora e uma pessoa agradável e cheia de amigos. Eu não era nada disso.

A única qualidade que eu compartilhava com outros filhos do meio era a rebeldia. No entanto, era difícil pensar que isso tivesse algo a ver com a ordem com que eu nasci e, em vez disso, tinha tudo a ver com a minha juventude.

Má Conduta - Supercorp Where stories live. Discover now