Mas eu tranquei a porta...

2K 287 16
                                    

P.O.V KARA ZOR-EL

A brisa fria soprava, e eu fechei os olhos por um momento, apreciando a carícia no meu cabelo.

To the Hills, de Laurel, flutuava como um batimento cardíaco através dos meus fones, e eu me enxarquei no sol e no vento soprando a minha blusa ciganinha contra a minha pele.

Estive andando o dia todo, bancando a turista e aproveitando a atmosfera que eu raramente parei para experimentar, mesmo morando ali há mais de cinco anos.

Foi engraçado. Acordei hoje de manhã com uma lista e um plano. Limpar o lado de dentro do fogão, malhar e pesquisar lugares para as visitas de campo das minhas turmas, já que estávamos falando tanto de história da guerra, e National City tinha uns lugares maravilhosos para visitar.

Mas quando me vesti, percebi que não estava a fim.

Eu tinha amassado a lista, jogado na lixeira e pegado a minha bolsa, que agora pendia no meu quadril com a alça atravessada no meu peito, e saído de casa Peguei o bonde e saltei, desaparecendo pelos bairros.

Com toda a loucura de artistas, músicos e leitores de mão, perambulei um ou dois quarteirões até a Maskarade, uma lojinha que descobri no último Mardi Gras ao procurar pela minha primeira máscara.

Eu não estava interessada nos souvenirs espalhafatosos que eram vendidos nas lojas para turistas.

Queria algo feito a mão por fabricantes de máscaras de verdade, e sempre quis voltar, talvez para começar a construir uma coleção para a minha parede.

Quando entrei, o piso de tábuas corridas rústicas rangeu sob as minhas sandálias, e a mulher atrás do balcão sorriu para mim antes de voltar a mexer em seus papéis.

Essa era uma coisa de que eu gostava em National City os vendedores não saltavam na gente assim que entrávamos na loja.

Máscaras cobriam todas as paredes, mas foram divididas em categorias. Couro à esquerda e as inspiradas em animais e as emplumadas à direita. Muitas delas tinham o desenho simples, feitas para os clientes do sexo masculino, enquanto outras eram cheias de joias, purpurina e ornamentadas até mesmo para o comprador mais audaz.

— É quase Halloween — falei, olhando ao redor e vendo o lugar vazio. — Pensei que vocês fossem estar cheios.

— É assim mesmo — ela explicou. — O Mardi Gras é uma época muito ocupada.

É, eu podia imaginar. Não podia acreditar que faltavam apenas quatro meses para o carnaval.

Quase um ano desde a primeira vez que vi Lena.

E, olhei para baixo por um instante ao andar pela loja, fazia mais de uma semana que falei com ela pela última vez.

Eu a vi, uma vez.

Ela tinha ido pegar o Liam na escola segunda-feira, e mesmo eu não tendo certeza, pois me recusara a procurá-la, era bem provável que ela tenha ido todos os dias dessa semana buscar o filho.

Eu havia sorrido para os pais, desejado uma boa-noite aos estudantes todos os dias quando eles foram embora, e então voltava para a sala, fechava a porta e ligava Bob Marley bem alto, enquanto trabalhando até tarde e não pensando nela.

Ou tentando não pensar nela.

Mas então eu veria o sutiã na minha gaveta que não tinha mais a calcinha do conjunto e me lembrava que ela ficou em um beco qualquer. Ou eu acordava fogosa, com os lençóis assando a minha pele nua, e me deixava desmoronar, desejando que minhas mãos fossem as dela.

Má Conduta - Supercorp Where stories live. Discover now