Capítulo 79

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- Brenda Narrando -

Imagina você estar em casa após chegar de um jantar agradável com amigos e sentir o coração disparar e o peito doer, a sensação desagradável não passa e com o toque do telefone a situação só piora. Ser informado que a sua filha sofreu um acidente e que deveríamos comparecer imediatamente ao hospital não é algo que nenhum pai ou mãe quer ouvir, chegar no hospital e a enfermeira informar que a sua filha de 18 anos está passando por uma cirurgia cerebral. Ficamos horas passando pela angústia da falta de informação até o médico informar que acabou e nos chamar até a sala para conversarmos.

- Nós utilizamos um cateter para retirar o excesso de sangue e iremos mantê-la sedada e assim o cérebro descansa neurologicamente - deu uma pausa - Agora iremos esperar pra ver como o tecido cerebral reagirá e se o sangue para de se acumular, se isso não acontecer abriremos de novo e faremos outra drenagem

- Meu deus - senti as lágrimas escorrerem sem parar e procurei a mão do Marcelo, apertei e era impossível assimilar tudo que estava sendo dito - Abrir de novo? Não existe outro jeito?

- Infelizmente não existe um remédio que faça parar o sangramento - falou e eu comecei a respirar com um pouco de dificuldade - O vaso já foi lesado no acidente e agora só nos resta esperar o cérebro se recuperar, o que pudemos fazer no momento já foi feito

- Mais alguma coisa? - Marcelo perguntou e percebi o tom de voz dele, ele estava tentando se manter forte e eu sabia que estava difícil

- O inchaço é a nossa maior preocupação - falou e as palavras não faziam sentido pra mim, a sensação era que ele estivesse formando frases com palavras sem sentido - Conseguimos estabilizar o coração e ela não teve outro ferimento grave porém a pancada foi forte e o cérebro sofreu uma balançada que causou várias micro lesões por todo tecido e isso é grave

- E agora é só esperar? - Marcelo perguntou sério - A Lara está em coma induzido e não tem o que fazer?

- Nada no cérebro é muito claro, não podemos afirmar o que acontecerá com o paciente após uma lesão ou após sair de uma neurocirurgia - deu uma pausa - Ela está recebendo os melhores cuidados

- Eu não - coloquei a mão na boca para conter o som do choro e me levantei - E-eu não aguento ouvir essas coisas da minha filha - solucei - Eu quero vê a Lara

- Vocês só podem vê-la pelo vidro - falou e eu assenti

- Só preciso vê-la - respirei fundo e o Marcelo logo se levantou junto com o médico

- Vamos lá - o médico falou e seguimos ele para fora da sala, segurei a mão do Marcelo e permanecemos em silêncio. Assim que saímos do elevador passamos por uma porta que indicava o início do CTI e depois de passarmos por uma recepção o médico parou e nos indicou o vidro. A Lara estava ligada em tubos, fios e era impossível descobrir onde começava um e o outro terminava. Com o rosto dela estava inchado pela força da pancada e completamente roxo de um lado, e para completar o cenário ela estava entubada.

- Marcelo - senti uma tontura e ele me segurou antes que eu caísse

- Meu deus - sussurrou e eu caí no choro, meu corpo todo se tremia e eu abracei ele apertado

- Alice Narrando -

O Gabriel estava bem, era o que os médicos diziam, o acidente causou uma hemorragia interna abdominal mas a cirurgia foi um sucesso. Ele estava há 3 dias no hospital, passava a maior parte do tempo dormindo e confuso por conta das medicações, e enquanto eu não escutasse o médico falando que ele recebeu alta não conseguiria ficar em paz.

- E o Lucas? - perguntei e me levantei assim que vi o Renan entrar no quarto

- Está com a minha mãe - avisou - Seu pai vem mais tarde, a sua mãe não estava se sentindo bem e então ele resolveu esperar

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