Brasília

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Priscila POV

Eu percebi um certo desconforto na Carol
quando eu contei a minha história de apenas uma noite com a Gabriela, mas preferi ignorar e mudar de assunto.
Meus planos com ela para essa viagem não
incluem ficar falando do passado, muito
menos um passado tão sem importância.
Consegui resolver rapidamente as questões
com o engenheiro e subi para tomar um
banho e ir jantar com Carol. Durante o
jantar ela me pareceu um tanto quieta demais e quando eu perguntei o que havia acontecido ela respondeu simplesmente que estava pensando em algumas coisas.
No dia seguinte, no entanto, ela parecia ter
esquecido seus pensamentos, porque voltou a ficar agitada e falante como sempre.
Resolvemos visitar alguns museus e galerias de arte, lugares mais fechados onde ela não poderia fotografar tanto, mas que nos renderiam ótimos passeios.
Seguindo o meu plano de demonstrar mais
meus sentimentos por ela, eu procurava
estar sempre em contato, seja andando de
mãos dadas, ou até mesmo abraçadas, e a
surpreendendo com alguns beijos no decorrer do dia. Beijos um pouco diferentes do que estávamos habituadas. Se antes eu a beijava para demonstrar que queria passar a noite com ela, os beijos de agora eram um pouco mais delicados e carinhosos, para demostrar que eu queria apenas estar com ela. Ela parecia gostar, já que ao fim da tarde, ela mesma já tomava algumas iniciativas. Enquanto saíamos do Museu de Arte de Brasília, ela parou para fotografar a fachada do prédio, e quando voltou a se aproximar de mim me deu um selinho e disse:

- Podemos ir, já tenho a foto que preciso.

Quando começamos a caminhar, abraçadas, um casal, que aparentava ter mais ou menos a idade dos nossos pais, no alcançou:

- Ei você pode tirar uma foto nossa em frente a fachada? - O senhor perguntou para Carol, vendo que era ela quem levava a câmera na mão.

- Posso sim. - Carol concordou, pegando a
câmera que a senhora estendeu para ela.

Ela se afastou um pouco para tirar a foto
e depois retornou para perto de mim,
entregando a câmera para a senhora, que ao pegá-la, falou:

- Vocês formam um casal muito bonito.

Carol baixou a cabeça timidamente, e
eu tenho certeza que o sorriso no meu rosto
era o maior do universo.

- Obrigada. - Respondi.

- Aposto que começaram a namorar agora
e é a primeira viagem que fazem juntas. - A
senhora arriscou.

- É nossa primeira viagem juntas, sim, mas
nós nos casamos a alguns meses.

- Oh! - O senhor exclamou. - Estão em
lua-de-mel! Que maravilha!

- De certa forma estamos em lua-de-mel, sim. - Carol falou me surpreendendo.

- Nós não queremos mais atrapalhar a viagem de vocês. - A senhora falou. - Podem ir aproveitar. Obrigada pela foto.

Eles se afastaram e quando já estavam a uma distância considerável Carol virou para mim rindo.

- Você mentiu para uma senhora, Caliari.
Não tem vergonha nessa sua cara desbotada, não? Poderia ser sua mãe.

Eu repassei a conversa e disse por fim:

- Eu não menti.

- Mentiu, sim. - Ela reafirmou. - Não é a
primeira vez que viajamos juntas. Nós sempre fizemos isso.

- Mas é a primeira vez que fazemos isso sem brigar. - Dei um fim na discussão, mas ela continuou rindo.

Na quinta-feira o dia correu da mesma forma, entre trocas de beijos e carinhos, e eu quase não acreditava nisso. Estava bom demais para ser verdade. Então, como não seriamos eu e Carol se não acontecesse,
na quinta à noite nós tivemos uma discussão, que no final das contas fez mais bem do que mal. O motivo: Gabriela.

The Few Things - Capri Onde histórias criam vida. Descubra agora