45. Narração 🫧

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Mais um dia punido. Sunghoon não suporta mais, embora todo esse sofrimento acabe logo antes da sexta. Ele quer terminar as aulas e vazar, se encaminhar para sua casa e ficar de boa, mas é obrigado a permanecer na sala escura e silenciosa até que mais nenhum aluno além deles se encontre na escola.

Está no mesmo lugar da última vez, Heeseung também — tem os olhos fixos a ele, mas é com um misto de carinho e decepção, o Park sabe bem disso — Jake, por outro lado, está ainda mais afastado com uma cara de poucos amigos, logo atrás da menina dorminhoca, e o outro garoto de pernas longas, na mesa ao seu lado.

Dessa vez está com um caderno e caneta em mãos, escreve coisas e mais coisas, logo para, isso por inúmeras vezes. Não que Sunghoon fique olhando ele e todos os seus movimentos, mas quando se é calmo e há alguém cheio de energia por perto, é complicado se encontrar sossegado.

Ao que os minutos passam, o rapaz estende um pedaço de papel em sua direção, dobrado várias vezes, como se quisesse esconder o maior dos segredos. Acanhado, Sunghoon pega o papel e o abre.

"Quer ser meu amigo? Eu posso ser seus guarda-costas, posso te proteger. Estarei ao seu lado pro que for, empurro o primeiro que aparecer pra te perturbar. Juro que sou simpático também."

É o que está escrito, com uma letra meio desastrada e alguns erros. O moreno contém um sorriso, pois confirma que o garoto é um primário e, embora aparente ser nem um pouco amigável, super encrenqueiro, não passa de uma criança. Rapidamente, Sunghoon pega uma caneta e escreve logo embaixo.

"Acha que preciso de um guarda-costas?"

Claro que não é uma pergunta ignorante, até mesmo entrega o papel com um sorriso pequeno. Pela primeira vez se encontra se divertindo. Sabe haver olhos curiosos sobre eles, mas tenta ignorar de todas as formas porque imagina que o outro se incomodará com toda a atenção.

Ao que entrega a nota, pensa se o outro sabe de tudo o que está acontecendo com ele. Talvez a pergunta sobre precisar de um guarda-costas corresponda a isso. O receio aparece de um segundo para o outro. Então acha que, quanto mais se entrega às pessoas e confia nelas, acontece todas essas confusões.

Jake tem razão em estar com raiva de Heeseung. Ele não é alguém ruim, mas desde que apareceu em suas vidas, as coisas aconteceram por causa dele. Não quer ter que se afastar, mas agora, também não quer permanecer tão perto. Está entre ficar ou não. Se perguntar a opinião de Jake, talvez seu pensamento se esclareça um pouco mais porque ele saberá bem o que dizer. De toda forma, conversará com ele logo depois.

Mais uma vez o papel é estendido em sua direção, assim como o menino parece arrastar sua cadeira para mais perto. Ele é fofo, Sunghoon sente a necessidade de apertar suas bochechas ou amassá-lo em um abraço. Por um momento se sente como um irmão mais velho, e imagina que é bom ser um.

"Eu acho que você precisa. Eu sou forte, sou alto, também sou bonito. Você necessita de um guarda-costas! Eu não cobro nada, mas se você quiser me dar alguns presentes pela consideração, visto que serei um ótimo amigo também, eu aceito."

Sunghoon encara o loiro e solta uma risada contida. Nunca conheceu alguém tão convencido quanto ele — há JJ, mas o máximo que diz é ser gostoso e pauzudo — e é engraçado.

"Vou pensar no seu caso. Como se chama?"

Assim que entrega, ele se aproxima de uma vez de Sunghoon. Está confiante, sabe que o Park não negará uma conversa, ele não negou sua carta, então por que negaria sua presença?

— Eu me chamo Niki. — ele responde.

Sunghoon fica meio surpreso ao que escuta a voz grossa. A aparência tão acriançada para uma voz tão caduca, é uma novidade. Se pergunta em que momento as crianças entram na puberdade, tem certeza que o menino não tem mais que quinze anos.

Apesar de Querer | JakeHoonWhere stories live. Discover now