86. Narração 🫧

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— Você precisa de um banho, não acha?

Jake passa pela porta de seu quarto e encontra Sunghoon de pé, observando pela persiana a movimentação da cidade. O Sim mora no centro, em um prédio de quase vinte e cinco andares — está no vigésimo terceiro — e mesmo tarde, há pessoas indo para o trabalho ou voltando dele.

É cheio de carros, cheio de luzes, pessoas andam aos montes, parecem formigas, não há descanso para elas. Sente que é está na capital do país, mas não, é apenas uma cidade consideravelmente pequena, porém bem construída. Sunghoon não se acha em um canto como esse, prefere o buraco da cidade, a distância de quase meia hora — é, Jake fez um caminho longo até o Park — bem afastado. É mais calmo, mais harmonioso, poucas pessoas, quase nenhuma novidade. Tudo a mesmice de sempre.

— Sunghoon? — Jake chama ele mais uma vez, e até ousa andar em sua direção.

Ele parece absorto em seus próprios pensamentos, mas não está de fato, porque encara o Sim e concorda com a cabeça, sobretudo, volta a observar o lado de fora. Uma chuva começa, fraca, que aos poucos se fortalece, as pessoas que andam se desesperam, procuram por abrigo, outras abrem um guarda-chuva para se proteger e continuar seu caminho.

Sunghoon não falou nada desde que Jake o buscou na frente da antiga escola deles. Estava abraçado ao próprio corpo, sentado no chão, seus ombros subiam e desciam, mostra que ele estava chorando aos montes. O que Jake fez fora descer do carro, abraçá-lo o mais apertado que pôde até que ele se sentisse calmo para poder trazê-lo. No caminho até sua casa, também não houve uma única palavra trocada, a música antiga tocava na rádio e vez ou outra Jake mudava sua atenção para o rapaz ao lado, que estava com a cabeça encostada no vidro do carro e vez ou outra fungava.

— Obrigado. — o agradecimento é baixo, rouco, desanimado, desesperançoso, mas sincero.

Jake se aproxima, encosta o queixo no ombro dele e deixa um selar, além de esfregar a palma da mão nas costas do moreno em um carinho sem segundas intenções. Entende que o outro não está em um bom estado para investidas e tampouco para conversar sobre os dois, então não fará mais do que pode e nem menos do que for pedido por ele.

— Vou te separar uma muda de roupas e preparar a água.

Ao que o Sim fala isso, se afasta e anda até seu guarda-roupa, revira e mexe nas coisas até separar algo que acha caber no outro, logo em seguida, entra no banheiro de seu quarto. Deposita a muda em cima do vaso e se curva para abrir a torneira da banheira, espera a temperatura da água se tornar morna para deixar encher, então procura em um dos armários um pequeno frasco de sais de banho, e o coloca na água.

Lembra que ganhou de uma moça em um mercado, e dizendo ela, traz calma. Jake não acredita nessas coisas, tanto que nunca sequer usou, também não acha que funcionará com Sunghoon, mas o cheiro é bom e quer agradá-lo um pouco.

Quando está tudo preparado, o Sim deixa o banheiro e chama mais uma vez o Park, que a passos lentos e pesados, entra no cômodo. Jake não fica para vê-lo, fecha a porta e se deita na cama. O rapaz fecha os olhos com certa força, coloca um dos braços no rosto e então suspira. Não sabe o que aconteceu para o moreno estar na sua casa agora, e embora queria saber — e tenha alguma noção de que Heeseung está envolvido — não forçará o outro a falar.

Fez muitas besteiras quando mais novo e se arrepende de todas elas, mas nunca imaginou estar em uma situação dessas com a pessoa que mais machucou em sua vida, é por isso que mais que tentar tê-lo como seu, ter um relacionamento que nunca pôde mas que o outro quis, quer vê-lo bem.

Não importa se doa saber que Heeseung é a pessoa que tem Sunghoon, que pode abraçá-lo e beijá-lo quando quer, que pode fazer planos e mais planos como casais, noites românticas e viagens, acima de tudo, também quer ver os dois aproveitando o que podem. Mesmo com certa cobiça, Heeseung foi seu amigo, e aprendeu a querer ele contente também.

Apesar de Querer | JakeHoonWhere stories live. Discover now