Capítulo 26

479 56 109
                                    

Os dias passavam rápido como uma fênix, o dia traze havia chegado e a viagem de Norman para a Inglaterra batia à porta. A realidade finalmente atingiu Ray na cara: Norman está indo para a Inglaterra, ele vai ficar lá por dois meses inteiros. Dois meses inteiros longe um do outro, apenas trocando mensagens e ligações.

— Ei, não fique assim, será apenas dois meses, logo estarei de volta, ou você está muito emotivo? – Norman disse com um sorriso divertido nos lábios, o moreno olhou para ele, balançando a cabeça:

— Não. Claro que não. Estou aliviado por não ter você me acordando todos os dias só para passear no parque ou me forçando a sair à tarde para parar na sua padaria favorita para comer pãezinhos de banana e canela. – Ray disse abrindo um sorriso suspeito nos lábios.

— Ray, você gosta dos meus passeios vetustos, você apenas não admite isso em voz alta. –  O albino disse com certeza na voz, o outro apenas deu de ombros e colocou as mãos no bolso. – Vou sentir sua falta.

— Claro que vai. – Ray disse, então um sorriso bem-humorado apareceu em seus lábios. – Talvez eu sinta sua falta, apenas talvez.

O futuro legítimo Ratri soltou uma risadinha, e então, ouviu o chamado de seu voo, ele sorriu e abraçou Ray em um abraço apertado e disse antes de se afastar:

— Espere por mim, sim? Eu vou te beijar quando eu estiver de volta em seus braços.

— Idiota. – Ray resmungou, ele pressionou Norman ainda mais contra seu corpo e apertou sua blusa. – Claro que vou te esperar. Vou sentir saudades.

— Eu sei. – O outro respondeu sorrindo, no segundo chamado, ele se afastou, acariciou o rosto de Ray e acenou para Isabella, que estava longe, com o rosto abatido, ela acenou de volta e Norman voltou-se para a área de embarque.

As lágrimas finalmente molharam o rosto de Ray, ele não viu mais Norman no meio da multidão, sua mãe finalmente se aproximou e colocou a mão em seu ombro, tentando confortar o próprio filho.

—  Não se preocupe, ele estará de volta em breve, Ray. – Isabella disse olhando para ele com seus meigos olhos violetas, embora por trás deles seu coração estivesse aflito.

— Eu sei. – Foi a única coisa que Ray respondeu, e aí, ele ficou quieto. Um suspiro escapou dos lábios de sua mãe e ela se afastou, momentos depois Ray se virou para segui-la.

Já era de tarde, Norman ainda estava no avião e não daria notícias tão cedo, os olhos verdes de Ray estavam no teto branco do quarto e sua cabeça estava rodeada de pensamentos ansiosos, o que aconteceria nos próximos dias? Seus pensamentos foram cortados com alguém batendo na porta e a porta se abrindo. Era Isabella.

— Filho? – Ela o chamou, o outro sentou na cama olhando para ela. – Podemos conversar?

— Claro. – Ray respondeu desviando o olhar brevemente, a mulher se aproximou fechando a porta e sentou na cama do garoto.

Um silêncio preencheu o ambiente por dez longos minutos, ninguém se atreveu a cortá-lo, sua mãe parecia preparar as palavras certas ou ela estava apenas distante daquela situação, ela respirou fundo e finalmente, depois de minutos, ela começou a dizer, olhando para o próprio colo.

— Nos últimos anos, fui uma péssima mãe para você, Ray. Eu não queria ser assim, eu juro. Depois que seu pai morreu, você tinha apenas cinco anos e eu estava perdida. Assustada. Abalada.  Afinal, seu pai não deveria ter partido assim, bom, mas tudo na vida vem e vai, eu precisava seguir em frente por você, quando adotei o Norman, um ano depois, não foi para te substituir, pensei que se você tivesse alguém da sua idade, você poderia superar a perda de seu pai mais facilmente. Mas, sabe, eu estava preocupada se Norman se sentiria em casa ou não, se ele se sentiria bem-vindo, mas acho que acabei fazendo você não se sentir em casa ou bem-vindo. Eu errei com você. Eu cometi erros como mãe. Percebi isso nos últimos meses com você e Norman se aproximando, mas a realidade me deu um tapa na cara quando Norman me disse que nunca realmente me considerou uma mãe, apenas um ponto de conforto maternal, não sei como explicar muito bem, mas foi o que ele me disse. Ele me disse que estava apaixonado por você, fiquei surpresa, mas eu poderia simplesmente aceitar, afinal os sentimentos são seus. Não são meus. – Isabella começou a falar, parando para respirar e molhar os lábios. – Me desculpe, filho.

Ray ficou em silêncio ouvindo todas aquelas palavras, seu coração disparou com o pedido de desculpas e ele sentiu vontade de chorar, mas as lágrimas não vieram, a respiração ficou presa em seus pulmões, ele engoliu em seco.

— Ah, tá legal. – Ele respondeu, num sussurro, não eram as palavras que ele queria dizer a ela. Ele queria chorar.  Gritar. Contar sobre os sentimentos dele, dizendo todas as vezes que chorou, desejou ser como Norman, tentou coisas impossíveis apenas para agradá-la.  – Você pode sair agora?

Isabella ficou quieta, balançou a cabeça e se levantou saindo de seu quarto, fechando a porta deixando Ray sozinho no quarto, o moreno deitou e as lágrimas finalmente molharam seu rosto. De repente, respirar parecia muito difícil, seu peito subia e descia desesperadamente, a culpa afligia seu coração e sua consciência, ele não queria ter dito aquelas palavras, o mesmo fechou os olhos com força e tentou se lembrar de algo bom para tirar aquele peso, mas nada ajudou.

— Droga, Ray. – Ele murmurou para si mesmo enquanto cerrava o punho.

・゜゜・.・゜゜・.・゜゜・.・゜゜・

Olá, como vocês estão?
Até a próxima <3

Bom o suficienteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora