Capítulo 39

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— E você ainda sente falta de Norman, Ray? – A psicóloga perguntou olhando para ele, ela segurava uma prancheta, o de olhos verdes olhava para o teto, ele estava deitado, completamente relaxado, os olhos castanhos da mulher se estreitaram, revelando suas pequenas rugas.

— Sim, mas o que mais sinto é vontade de saber porque ele me deixou assim, sem nenhuma explicação. Eu acho que se ele tivesse me mandado uma mensagem naquela época dizendo que não queria nada comigo e só estava brincando comigo ou se eu tivesse recebido a notícia de que o voo dele não funcionou bem e caiu no oceano, eu teria ficado mais em paz do que estou agora. – disse Ray, juntando as mãos, a psicóloga ajeitou seus óculos:

— Você acha que se houvesse alguma explicação seria mais fácil superar Norman, não é? – Ela disse, o outro balançou a cabeça. – Depois que sua mãe adoeceu e morreu, como você ficou?

— Eu senti como se outra parte de mim tivesse acabado de morrer, porque eu precisava dela. Eu era um adolescente de 18 anos e fazia apenas um ano que tudo aquilo havia acontecido, eu precisava dela. Eu acho que seria mais fácil se eu nunca tivesse consertado nosso relacionamento, porquê... eu ainda teria, né... rancor dela.

— Eu acho que não, Ray. Porque se você não tivesse resolvido o relacionamento com sua mãe, ela morreria e você acabaria se arrependendo e ficaria amargo pelo resto da vida porque nunca ouviu um pedido de desculpas dela. – A doutora disse, ela colocou a prancheta no colo, Ray se mexeu, sentando-se mais uma vez naquela sessão:

— Talvez sim. – Ele disse desviando o olhar e batendo o pé no chão – Depois que me formei, fui para a faculdade junto com Emma e quando nos formamos, decidimos viajar pelo mundo, só nós dois, fazendo trabalho voluntário em troca de comida e de um lugar para dormir. Eu já tinha me acostumado com esses sentimentos até que sonhei com Norman e acordei chorando, então resolvi fazer terapia, na verdade, Emma me forçou.

— Nestes últimos 9 anos você se acostumou com todos esses sentimentos de incerteza, isso é tão... ruim, Ray. Você era apenas um adolescente e tudo isso caiu em suas mãos, imagino o quão difícil foi e- – Ray interrompeu a mulher:

— Agora eu tenho 27 anos, sou um homem adulto, é fácil lidar com isso, mesmo que eu quisesse algumas respostas, é fácil lidar com o sentimento de incerteza e agora vejo o quanto fui ingênuo, eu acreditei muito nisso que promessas duram para sempre.

— Você era um adolescente, é normal ser ingênuo nesta fase da vida, nesta fase da vida todos pensamos que somos intocáveis, que somos imortais. Os adolescentes são maduros para serem crianças e são imaturos demais para serem adultos, Ray. Na adolescência acreditamos que nosso primeiro amor será para sempre, acreditamos que todas as promessas serão cumpridas e que todos os amigos daquela época permanecerão, mas... é um percentual muito baixo para que isso aconteça. É normal ser ingênuo na adolescência, não se cobre tanto. – A psicóloga disse, olhando nos olhos dele, ela umedeceu os lábios, Ray permaneceu em silêncio, a mulher pegou sua prancheta e fez uma leitura rápida – Quer conversar sobre outra coisa agora?

Ray balançou a cabeça positivamente.

  — Podemos conversar sobre... o que eu te contei na última sessão, sobre o abuso que sofri na faculdade. – Ray disse desviando o olhar, a maioria das sessões deles era sobre a morte de sua mãe ou sobre Norman e eles raramente falavam sobre isso, porque esse assunto era muito desconfortável para Ray.

— Não vou forçar você a contar nada, Ray, tudo no seu tempo. – A psicóloga disse e de repente os olhos de Ray se encheram de lágrimas involuntariamente – O que você acha de deixar isso para a próxima sessão?

— Eu prefiro. – Ray disse, a mulher sorriu e concordou.

Quando a sessão chegou ao fim, Ray saiu do consultório, ele caminhou pelos corredores e encontrou Emma na sala de espera, ela segurava uma revista, a ruiva olhou para ele e sorriu, a mulher vestia um moletom e em seus pés estava um tênis da época do ensino médio, todo rabiscado.

— Como foi? – Ela perguntou sorrindo, Ray balançou a cabeça:

  — As mesmas coisas de sempre, nada diferente. Você sabe. – Ele disse, a outra suspirou e balançou a cabeça.

— Vamos tomar um café? – Ela perguntou, Ray concordou e eles saíram andando, saíram da clínica e começaram a andar pelas ruas de Londres, eles já estavam em Londres há alguns meses, quando chegaram Ray procurou por Norman, Emma não sabe disso, mas ela provavelmente suspeita que o moreno fez isso. No entanto, ele não encontrou nada. – Estava pensando que poderíamos ir para a Suíça, você poderia continuar a terapia online, o que você acha? Encontrei uma fazenda que busca trabalho voluntário em troca de moradia e alimentação.

— Ah, claro. Eu gosto desta ideia. – Ray disse, Emma bateu palmas animadamente – E aquele cara que você estava saindo?

— Você acredita que não deu certo?

— Claro que não deu certo, você disse na cara dele que preferia a irmã mais nova dele!  – Ray resmungou, Emma riu.

— Eu gosto de homens mais velhos e de mulheres mais novas, é o meu jeitinho.

— Seu jeitinho... – Ray disse revirando seus olhos – Emma, ​​​​você está roubando revistas de clínicas agora?

— O que? – Ela olhou para sua própria mão e arregalou os olhos, depois soltou uma gargalhada. – Sim, agora estou. Não vou voltar lá para devolver, vão me julgar.

— Idiota.

・゜゜・.・゜゜・.・゜゜・.・゜゜・

Olá, como vocês estão?
Sim, 9 anos se passaram e muitas coisas aconteceram! Para aqueles que desejaram a morte da Isabella nos primeiros capítulos, bem, eu atendi seus pedidos... haha.
Norman continua sumido, procura-se Norman Ratri.
Até a próxima.

Bom o suficienteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora