Acerto de contas - parte dois

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 Você entendeu?  Lua perguntou a Anfitrite.

Lua e Anfitrite conversavam em um lugar bem longe... Longe de Deuses, humanos, longe de tudo. Em uma floresta no sopé de uma montanha.

 Isso é muito arriscado.  A Rainha dos Mares falou.  Vocês já não estavam brigando há tempo, porque isso voltou a tona?

 Acredite, eu me pergunto isso todos os dias. Acho que, até mesmo o Poseidon se pergunta isso.

 Acho que você está se precipitando...

 Vamos trabalhar com a hipótese de que um dia ele possa me encontrar. A de cabelos brancos tirou uma pedra do bolso, a colocando sobre a coroa de Anfitrite.  Essa é uma pedra da lua, muito usada pelas bruxas.  Segurou o rosto da esposa de Poseidon entre as mãos.  Se Poseidon me encontrar, eu vou dar um sinal e ela vai brilhar... Quando isso acontecer, corra até o Sol ou o Buddha e conte tudo... Eles vão saber o que fazer?

 Isso é perigoso, se meu marido te achar...

Não é com a minha vida que estou preocupada...

Se para a ex Celestial o ocorrido dele achá-la foi rápido, para a Deusa dos Mares até que demorou, Poseidon não se intrometia muito nos gostos da esposa, mesmo sabendo que aquele era um cristal da Lua, para ele, Anfitrite usava aquilo como um adorno. Mas, ele não sabia do plano, ou talvez soubesse, mas só queria cumprir seu objetivo por seus próprios meios.

A ex Divindade sempre esteve preparada pra esse dia, mesmo relaxando com o tempo, mas no fundo sempre soube que isso aconteceria e os velhinhos não tinham que estar no meio disso. Depois que os selou no quartinho, ela recitava encantamentos mandando uma mensagem para a Deusa do Mar.

A Rainha saía do banho, enrolada em uma toalha se sentou na penteadeira, penteando seus cabelos longos e loiros. A pedra em sua coroa ao lado começou a brilhar intensamente. Sim, o dia que estava rezando pra nunca chegar, infelizmente chegou. Pegou no armário um vestido grego, vestiu a calcinha depressa, seguido daquela peça de roupa e calçando o salto alto dourado o mais rápido possível, correu Palácio afora...

Sol e Buddha haviam descido a Terra, mesmo com a ordem de Poseidon para não interferirem, eles não se importavam e foi fácil já que seguiam o rastro do Tirano dos Oceanos, além da energia sentida ao longe, um momento temporário de raiva que veio a calhar.

— Pra quem não perde o controle tão facilmente, Poseidon faz questão de deixar claro por onde passou.

— Alguma coisa na Lua o faz perder o controle. — Sol disse tranquilamente. 

— Li em um livro que o satélite natural da lua tem influência sobre as marés. — O de cabelo branco e preto pensava. 

— Minha irmã nasceu desse satélite natural, talvez tenha influência sobre Poseidon.

— Se for o caso é algo que ele nunca admitiria, é até engraçado. — A Divindade Budista deu uma risada. — Não faz sentido, porque ele ama muito a Anfitrite. Até batizou o golpe divino com o nome da esposa.

— Pode ser um impulso, ou fogo de palha. — A Divindade Celestial do Dia deu de ombros. — Talvez ele nem saiba que o que esteja sentindo. Nem sempre esses impulsos estão relacionados a paixão. Pode ser sei lá...

— Uma rivalidade. – O anjo respondeu. — Desde pequenos quando eles se encontram, sentem necessidade de provocar um ao outro ... Porém, você comentou algo sobre aquele dia de chuva. — Buddha se deu conta de algo. — Não consegue lembrar de mais nada?

Entre o Mar e a NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora