"Fada quebrada foi vista na Fortaleza Dourada e passa noite com o rei." — Jornal 'Vozes da Corte'
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Mabella tinha certeza que não era uma feérica de tendências violentas. Ela era, normalmente, muito verbal. Se tivesse algum problema, ela resolveria no diálogo, talvez alguns insultos bem colocados se necessário, mas não violência física.
O Rei Andrew fez com que ela reconsiderasse tal certeza.
Depois do conflituoso café da manhã, Mabella achava impossível que as coisas pudessem piorar. Oh, como estava errada...
Uma sensação desagradável se apoderou dela quando, após o desjejum, Andrew e Anthony a guiaram para um novo cômodo, que logo se revelou um escritório.
Uma grande mesa de madeira maciça tomava conta da maior parte da sala, com algumas cadeiras de estofados de veludo. Sobre a mesa, uma pena e um tinteiro já estavam a postos, assim como algumas taças douradas e uma jarra de vinho. Livros cobriam a maior parte das paredes, mas havia espaço para algumas pinturas do rei em diferentes idades, assim como um grande mapa do reino. Na parede de frente para a porta, havia uma grande placa de ouro, moldada com o formato de um sol, cercado por raios, o símbolo do Deus Sol, patrono de Âmbar.
Andrew se sentou, gesticulando para que ela ficasse de pé ao seu lado, enquanto Anthony corria para trazer-lhe um grande carrinho dourado, com pilhas e pilhas de papéis. Cartas da nobreza, documentos reais, autorizações para construções, proclamações e todo o tipo de assunto. Anthony separou as pilhas de papéis por nível de relevância, lendo cada um em voz alta para o rei, e sugerindo polidamente o que podia ser feito.
E logo todo o inferno se soltou.
— Eu já disse que não quero enviar carta nenhuma para ela! — Gritou Andrew, empurrando a carta que Anthony havia escrito para longe de si.
— Vossa majestade, seja razoável. — Anthony implorou, o rapaz parecia tão cansado que Mabella teve certeza que essa mesma discussão já havia acontecido várias vezes. — O jornal espalhou por todo o reino que você a chamou de Lady Gambá...
— Mas eu chamei mesmo. — O rei interrompeu. — Se ela não quisesse receber zombaria, deveria tomar banhos ocasionalmente.
— Ela é esposa do dono da maior madeireira do reino, faria bem lembrar da importância...
— Eu disse que ela fede, não disse que não é importante.
— Ofendê-la vai deixá-la contra você quando precisar dela. — Mabella interrompeu a discussão antes que pudesse se controlar. — E, se você mesmo admite que ela é importante, deveria pensar nisso.
Por um momento, nada foi dito. Os dois irmãos se viraram para olhar para ela perplexos, antes Anthony assentisse solenemente.
— Precisamente, senhorita.
— Eu solicitei algum palpite seu, escrava? — Andrew estreitou os olhos na direção dela, que apenas suspirou profundamente.
O relógio que estava acima da porta, corria lentamente. Seu tic-tac repetitivo parecia ecoar dentro do peito de Mabella, tão lento quanto era possível ser. Ela lutava para não ouvir as discussões do rei e seu meio-irmão, sabendo que se prestasse atenção ela iria, novamente, se envolver.
As horas foram passando enquanto Anthony lia carta por carta, sugerindo soluções que eram rapidamente descartadas por Andrew. Era claro como o dia que, na maior parte das vezes, ele recusava soluções apenas pelo prazer de ser desagradável, optando pelos caminhos menos diplomáticos possíveis. Anthony sempre desconversava, como um malabarista, tentando equilibrar todos os problemas, a má vontade do rei e manter o reino de pé. "Voltamos a esse assunto amanhã" era o que ele dizia, sempre que se via incapaz de dissuadir Andrew de uma ação problemática.
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Crônicas de Ouro e Prata: As correntes de Âmbar
RomanceDizem que a beleza modesta, longe dos olhos de qualquer um, é aquela mais linda. Um pensamento que não se encaixa no Reino de Âmbar. Um reino onde o que é bonito deve ser coberto por luxo, tornando-se deslumbrante. Ouro, riqueza, nobreza, eventos so...