Capítulo 16

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O braço direito do rei foi visto na corte de Bronze, Rumores dizem que ele foi a mando do próprio rei - Jornal Vozes da Corte

A festa de aniversário do Lorde Hendrio.

Se Andrew tivesse escolha, ele teria evitado, primeiramente porque faziam dias desde a última vez que ele se sentiu de bom humor e segundo porque ele preferia não frequentar os mesmos lugares que a desova de seu pai. Aqueles bastardos eram imprevisíveis.

Quando ele foi anunciado, todos no salão que bailavam pararam para assisti-lo entrar, sendo seguido por Anthony e alguns de seus guardas.

Andrew tentou não voltar seus olhos para a multidão ao seu redor, criticando mentalmente a decoração cafona e cercada por luxo que Lorde Hendrio parecia apreciar profundamente. Os guardas abriram passagem, levando-o até o aniversariante, que estava de pé no centro do salão, de braços dados com a esposa, e ao lado do filho primogênito, Raoul, que era tão insuportável e pomposo quanto o pai.

— Vossa Alteza, que prazer tê-lo aqui para celebrar esse dia...

Andrew interrompeu impaciente, arrumando a coroa que estava torta em sua cabeça.

— O senhor me coagiu a vir, Lorde Hendrio, não faça essa estúpida cara de surpresa. Poupe-me da encenação! — colocando a mão na têmpora, ele exigiu: — Estou aqui mantendo sua reputação, preciso de um lugar isolado para sentar e de algo para comer. Sozinho.

O lorde se apressou para cumprir suas exigências. Enquanto Anthony se mantinha em um silêncio absoluto, Andrew sentiu seu estômago revirar ao reconhecer o primeiro rosto familiar. Perto da mesa de banquete, Astrean o olhava atentamente, bebericando um vinho, mas assim que seus olhos se encontraram, eles desviou rapidamente com furor.

Resmungando sobre estar ali, Andrew nem mesmo viu quando Lady Elissa se aproximou,  parando em frente a ele, antes de fazer uma reverência exagerada. Andrew reparou que naquele dia em especial ela estava ainda mais colorida que de costume, trajando um vestido amarelo, coberto por joias, seus cabelos estavam soltos, presos em um penteado esquisito.

— Vossa Alteza, eu gostaria de ter sua primeira valsa. — Ela levantou lentamente o rosto, sorrindo com modéstia antes de continuar —  Eu deixei um espaço vago apenas para o meu rei no meu cartão de dança.

Andrew abriu um sorriso gélido, ao vê-la mostrar o pequeno cartão envolvido no pulso dela por uma cordinha dourada, antes de dizer.

— Eu preferiria ser devorado por ogros a dançar com você, senhorita, mas obrigado pelo convite. Quando eu quiser uma morte lenta, não hesitarei em te procurar.

Suas palavras geraram cochichos vindos de diversas partes do salão. Ele viu algumas senhoras nobres rindo, viu alguns senhores desdenhando, mas não se dignou a olhar para nenhum deles.

Ele se esquivou dela, marchando atrás do guarda que o guiava para um par de portas duplas, que o levariam para uma varanda isolada, onde os servos montavam uma mesa elegante, mas claramente improvisada. O rei se sentou enquanto um servo acendia um candelabro e vários outros serviam pratos à mesa. Anthony o seguiu, em silêncio absoluto. 

Ter encontrado os olhos de Astrean havia tirado o apetite de Andrew. Ele não havia sido o único de seus meio-irmãos que ele teve o desprazer de ver naquela noite.

Ele odiava encontrá-los, mas odiava mais ainda encontrá-los assim, reunidos. 

Isso o fazia lembrar de coisas que ele lutava para esquecer…

Crônicas de Ouro e Prata: As correntes de ÂmbarOnde histórias criam vida. Descubra agora