CAPÍTULO 20-FORA DE CONTROLE

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Por algum motivo que Edson não entendia, Harley não estava ali...e pela primeira vez, realmente o chamou:

_Ô, meu irmão...que falta você me faz...eu precisava tanto de alguém ao meu lado agora...Cadê você, Harley?

Se Edson fosse um médium mais preparado, perceberia que entidades negativas...espíritos sem luz...que viviam nas trevas...o rodeavam enquanto ele dirigia cada vez mais rápido e completamente fora de controle! Se um médium experiente ele fosse, perceberia que a energia positiva  do irmão falecido  não estava conseguindo romper a energia negativa que se grudara nele...e lhe inspirava coisas ruins:

_Volte lá na empresa e arrebente a cara daquele filho da puta que te assediou...Acabe com ele e  recupere a sua dignidade, homem!

_Por que não volta lá, covarde, e mostre para aquele seu patrão de merda que você vai exigir seus direitos...que ele não irá se livrar de você tão facilmente, somente porque ele quer dar as cartas na sua vida...Otaviano merece uma lição, seu frouxo! Por que está fugindo?

_A culpa é da sua mãe...vá atrás dela...bote pra fora tudo o que está engasgado na sua garganta...e se ela bater as botas...não será sua culpa...acontece...ela já está velha...já passou da hora daquela cobra venenosa calar a boca pra sempre!

Ele sentia o corpo pesado...piscava com as vistas turvas das lágrimas que caíam sem controle...sentia um peso enorme especialmente na nuca...subindo para a cabeça...fazendo o cérebro ficar embotado de uma forma insuportável!

Edson esmurrava o volante do carro que um dia fora do seu irmão amado...Não sabia se o ódio era maior do senhor Otaviano...ou do colega que o assediara e ainda o expusera daquele jeito na frente de todo mundo inventando tudo aquilo...ou se o ódio maior era da mãe dele que fizera toda aquela merda acontecer ao querer prejudicar tanto Cristiano...

_Ele não é pedófilo! Ele não é ladrão! Ele não é marginal!_berrou dentro do carro vazio esmurrando o volante.

E aí os espíritos mal intencionados se aproximavam venenosos para atormentarem mais ainda  a mente do pedreiro que talvez não tenha feito nada exatamente por não conseguir escolher uma das opções...Deveria vingar-se da mãe...do patrão...do colega...ou dos três?

_Você não ama os seus filhos, senão lutaria por eles destruindo aqueles que colocam a segurança deles em risco! Perdeu o emprego por causa dos três e não vai fazer nada!_um outro espírito sem luz soprou em seus ouvidos._Se eu fosse você, não deixaria por isso mesmo!

O pedreiro sabia que precisava parar em algum lugar...tomar alguma coisa...espairecer as ideias, ou meteria o carro num poste!

_Eu quero é beber! Eu preciso beber até cair, ou cometerei um desatino sem volta!

Em algum lugar de sua mente, porém, ele lembrou-se de Cristiano...e lembrou-se da promessa que fizera a Harley...tinha que proteger Cristiano...especialmente de dona Rosa...Sabendo primeiro  que ele estava seguro, depois poderia afogar as mágoas, afinal, estava desempregado...não precisaria trabalhar no dia seguinte e talvez nem no outro...então não importava se estaria sóbrio, ou bêbado...ou de ressaca...ou morto!

_Comprou a carteira, desgraçado?_um motorista gritou quando ele quase bateu o carro em sua lateral ao sair da sua faixa e invadir a do outro.

Edson diminuiu a velocidade...tentou focar nos dois filhos...não podia morrer e deixar os dois sem pai...ele os amava! Ao pensar no amor, começou a se blindar contra tanto ódio! Não queria ser preso e ser obrigado a se afastar dos pequenos!

NÃO ME CONTE SOBRE MIM!-Armando Scoth Lee-romance espírita gayWhere stories live. Discover now