Fui sequestrada, mas foi o meu pobre celular que sofreu

21 2 10
                                    

''É preciso ter asas,

 Quando se ama o abismo.''

                    -Friedrich Nietzsche





[Amanda]

Ok, eu definitivamente não faço mais ideia do que está acontecendo. Parei de acompanhar esta história apartir do momento que o chão começou a tremer e a engolir os meus colegas de turma, daí em diante nada mais fez sentido.

Estávamos nós quatro encolhidos em um canto escuro da sala do oitavo ano, uma das únicas sem janelas e luzes tão fracas que simplesmente não faziam a menor diferença estarem ligadas ou não. Mas de repente escutamos uma explosão e a parede junto com a porta e toda a barricada que fizemos simplesmente voaram para longe, e nós não fomos diferentes.

Meu ouvido zunhia e alguns pontos amarelos dançavam em minha vista enquanto minha visão não focava, consegui perceber Yan à alguns bons metros de mim desacordado, Valentina, não tão longe quanto ele estava de baixo de alguns escombros da parede e do teto destruídos também desacordada, enquanto a mim, eu não sabia exatamente onde ou como estava só que estava com muita dor por todo o corpo e alguma parte específica do meu ombro sangrava bastante.

Observei o céu pelo grande buraco no teto que a explosão causara, a sala estava um pouco mais iluminada pelos raios solares que invadiam o local e esquentavam um pouco a pele do meu rosto. O dia estava lindo lá fora, deveria ser por volta de meio dia, uma da tarde talvez, e o Sol brilhava forte no céu limpo de nuvens. Nem parecia que coisas tão ruins estavam acontecendo debaixo de um céu tão bonito.

Ainda atordoada com o impacto sinto alguém tirar uma pilha de cadeiras e escombros de cima de mim, não fazia a menor ideia de quem era, apenas vi um borrão bem próximo de mim enquanto arrancava alguma coisa de ferro pontiaguda do meu ombro ferrado. Era um garoto de pele bronzeada e cabelos loiros não muito mais velho do que eu, foi o que conseguir notar pelo menos, ele me apoiou em um de seus ombros e praticamente me carregou de lá enquanto gritava alguma coisa para mais outros dois jovens que com Valentina a e Yan nos braços o seguiam pela escola enquanto outra garota lutava contra aquelas coisas, seja lá o que elas eram, dando cobertura a eles. Depois disso eu apaguei.

Quando acordei senti um vento forte em meu rosto e toda aquela dor de antes tinha sumido, abrir meus olhos devagar e a primeira coisa que vejo é o céu de fim de tarde já com algumas estrelas a vista. Pisquei atordoada, ao meu lado uma garota de pele morena e cabelos castanhos que parecia me examinar, tocando o meu ombro com certa delicadeza, e eu obviamente levei um justo.

- Ah! - Bati na mão dela, para alguém que eu não me conhecia ela estava me tocando muito, e assustada ela levanta as mãos em sinal de rendição

- Estou apenas checando! - explicou-se. Por algum motivo aquela garota falava fluentemente inglês e se não fosse as aulas que minha tia me deu eu jamais teria o entendido. Olhei para onde ela apontou, sim, de fato era o mesmo ombro que eu tinha ferrado mais cedo mas de alguma forma ele estava novo em folha, com apenas uma pequena cicatriz no lugar. Toquei com certo fervor aquela região para ver se era mesmo verdade, não tinha como já estar cicatrizada, a única coisa que me fez acreditar que era mesmo real era o dolorido que tinha ficado apesar de não ter mais perigo. A garota me estendeu uma garrafa d'água - Tome, é nectar, vai fazer a dor passar.

- Nectar? - Levantei uma sobrancelha, falando o melhor que o meu inglês podia oferecer - Que remédio é esse? Eu nunca ouvi falar.

- É um remédio especial, vai te curar bem mais rápido do que um normal. - Ela estendeu mais uma vez - Vamos, garanto que vai gostar, é bom.

Olhei a garrafa e depois para ela de novo, eu não confiava naquela garota e nem deveria aceitar o que estava me oferecendo, mas mesmo assim eu aceitei. Pegando a garrafa com cautela bebo o líquido misterioso dentro dela, completamente surpresa arregalei os olhos.

Meio Sangue- Missão de resgateWhere stories live. Discover now