Tudo fica pior

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"O valor do amor está vinculado a soma de sacrifícios que estás disposto a fazer por ele."

                          - Ellen G. White



[Amanda]

Andamos por bastante tempo, mais de uma hora eu aposto, a neblina estava começando a ficar mais densa, o que me preocupava. Em uma decisão unânime todos apertamos os passos, não queríamos ficar para a tempestade.

Sinceramente eu não entendo, qual era de Zeus com a Emma? Ele era um deus e ela uma criança, até onde eu sei nunca nem se viram na vida e do nada ele simplesmente decide que odeia ela e torna sua missão de vida acabar com sua paz até conseguir matá-la? Era isso? Que cara mais psicopata.

Ajeitei a Emma em minhas costas para que não caísse, de novo, estava fazendo aquilo muitas vezes. Eu não falaria em voz alta mas ela era meio pesadinha, carregá-la estava me deixando com uma dor nas costas e no ombro bem grande. Acho que dês da Mantícora, ela era extremamente pesada, meus músculos latejavam só de lembrar o quão doloroso e exaustivo foi medir forças com ela para mantê-la no lugar. Agora estava carregando a Emma, eu também não facilitava para mim mesma.

Mas mesmo assim eu não estava arrependida, com dor, claro, mas não arrependida. Ela tinha sido tão incrível com aquele truque de mais cedo, e até antes com a carruagem para acabar de vez com o problema com as Hárpias selvagens, ou, indo mais longe, no caça bandeiras quando lutamos lado-a-lado contra um grupo do chalé cinco e quando derrotou aquele ciclope. Ela era mesmo alguém incrível, queria fazer algo por ela.

Argh, o ciclope. Tremia só de lembrar. Lembro do quanto estava apavorada quando ele simplesmente apareceu ali, diante de mim. Lembro do quanto estava tremendo quando aquela criatura gigante passou por mim, direto para o centro da floresta, direto para a Emma. Lembro das lágrimas que caíram quando vi o que aquela coisa tinha feito com todos os outros. Foi tudo muito horroroso, muito perturbador, mas ver a Emma pensar em um bom plano tão em cima da hora e pular com a espada na mão, com aquele grito de guerra e olhar determinado direto para o olho do monstro não foi nada além de incrível. Ela tinha salvado todo mundo e matado uma coisa daquelas sozinha.

Acho que hoje em dia seria aquela a minha palavra para descrevê-la. E não mais chata ou briguenta, mas incrível.

Novamente ajeitei ela para cima, só espero que ela não caísse antes que chegássemos.

- Vanessaaaa - Amberly chamou, pela milésima vez. - Já chegamos?

- Está vendo alguma pousada?

- Eita, grossa.

- Você sabe mesmo para onde estamos indo, certo? - Luccas perguntou, era meio estranho que aquela neblina quase estava nos deixando à deriva naquela praia, mas de qualquer forma com certeza não nos perderíamos de Luccas, aquela pulseira dele parecia ser o Sol que estava faltando. Chegava a ser um pouco engraçado.

- Sei, confiem em mim, estive aqui à algum tempo.

- Quanto tempo?

- Sei lá, mas faz mais de dois anos.

- Ah, ótimo! - Olhou para o céu como se estivéssemos condenados, ou torcendo para que não estivéssemos. - Nós temos TDAH, Vanessa! Já é raro uma informação precisa se manter em nossos cérebros, ainda mais uma antiga! Você pode até lembrar daqui, mas aposto que não tem certeza de nada e que estamos perdidos.

Vanessa olhou para ele, primeiro parecia decidir se derrubava ele ou não, depois abriu um sorriso sacana, como se estivesse planejando algo muito melhor ao pobre rapaz. Ele engoliu em seco, quase imediatamente se arrependendo do que disse.

Meio Sangue- Missão de resgateWhere stories live. Discover now