Capítulo 15

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   Depois das duas corridas eu dei uma pausa, observar um pouco, os meninos estavam tão animados com as corridas que ganhavam que era a mesma coisa de crianças em um parque de diversões.

—Nunca pensei que você entregaria a sua moto pra alguém. Ainda menos pra mim.

(Christopher): Por que não pra você? —Pergunta rindo. —Eu confio em você tanto quanto confio nos meninos, você é sempre cuidadosa então não ia quebrar nada. E você precisa se distrair mais.

—Não queria deixar tão visível.

(Christopher): Na verdade você não deixa, mas passar a maior parte do tempo do seu lado, faz com que eu te conheça o suficiente pra saber quando seus pensamentos estão te consumindo. E assim eu consigo ajudar de alguma forma, então é algo bom. —Sorri.

—Às vezes eu acho que vocês tem superpoderes, outras vezes eu tenho certeza. Você consegue transformar tudo em algo bom.

(Christopher): Quem dera isso fosse tão simples como um superpoder.

—Quem dera mesmo.

[...]

   Eu não conseguia dormir, pra variar, então eu fui pro porão. Acendi as luzes e olhei ao redor, tinha um tempo que eu não descia até ali, os sacos de boxe estavam com uma camada leve de poeira assim como o chão e os espelhos, nada que um pano úmido não resolvesse.

   Depois de limpar tudo, eu ainda não sentia sono, então por que não treinar um pouco? Depois de me alongar, comecei exercícios mais leves até que estivesse socando o saco com toda a minha força. Se eu não conseguia dormir só pelo sono, eu iria dormir por exaustão.

   Ali socando aquele saco eu pensei em tudo que estava acontecendo, o quanto isso estava me irritando, o quanto eu me sentia impotente por não fazer isso parar de uma vez, o quanto eu estava cansada de esperar por algo que talvez nunca acontecesse.

   Me concentrei ao máximo no saco à minha frente, soco atrás de soco, me equilibrando enquanto tentava pensar apenas naquele momento. Eu não sabia mais quanto tempo estava ali, nem mesmo me importava com isso eu só queria tirar toda aquela angústia de mim.

Yongbok P.O.V.

   Acordei com sede no meio da madrugada, me levantei da cama e saí do quarto indo pra cozinha, coloquei água em um copo e terminei de beber. Já que tinha levantado, não me sentia tão sonolento quanto antes, mas por alguns segundos parecia que os soluços que eu ouvia não estavam só na minha cabeça. Segui os sons até o porão, as luzes estavam acesas, na verdade aquilo não parecia nenhum pouco com um porão, mas sim uma sala de treinamento.

   A S/N estava socando o saco de boxe, manchando o mesmo com sangue enquanto chorava... Ela estava tão concentrada que não notou quando eu entrei, dei alguns passos na direção dela pra que estivesse perto o suficiente pra fazer ela parar. Segurei a mão dela antes que desse mais um soco, mas acabei assustando ela já que o primeiro reflexo dela foi me jogar no chão.

(S/N): que está fazendo aqui?

—O que você acha que eu estou fazendo aqui? Dá pra ouvir seus soluços da cozinha.

(S/N): Foi mal. —Diz baixo.


—Se não conseguiu dormir, por que não me chamou?

HeathensWhere stories live. Discover now