Capítulo 17

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[...]

   Uma da manhã, duas, três, três e meia, eu não sentia sono, nem fome. Estava sentada na minha cama, esperando que a minha mente decidisse que estava na hora de parar de me martirizar, o que parecia que não ia acontecer nem tão cedo. Eu sabia o que eu tinha feito, e eu sei que foi grave, mesmo que eu tenha crescido sendo treinada pra isso, eu sabia que não era certo.

   A minha mãe sempre me disse sobre as três regras básicas da vida, não prometa nada quando estiver feliz, não tome decisões quando estiver triste, e não faça, nem diga nada quando estiver com raiva. E eu sempre segui isso, não era tão fácil, mas eu fui além... O que íamos fazer agora? A vida já não era mais tão segura... E isso era culpa minha.

   Deitei minha cabeça nos meus joelhos e deixei que o choro saísse, não faria tanta diferença segurar isso, não ia ser algo tão simples dessa vez, eu não consegui... Eu tentei ser uma pessoa melhor, tentei seguir novos princípios, tentei deixar isso de uma vez por todas, enterrei á sete palmos do chão... Mesmo assim, isso voltou.

(Minho): Pesadelo? —Pergunta abrindo a porta.

   Eu não conseguia mais falar, então apenas acenei negativamente. Ele entrou no quarto e fechou a porta se sentando do meu lado.

(Minho): Então é sobre hoje... —Suspira. —Nós entendemos você, e não te condenamos por isso, o Chris se preocupa, só isso. E também você sabe que tem um lado dele que deve estar super orgulhoso de você, foi um tiro limpo, ele não sofreu muito. Você sabia exatamente o que fazer se quisesse torturar os dois, mas não fez. Você sabe como isso funciona... Mas isso não significa que vai ser impossível, nós sempre tivemos isso, não vai mudar quase nada. Eu até queria ver mais um dos seus sorrisos agora, mas eu sei que precisa tirar tudo isso de dentro de você.

   Ele não disse mais nada, só começou a passar seus dedos pelos fios do meu cabelo e naquela hora eu não precisava de mais nada além disso... A partir dali, eu só podia garantir que nada acontecesse com a minha família.

   Algum tempo depois, eu consegui parar de chorar, mesmo assim, continuamos em silêncio, silêncio esse que foi quebrado por alguns barulhos na janela.

(Minho): Arma?

—Primeira gaveta da direita. —Respondo pegando a minha adaga.

(Minho): Ok.

   Ele levantou da cama indo até a escrivaninha abrindo a gaveta, mas antes que encontrasse a arma por debaixo dos papéis, a janela foi aberta.

(Yongbok): Eu saio por algumas horas e você quebra seu juramento?!

—Como você sabe?

(Yongbok): Você sabe como eu sei.

—Chris.

(Yongbok): Lino você está de prova que eu não mencionei nomes.

(Minho): Não sei de nada, aliás, não estou nem aqui. Não façam nada que eu não faria. —Diz antes de nos deixar no quarto e fechar a porta.

—Doido.

(Yongbok): Não tão diferente de você. —Ri.

—Veio aqui pra isso?

(Yongbok): Ah, é, a razão pra eu ter vindo... —Diz secando o meu rosto, que ainda estava um pouco molhado pelo choro. —O que eu faço com você garota?!

—Fala baixo...

(Yongbok): Não é nenhuma novidade que ninguém nessa casa está dormindo. —Diz cruzando os braços.

HeathensWhere stories live. Discover now