5. O direito de sentir

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Passadas algumas horas, respirava fundo, não querendo voltar para casa. Não queria ver o Rafa, não queria ver o Noah, não queria ver o Romeu, não queria nem me ver no espelho, para ser sincero.

Um sentimento horrível estava tomando conta de mim e eu nem ao menos conseguia explicar o motivo dele estar lá, de eu estar sentindo como se minha garganta fosse se sufocar sozinha. Várias coisas horríveis que nunca haviam passado na minha mente antes, começaram a me perturbar. Comecei chorando por uma coisa e terminei com várias outras me importunando.

Me sentia exausto, com o corpo pesado, o sono tomando conta de mim, mas, infelizmente, não poderia dormir no meio das escadas de emergência. Eu teria que me levantar e lidar com a cena humilhante de voltar para casa, encarar Rafael e Noah e talvez ainda ter que ouvir coisas que eu não suportaria ouvir, porque meu psicológico estava extremamente abalado.

Me levantei, limpei a calça, e desci degrau por degrau, lentamente, sem querer chegar ao meu destino. Naquele momento eu daria tudo por um quarto só para mim, com porta e uma tranca, mas isso não mudaria absolutamente nada. Eu só ficaria ainda mais sozinho. Talvez eu realmente tivesse que ouvir algumas coisas dos meninos quando voltasse.

Cheguei então com esse pensamento: "vou ouvir de tudo um pouco", mas a realidade foi bem melhor. Assim que abri a porta, Rafa correu até mim e me abraçou forte, se desculpando em sussurros ao pé do meu ouvido. Noah também se aproximou e nos abraçou também, com uma de suas mãos me fazendo um leve carinho no cabelo.

— Que bom que está de volta — Noah disse, se afastando minimamente, então notei seus olhos vermelhos, assim como os de Rafa.

— Desculpa, Hique. Eu não queria te fazer chorar — Rafa enxugou suas lágrimas e segurou minha mão.

— Tá tudo bem, gente — sorri fraco, mas os dois negaram.

— Não tá não. Escuta, eu não vou mais te obrigar a nada, Hique. Eu prometo. Eu quero cuidar de você, mas estava fazendo isso de uma maneira muito errada. Você não precisa participar do meu grupo de apoio se não quiser e também pode ir à cafeteria ou a qualquer lugar quando quiser.

— Rafa...

— Nós conversamos, Hique — Noah me interrompeu — e chegamos à conclusão de que podemos estar mais te machucando do que te ajudando. Não queremos isso.

— Vocês brigaram? Por que estavam chorando? — perguntei, preocupado. — Gente, eu não quero que vocês dois briguem ou se separem por minha causa. Por favor.

— Por que você acha? — Rafa se sentou no braço do sofá, ainda segurando minha mão, com seus olhos focados nela.

— Não brigamos, só nos sentimos culpados por termos te deixado tão triste. Acabamos conversando sobre algumas coisas e, obviamente, ficamos preocupados com o seu sumiço. Mas não vamos nos separar, Hique, tá doido? Somos uma família e, às vezes, as famílias se desentendem.

Suspirei aliviado com tudo o que Noah disse e o abracei forte, ainda cedendo minha mão à Rafa.

— Me desculpem. Eu amo vocês — minha voz já estava embargada.

— Eu é que peço desculpa por ter invalidado os seus sentimentos — Rafa disse e se juntou ao abraço, beijando minha bochecha.

— Também te amamos, Hique.

— Também te amamos, Hique

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INTERROMPIDO - Spin-off de CORROMPIDOWhere stories live. Discover now