Descobertas

92 19 95
                                    

― Dul, levaram a Annie para fazer alguns exames ― Maitê me explicou após conversar com uma funcionária. ― Estou tentando encontrar o Poncho. ― Ela olhou para o celular e mexeu no aparelho.

― E onde fica a sala de exames? Você não pode ir lá? ― Minha prima pensou por um instante.

― Ótima ideia, mas e você? Com certeza te proibirão de entrar.

― Me mostra o caminho da lanchonete, acho que vou comer alguma coisa.

Logo que a Mai terminou de informar como eu faria para chegar, ela pegou um cartão na gaveta do balcão e me entregou, pois precisaria dele para passar nas portas.

Meia hora depois, mastiguei o último pedaço do meu sanduíche com um pouco de sacrifício, já que estava preocupada com a Annie. Antes de voltar para a ala de internação, mentalizei coisas positivas, seria apenas um susto e em breve nossas vidas voltariam a ter paz. Balancei a cabeça em uma afirmação e levantei da cadeira confiante. Quando retornei para a unidade, meus pés se moviam agitados, com pressa, ansiando por notícias.

― Então, e a loira? ― Encarei a Maitê parada no meio do corredor.

― Estão trazendo para cá, ela não acordou ainda.

― Mas já descobriram o que é?

― Pela espiada que dei nos exames, a princípio é anemia. Vamos aguardar o diagnóstico do médico.

Respirei aliviada e logo depois dois enfermeiros cruzaram a porta, empurrando uma cama na qual Anahí vinha deitada. Com o semblante sereno, porém pálido, ela descansava. Eu os acompanhei até o quarto, sentando na poltrona para esperar a bela adormecida despertar.

― O que aconteceu? ― Ouvi a voz da loira ecoar no cômodo, seus olhos azuis se acostumaram com dificuldade por causa da luz.

― Você desmaiou.

― Já posso ir embora?

― Claro que não, o médico ainda está investigando o motivo. ― Ela soltou o ar impaciente.

― Chama ele, tenho várias roupas para confeccionar hoje.

― Sossega Annie, primeiro a tua saúde.

― Meu celular, cadê? Alguém já avisou a minha chefe?

― Vou perguntar para a Mai, só fica calma, tá bom? ― Ela apenas acenou com um gesto afirmativo enquanto eu me levantava.

Procurei minha prima pela unidade, localizando-a com o Poncho, eles batiam um papo perto da saída.

― Oi gente, a Annie acordou. Ela quer saber se já avisaram a chefe dela.

― Conversei com a mulher agora a pouco ― o Alfonso respondeu. ― E como a nossa paciente despertou?

― Bem impaciente ― pronunciei arqueando as sobrancelhas. ― Não vê a hora de ir embora daqui, deve ser um bom sinal isso, né.

Nós sorrimos e em seguida um médico passou pela porta, andou até o quarto da loira e entrou. Imediatamente, nós nos dirigimos para lá.

― O resultado dos exames não apontaram nada grave, apenas uma anemia. Vou prescrever uns remédios para você e amanhã de manhã, se me prometer que cuidará da sua alimentação, ganhará alta.

― Prometo ― ela disse entusiasmada. ― Então me esforçarei, pois ultimamente não consigo comer de tanta náusea.

― Náusea? ― Maitê repetiu. ― Você também? ― Seus olhos castanhos escuros se arregalaram, assustados. ― O doutor solicitou o Beta HCG?

― Sim, descartamos gravidez. ― Ele procurou nos papéis que segurava nas mãos. ― A náusea pode ser devido à sua vitamina B12 que está baixa.


Encarei a Maitê com o rosto inclinado, como assim: você também? O que ela quis dizer com isso.

Lembranças de VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora