𝐂𝐎𝐍𝐓𝐑𝐀𝐓𝐎 𝐌𝐎𝐑𝐓𝐀𝐋 - Em busca da Redenção

Capítulo Quatro

— O que deseja, Shin? — perguntou Yoshinori com um olhar indiferente.

— Não posso visitar meu irmão? — respondeu Shin com sua voz grave e um olhar sombrio.

— Sabemos que você nunca vem só visitar — retrucou Yoshinori. — Diga a que veio.

— Apenas passeando — respondeu ele. Olhava fixamente para Emi. — Vejo que você arrumou um brinquedinho novo, não é, irmão? Essa é das boas.

Emi estava assustada demais para falar algo, apenas manteve-se quieta e o mais longe possível daquele demônio.

— Onde está Haru? Vejo que sua babá o deixou livre — comentou Yoshinori em tom de deboche. — Vá embora, Shin. Não precisamos de você aqui.

— Acalme-se, Yoshi — disse ele, sorrindo. — Não esqueça que sou mais velho que você. Não quer ter problemas com A Ordem, quer?

— O que está querendo dizer? Eu faço parte da Ordem, quem vai ter problema vai ser você se não sair daqui agora mesmo — os olhos de Yoshinori flamejavam à medida que ele falava.

Shin ergueu a cabeça em um gesto de superioridade, abafou uma risada maléfica e então, virou-se para a parede, onde surgiu um portal negro onde seu corpo se desintegrou gradativamente, até que sumisse por completo.

— O que ele quer? — perguntou Emi, ainda com a voz enfraquecida.

Yoshinori virou para ela com os olhos vermelhos, ela arregalou os olhos com medo. Os olhos dele voltaram ao normal logo em seguida.

— Aprontar — disse ele, sentando-se — É tudo o que ele deseja.

Ela assentiu, sentando-se novamente, agora mais calma.

— Shin é conhecido por adorar semear o caos, ele é um dos onze demônios originais e acredita que todos devem se submeter a ele por esse motivo — explicou Yoshinori, com confiança. — Mas eu não me curvarei diante dele, afinal, sou um membro da Ordem.

— O que exatamente faz A Ordem? — perguntou ela, curiosa.

— A Ordem dos Demônios tem como objetivo julgar e punir a conduta dos demônios aqui na Terra, apenas os mais fortes e leais podem participar. No momento, somos cinco membros, incluindo eu, Haru e Ayla, que foram criados para restaurar a ordem, o Griffith e o Norm — explicou Yoshinori, sentando-se novamente — Shin sempre teve inveja e há muito tempo deseja entrar na Ordem.

— Isso significa que ele é fraco? — indagou ela.

— De maneira alguma, Shin é muito poderoso — afirmou Yoshinori com convicção — Como eu disse antes, ele é um dos demônios originais e, portanto, possui grande força e habilidades desconhecidas.

— Então por que ele não pode entrar? — perguntou ela, confusa.

— Porque ele tem o hábito de desobedecer às regras, já torturou humanos inocentes e foi aprisionado diversas vezes por Haru — explicou Yoshinori, olhando para o relógio e se levantando rapidamente. — Tenho que ir agora, meu horário de lanche acabou. Depois te passo o restante das regras, não se esqueça de que tem uma sessão em alguns dias.

Yoshinori pegou a bandeja vazia de café e bolinhos e apressou-se para sair do apartamento, dando um breve sorriso para Emi antes de sair. Abriu a porta com uma das mãos e, antes que a porta batesse, virou-se para ela e disse:

— Tchau! — disse ele, enquanto a porta se fechava e Emi ouvia seus passos se afastando pelo corredor.

***

— Emi! — disse uma mulher loira, de cabelos cacheados e sardinhas no rosto.

Elas estavam na Rua dos Girassóis, Emi tinha saído para ir até o mercado fazer compras.