Elis ficou completamente sem palavras. Não sabia o que dizer. Não tinha o que dizer. Então começou a questionar se realmente ouvira o que achava que tinha escutado.
Não. Não podia ser. Vicenzo Bravo não teria falado o que ela achava que ele tinha falado.
- Creio que eu não tenha entendido.
- Creio que você entendeu muito bem, Elis. Só não pego a sua irmã para viver comigo se você for no lugar dela.
- Mas isso é ultrajante. Eu não vou ser sua amante.
- Posso fazer uma concessão. Sua irmã seria minha amante porque já está casada, mas você seria minha esposa. Casaríamos no papel e na igreja como manda o figurino.
- Eu não posso aceitar isso.
- Então você decidiu o futuro de todos nós. Não se preocupe: quando eu e Aimée estivermos juntos, seu precioso Lúcio pode ficar com você.
- Você me dá nojo.
Ele riu, mas o sorriso não lhe chegava aos olhos.
- Ou será você ou será a mulher do seu precioso Lúcio. Eu dou até o meio-dia do domingo para a senhorita pensar. Agora tenho que ir, Esmeralda me espera. - então deu um sorriso verdadeiro.- Nos encontramos na missa do domingo para ouvir o seu sim.
Então saiu. Elis sentou na cama. Estava atônita. Por que ele iria querer casar-se com ela se estava apaixonado por Aimée? O que estava se passando na mente daquele homem?
A porta do quarto foi aberta e Elis nem ao menos notou.
- Srta. Elis. - falou a moça um tanto assustada. - Desculpe-me, pensei que não havia ninguém. Eu vim limpar, mas volto outra hora.
- Não é necessário. - disse levantando-se. - Eu já estava de saída.
Elis seguiu até a porta. Estava ainda muito nervosa. Vicenzo Bravo tinha o poder de desestabilizá-la. Precisava pensar. Precisava pôr em ordem seus pensamentos para decidir o que fazer. Olhou para a moça arrumando a cama.
- Você me faria um favor? - perguntou chamando a atenção da funcionária da casa.
A mocinha de pele muito escura que não parecia ter mais de quinze anos olhou para Elis com um sorriso de bonitos dentes brancos.
- Certamente, senhorita.
Elis sorriu para a moça de volta. Ela parecia extremamente feliz apesar das óbvias desventuras da vida que provavelmente passa por ter nascido num país racista e onde a abolição da escravatura era ainda tão recente.
- Eu preciso de um banho quente, vc poderia providenciar. - a menina arregalou os olhos.
- Mas está um calor dos infernos, senhorita. - vendo o que tinha falado, colocou a mão na boca. - Desculpe, senhorita, eu vou providenciar sim.
- Obrigada. - sorriu e dirigiu-se para o quarto que estava destinado a ela.
Realmente estava muito quente no Rio de Janeiro, mas ela precisava pensar e fazer isso numa banheira quentinha era certamente uma escolha segura.
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Era uma vez... um Selvagem (FINALIZADO)
RomanceVicenzo é um italiano selvagem que conquistará o doce coração de Elis. Em terras brasileiras os dois se encontram. Não se dão bem. Se casam sem amor. Brigam. Descobrem sentimentos antes desconhecidos. A paixão entre eles aparece. Descobrem que o amo...