Ato II

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  De vez em quando, eu costumo fechar os olhos

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  De vez em quando, eu costumo fechar os olhos. Posso não ser uma cega, mas o mundo toma formas curiosas quando nos privamos de algo tão vital. Pense comigo, que cores a sua vida teria se não pudesse mais falar? Se não pudesse mais andar? Se não pudesse mais amar? Cada um destes trejeitos talvez não passem de muletas para nós, onde nos amparamos de maneira preguiçosa, com medo de vivermos sem suas mordomias.

  Incapaz de enxergar, mergulhada em uma escuridão sem fim, cacofonias viajavam por meus ouvidos. Apitos, sapatos, cornetas, vozes, brisas, pássaros e gritos... Era difícil separar cada um deles, complexo demais para determinar suas distâncias ou a aplicação do efeito doppler sobre a origem.

  Era aconchegante permanecer assim, viver no limiar entre o som e a existência. Este sentimento tão suave... Era quase como não existir. Por que não viver parece tão bom? O papai talvez pudesse responder, talvez ele pudesse.

  "Lu- Quero dizer, Jasmine!" Uma voz surgiu, me puxando de tal estado absorto.

  Meus olhos retornaram ao pavoroso mundo, e frente a mim estava uma garota. Uma colega de classe como assim chamavam, de cabelos castanhos e madeixas encaracoladas, esboçando um sutil sorriso. Seu uniforme era igual ao meu, mas limpo, o suficiente para me fazer questionar se brilhava.

  "Quem é você?" Eu respondi, e a garota deu um passo para trás. Desinteressada, eu cruzei as pernas e apoiei meu rosto sobre o punho.

  "Ah! Me chamo Eleonor, sou da sua classe, não lembra?" Sorriu a menina, com olhos que definitivamente brilhavam, mais do que qualquer um que já vira.

  "O que você quer?" Indaguei, completamente alheia a que honra merecia a visita de tal pessoa abençoada. Busquei por qualquer delito que poderia ter infringido aquela pessoa, todavia era incapaz de encontrá-lo.

  "Eh... Então, a professora hoje nos falou sobre um trabalho em dupla, e queria saber se... Queria saber se você não quer fazer ele comigo. Tudo bem?" Desajeitadamente propôs Eleonor, com as mãos unidas e conferindo os seus arredores.

  Mesmo que eu me isolasse das pessoas, a ínfima presença de Eleonor atraiu os olhares de alguns alunos no pátio, pessoas de rosto retorcido e nebuloso. Não era possível ver seus olhos, talvez cegos, e eles não tinham brilho algum. Aqueles monstros... Eles eram atraídos pelo brilho desta garota? Ou talvez estivessem com inveja de sua luz pairar sobre mim?

  Sendo sincera, eu pouco me importava. As intenções de Eleonor, a inveja dos monstros ou mesmo o trabalho escolar. Perdas de tempo mundanas, nada interessante ou de valor.

Mas...

  "Venha a minha casa hoje... Eu quero confirmar uma coisa, daí faremos o trabalho" Eu convidei, mimetizando um sorriso em meu rosto.

  Havia algo interessante nesta estudante, algo que talvez ninguém que conheci tivera. Um coração puro... Oh sim, como eu gostaria de ver seus limites, suas emoções, suas reações e como eu reagiria a cada uma delas. Um experimento de almas, apenas para ver até onde podemos suportar sem quebrar.

  "Tu-Tudo bem. Eu nem sei como agradecer... Então a-até mais Jasmine!" Manifestou o pequeno anjo, correndo dos olhares de volta à sala de aula.

 Então a-até mais Jasmine!" Manifestou o pequeno anjo, correndo dos olhares de volta à sala de aula

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