Ato IX

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  O enigmático poente, a deformada multidão, as luzes de natal

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  O enigmático poente, a deformada multidão, as luzes de natal. Meus olhos se reviraram na órbita, encarando tudo, buscando por tudo, um desejo estranho, fazendo-me perder o caminho correto do esconderijo. Quanto tempo já faz? Por quanto tempo permaneci trancada a sete chaves no próprio inferno? A realidade já não era a mesma, existia algo mais profundo que o mero vazio existencial, uma emoção, uma expectativa.

  Realmente sempre foi assim? Esta ternura, esta imaginação... Não. Mamãe sempre me avisava das peças que o Diabo poderia pregar em nós, de que deus estaria nos guiando a verdade e jamais deveríamos esquecer. Eu sei que são bobagens, eu sei que são mentiras. A vida é um purgatório sem sentido, viver é apenas existir, e o sofrimento é inevitável.

"Eu voltei meu amor!" Gritei com entusiasmo, ao abrir e logo em seguida trancar a porta "Você sentiu minha falta?"

  Além das vielas da cidade, em um velho e deteriorado casebre, estava meu brinquedo de natal. A sala estava vazia, escura e úmida, ainda que ele estivesse lá, brilhando como sempre. Dei alguns pulinhos até o brinquedo, conferindo suas algemas e as correntes da berlinda. Que bom garoto era, não havia nem mesmo tentado remover a mordaça.

  Este lugar outrora foi um dos esconderijos da polícia para o demônio, que apesar de tudo ainda guardava alguns instrumentos divertidos. Me pergunto se ele já torturou alguém aqui, se já usou uma daquelas pessoas. Pessoalmente, eu não poderia me importar menos, todavia, um incômodo percorria por mim ao tocar nestes pensamentos.

"Hhhmmmm!!!" Vociferava o pequeno boneco de carne, ou se esforçava para tal.

"Que indelicadeza a minha, esqueci da mordaça" Eu me desculpo, deixando seus belos lábios livres mais uma vez, o suficiente para beijá-los antes do anoitecer.

"Aaah... Ahh... O que você pretende com tudo isso Lucca...? O departamento de polícia, minha família, eles logo perceberão a minha ausência e vão encontrar o vínculo deste lugar" Ameaçou Cassiel, com a voz cansada e sem parecer convincente com sua argumentação.

  Eu apenas sorrio, enquanto acaricio suas bochechas rosadas e apoio meu corpo na berlinda, bem perto de seu rosto esbelto. Poderia durar para sempre este momento, brincar na neve com meu presente de natal, uma linda e perpétua valsa sob os flocos de neve. A sofisticada princesa e seu quebra-nozes, emaranhado por suas próprias cordas.

"Não tenha pressa meu amor, nosso tempo pode ser breve mas se tornará eterno em meu coração" Eu levo minha mão até sua virilha, com a ponta dos dedos "E não seja bobo, eu sei o quanto me desejou naquela noite. Mas não há tempo para brincarmos agora, sua investigação me auxiliou a encontrar o hacker da equipe deles, e eu o matei"

  Ainda que assustado e desconcertado com minhas palavras de amor, o investigador torna-se pasmo com minha declaração de homicídio. Me pergunto se ele estava mais aterrorizado com a morte da presa que cacei, ou preocupado com o meu bem estar. Que pergunta tola a minha, era óbvio a ternura por sua amante eloquente.

"V-Você matou ele? Mas eram apenas suspeitas, a investigação deveria ser apurada para algo mais avançado, aquele homem em meus arquivos não passava de um palpite!"

"Mas você acertou! Parabéns! Uhuuuul!!" Eu berro e gargalho, como uma bobinha alegre, me divertindo com suas expressões descrentes da situação em que se encontra "Não seja petulante, eu vi os dados no computador dele, e ele praticamente admitiu tudo antes de ter uma bala cravada no crânio. Realmente gostaria de interrogar aquele imbecil, mas por fim consegui os dados da tal 'Mel', a que fora mencionada pelos outros membros"

"Mel... Então ela realmente existe, isso só confirma de vez a existência desse Red Snake, um-" Divaga Cassiel, até que o interrompo.

"Uma facção de tráfico infantil pela fronteira" Eu completo, afagando os cabelos de meu dócil e pouco drogado amante "Eu sei sobre tudo, incluindo a relação de meu padrasto na quadrilha. Agora, que tenho a 'Mel' nas mãos, posso colocá-la contra parede e descobrir o cabeça da facção, a perda dela e suas conexões com a passagem na fronteira tornaram o negócio inviável sem o envolvimento de autoridades"

  Antes que sequer pudesse reagir, lhe arranco um beijo molhado e severamente apaixonado. Sinto seu corpo fraquejar, seu coração palpitar, sua língua se enroscar. A valsa na neve, os flocos a cair, o quebra-nozes a marchar. Todos aplaudem, todos saúdam, todos dançando na minha música.

 Todos aplaudem, todos saúdam, todos dançando na minha música

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