Ato IV

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  De maneira alguma possuía algum nível de daltonismo, todavia, o céu parecia monocromático

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  De maneira alguma possuía algum nível de daltonismo, todavia, o céu parecia monocromático. Tão triste, tão... Melancólico. A vida estava triste? Não deveria ser assim, este era para ser um dia alegre, afinal, um demônio a menos caminha junto a nós. Um sorriso incontrolável tomava meu semblante, o suficiente para fazer o lindo moço a minha frente ajeitar seus óculos em desconforto.

  "Vamos repetir" Disse o belo investigador, com lábios doces e um olhar inquietante "Sua mãe e seu padrasto foram encontrados mortos a quatro dias atrás, o estado da mulher em decomposição parecia avançado e o homem foi assassinado a facadas numa suposta tentativa de auto-defesa, e sua..."

  "Amiga" Completei, apenas para ver sua reação em confusão "Minha amiga, Eleonor"

  "Sim... Sua amiga, ela sofreu uma tentativa de abuso sexual nesta casa e os laudos médicos apontam que também houve agressão. Pelo que me contou, você estava presente durante esta cena, correto?"

  Suas palavras soavam justas, tão honradas, e a cada uma delas, ele anotava tudo em seu bloco de notas. Seu elegante terno de camurça também transmitia um ar apessoado, sem mencionar o belo par de anéis em seu dedo anelar. Ah... Ele parecia um anjo, mas não como Eleonor, um anjo que me faria pecar em nome de Deus.

  "Senhor- Digo, Jasmine. Vejo que ainda está muita confusa e aérea devido aos recentes acontecimentos" Despertou-se o investigador "Eu não planejo pressioná-la, ainda que sua colaboração seja vital para esclarecermos tais eventos. De todo modo, irei retornar outro dia para conversarmos, espero que esteja de acordo com o lar provisório que lhe indicamos, até tudo se resolver"

  Lar provisório, depoimento, homicídio. Tantas palavras engraçadas, nada disto importava, nada além de minha liberdade e seu garboso sorriso.

"Será uma gentileza sua me conceder mais tempo em vossa presença, haverá de ser bem vindo Investigador Cassiel" Eu declarei, percebendo o belo nome em seu crachá.

  O homem parecia ainda mais incomodado, e isso só aumentava o meu sorriso.

  "É bem estranho que ainda possa sorrir após a cena que presenciou... Irei passar seu contato a uma colega minha no ramo, assim como sua amiga, você precisará de um acompanhamento psiquiátrico... Boa noite, senhorita"


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https://youtu.be/WGEQNN1Bw2o

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