Ato V

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  Como uma reles escrava, minha doce vó batalhava contra as chamas do fogão moderno que ganhara de presente, quase como se realmente não soubesse o que estava fazendo

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  Como uma reles escrava, minha doce vó batalhava contra as chamas do fogão moderno que ganhara de presente, quase como se realmente não soubesse o que estava fazendo. Estirada sobre o sofá da sala, tendo uma pequena vista pelo reflexo do espelho na cozinha, eu me divertia com sua confusão.

  Eu... Não me lembro da última vez que ri tanto. Quando desviava meus olhos cansados do televisor, me colocava a refletir, escapava da prisão digital. E então, o odor de biscoitos queimados me recordava, o cheiro de morte, o gosto do sangue, a umidez das lágrimas.

  Aquele dia, não importa o quanto tente esquecer ou virar aquela página, algo realmente mudou em mim. Os dias não estavam apenas passando, eu sentia cada brisa, sorria com cada piada, me encantava com as menores belezas. Viver parecia tão menos... Fugaz. A intensidade daquelas lembranças, o calor de me sentir preenchida. Uma necessidade, um horizonte.

"Raios de panela elétrica!! Querida por favor, pegue um pano pra mim!!"

"Tudo bem, vovó" Eu respondi, segurando o riso e calçando minhas pantufas.

  Talvez a escravidão desta senhora, assim como a devoção imbecil dos crentes, tenham um sentido maior. O objetivo é meramente o que importa. O X no mapa do tesouro, o fim da jornada, o Boss final, a grande conquista... O que nos diverte não é terminar a história, mas saber que rumamos até o fim de uma história, um esplendoroso ápice. Um objetivo, um... Propósito.

"Santo Deus, não devia ter aceitado isso da Flaviana, essa droga não presta!"

  Sim... Eu quero sentir, assim como naquele instante. O delicado véu entre a vida e a morte, fazer o bem? Um ato de justiça... Talvez tenha sido isso, o clamor de destruir um demônio, a glória de salvar um anjo. Não pode acabar, eu preciso de mais. Ódio, medo, dor, alegria, repulsa, mais e mais, me sentir viva.

  Matar os impuros, morte aqueles que caíram na escuridão.

  A partir de hoje... Eu sou a justiça.


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𝙸𝙽𝙳𝙸𝙶𝙾 𝙷𝙴𝙰𝚁𝚃Onde histórias criam vida. Descubra agora