cap 43

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Agatha Santos
(2 semanas depois)

Vida ta corrida demais, ta ligado? To tendo tempo nem pra respirar.

Aceitei ficar no comando por um tempo, bagulho foi doido, todo mundo me aceitou de braços abertos.

Que o de la de cima me perdoe, mas o cara morreu e deixou os trabalhos tudo pra mim, eu me pergunto como ele tirava tanto tempo pra ele.

A Ale ta sempre do meu lado, papo de parceira mesmo, disse que pensava que ela ficaria no comando, mas estava tudo tranquilo. Eu tentei explicar ao máximo, sem deixar claro que só seria por um tempo, foi um pedido deles, querem sigilo total.

Nessas duas semanas, eu só consegui ver a Kyara, o tempo que eu ia buscar ela, que também não era todo dia.

Fiquei feliz pra caralho por ela, ta maluco? Garota merece muito, tenho fé que ela vai crescer muito ainda. Fora a felicidade que ela ta, garota ta sorrindo pro vento, porque querendo ou não, é um bagulho que vai levar ela pra frente.

Hoje foi o dia que me obrigaram a parar um pouco de trabalhar, pra fazer um baile em comemoração, por isso nem respirei direito também.

Paçoca: Bora patroa - entrou na minha sala - 10hrs já. Como o motivo do baile, não vai comparecer no baile?

Pareira: Ta achando que é quem? - olhei pra ele e cruzei os braços - só porque tu é amigo da minha mulher, acha que tem essa liberdade?

Paçoca: Fica falando assim comigo, vou contar tudo pra minha irmã - eu não aguentei e ri.

Pereira: muleque, eu me pergunto, por que te dei liberdade? Papo reto - neguei começando a guardar as coisas - tu ficava pianinho, só foi te dar liberdade mesmo.

Paçoca: Que isso? Patroa - olhei pra ele - achei que a gente era parceiro.

Pereira: Paçoca, pega teu rumo vai - apontei pra porta.

Ele foi sem falar nada. Eu gasto ele, mas o cria é muito firmeza, ja era, mas depois que eu firmei mesmo com a Kyara, ele ficou ainda mais.

Terminei tudo e ja dei os comando pros menor, tem que ficar atento em tudo.

Liguei pra Kyara e ela falou que estava terminando de se arrumar, então já peguei meu rumo também.

Cheguei em casa comi o resto do bolo, que eu tinha comprado hoje de manhã e ja fui tomar banho, pra me arrumar.

Bermuda jeans preta e uma camisa branca, maior calor, eu que não vou ficar me cobrindo toda, dependo do meu pique,  é capaz de me encontrarem até sem a camisa.

Calcei meu tênis da Nike e coloquei minha corrente, tem quem goste de mil cordões, eu ja gosto de uma só e to feita.

Só fiz um coque, passei perfume, peguei meu fuzil, mas nem coloquei também, ia de carro, coloquei foi no banco de trás e ja parti, com a Kyara me ligando, nem me estresso, eu que falei pra ela me esperar.

Assim que eu ia entrando na rua dela, percebi que ela estava na esquina e ja parei o carro.

Namoral, não é por nada não, mas essa mulher é muito linda, bagulho de outro mundo, me deixa hipnotizada.

Ja entrou no carro me dando um selinho e continuou com o bico no rosto, a garota ta brava viu.

Kyara: Iiih ala - olhou pra mim - vai andar não? Ta me olhando assim por quê?

Pereira: Ai, tu é muito linda, no papo, me amarro em tu - ela tentou se segurar, mas acabou dando um sorriso - esse vestido ta muito lindo em tu, gata pra caralho.

Kyara: Gostou? - assenti começando a andar com o carro - é um novo da loja, fiz umas fotos com ele hoje.

Pereira: Ta gostosa - desviei o olhar da rua, olhando pra ela.

Chegamos la e todo mundo ja começou a olhar, o povo ja falava da gente quando eu só era o braço direito do Peixão, agora eles cai em cima, e eu ainda vou ter que conversar com a Kyara sobre isso. Eu ja to ligada como funciona, mas ela, não está.

Vi a cara que a Kyara fez quando viu as pessoas que estavam no camarote e ja fui logo conversando com ela.

Pereira: tem gente diferente, porque eles não são daqui, eles são os que tão acima de mim, cumprimenta pra não fazer desfeita, mas se tu não quiser ficar aqui, ta mec - ela assentiu - qualquer coisa desce e vai com as suas amigas po, mas pelo menos agora, é importante tu aqui, já é? - ela concordou com a cabeça.

Nego: Achei que tu não ia chegar - fez um toque comigo e cumprimentou a Kyara só com a cabeça - tua fiel?

Pereira: Minha mulher, nego - peguei na cintura dela.

Nego: ala... Então é verdade. Não pô, já é, máximo respeito ai.

Continuamos cumprimentando, só quem vinha falar e os conhecidos também, bagulho chatão, nunca gostei disso não.

Dreia: Iiih ala, nem deve lembrar mais de mim - fez um toque comigo e cumprimentou a Kyara com dois beijos.

Kyara: Como não? Briga mais doida que eu ja presenciei, só achei que tu nunca mais ia poder vir pra cá.

Dreia: Eles que foram esculachados, eu não tenho nada a ver - a Kyara assentiu - vamo ali na grade? Levanta dai mulher.

Pereira: Vai la, só não some - puxei ela pra um beijo e ela se levantou arrumando o vestido.

Dantas: Ai comunidade! - ouvi a voz do Dantas no microfone e ja fui pra grade do camarote, do lado da Kyara, to ligada que ele vai me apresentar como a nova no comando - to atrapalhando a música ai de vocês, mas é só pra dar o novo aviso, a favela ta ligada do que aconteceu com o Peixão, mas o morro não pode parar. O morro ta com gente nova no comando, minha parceira ali ó, Pereira! - apontou pra mim e os barulhos começou, com os  tiros soando alto e logo em seguida a música voltou.

Bagulho não é mil flores, to ligada dos corres daqui pra frente, mesmo que seja por um tempo. Mas o meu negócio é isso aqui, essa vida, morro e mato pelo morro, por aquele que abraçou.

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INDESTRUTÍVEL (Romance Safico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora