26|Bones

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𝐍𝐮𝐧𝐜𝐚 𝐡𝐨𝐮𝐯𝐞 𝐜𝐢𝐧𝐳𝐚 𝐞𝐦 𝐩𝐫𝐞𝐭𝐨 𝐞 𝐛𝐫𝐚𝐧𝐜𝐨
𝐍𝐮𝐧𝐜𝐚 𝐡𝐨𝐮𝐯𝐞 𝐞𝐫𝐫𝐚𝐝𝐨 𝐚𝐭𝐞́ 𝐪𝐮𝐞 𝐡𝐨𝐮𝐯𝐞𝐬𝐬𝐞 𝐜𝐞𝐫𝐭𝐨

Com as mãos trêmulas, Dominic segurava a de Margô enquanto o paramédico empurrava sua maca pelo corredor. Pegava na mão dela, disse que ia dar tudo certo, mas ela não respondia mais nada. Na sua cabeça, achava que estavam passando por uma fase ruim, que ela ia ficar bem e que iam voltar para casa. Quando ela abriu os olhos, pareciam fixos em um ponto muito longe. Até que, por dois segundos, apenas dois, ela sustentou o olhar, o reconhecendo.

Então Dominic apertou sua mão. A última coisa que a ouviu falar foi chamar pelo seu filho, Henry.

― Perdoe o nosso menino... ― A voz de Margô era vaga, distante.

Dominic nunca sentiu tanto medo. Sentia a sensação de estar perdendo a mulher que amava outra vez. Estava se afastando dele. De novo.

Então as portas do corredor que dava acesso ao centro cirúrgico se abriram e os paramédicos e sua esposa desapareceram lá dentro. Quando voltaram a se fechar, ele foi deixado para trás naquele corredor sombrio e gigante.

As vozes sumiram. Viu o rosto de Will de relance, ansioso e pálido. Disse que Henry havia entrado na ambulância até o hospital.

Entrado? Como? Que ele nem havia percebido.

Ele não sabia o que fazer; pediu para Will cuidar de tudo, que encontrou o irmão duas horas depois.

Durante todo esse tempo, os médicos já haviam dito a Dominic que Margô tinha sofrido uma parada cardíaca, faltou oxigênio para a bebê, ela entrou em sofrimento fetal, e eles tiveram de fazer uma cesárea de emergência.

O bebê nasceu prematuro de 30 semanas e cinco dias, pesando 1,1 kg. Mas os médicos examinaram Margô, notaram que ela não apresentava mais sinais vitais. Foi realizado um exame e a confirmação de morte cerebral causada pela queda.

Dominic sente vontade de chorar quando vê a foto dela. Está na parede emoldurada ao lado da foto da sua outra esposa ― que também sofrera morte cerebral ― num quadro gigante de mais de dois metros de altura. Na sala de estar: Seu rosto redondo, seus olhos azuis sorridentes. O sorriso.

O nascimento da filha significava a morte da sua mulher.

A menina lembra muito a mãe dela, o olhar, o sorriso e, principalmente, a força. Quando ele vê Margot, seu coração, que estava tomado de tristeza, se enche de alegria. Margot é um bem precioso que a mãe dela deixou para ele.

Já se passaram alguns anos e ele tenta se convencer que aquilo realmente aconteceu. Quando Henry chega em casa, o pai precisa mudar de corredor só para não ter que cruzar com o filho. Henry tornou-se radioativo, uma lembrança tóxica que ele tinha que manter por perto.

Perdoe o nosso menino...

Dominic não fala sobre o que aconteceu com ninguém. As palavras de Margô ficam girando em sua mente.

Perdoe o nosso menino.

Dominic não queria admitir que, por Henry ter causado a morte da esposa, ele passou a odiar o próprio filho.

Ele queria amá-lo; era o dever dele, era o pai e o viu crescer. Havia uma única coisa que Dominic ainda amava no filho. Quando Henry tocava o piano, despertava em seu pai lembranças boas, sentimentais.

Em Nome do Amor  ✔(Concluída)Where stories live. Discover now