Emily (VIII)

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  Chamo o James para o meu quarto para lhe mostrar o guião para a minha próxima peça, como ele me havia pedido no jantar. Eu própria estou entusiasmada com ela. Temos andado a treinar exaustivamente nas aulas de Artes Performativas para apresentá-la à escola toda. Enquanto ele lê efusivamente o guião, eu vou para o telhado apreciar as estrelas, como adoro fazer.
  Um bom tempo depois, aparece o James no telhado, sem eu esperar, e eu dou um pequeno pulo e digo:
- Não devias estar aqui, James. Nunca deixo ninguém vir para aqui.
- Desculpa, como não me respondias vim ver se está tudo bem. – justifica-se.
- Não ouvi, estava aqui nos meus pensamentos. – digo.
- Mas se quiseres eu vou embora, não tem problema.
- Não! Quer dizer, agora que estás aqui não vale a pena ires-te embora. – Tento corrigir-me. Não devia, uma vez que mal o conheço, mas sinto que é o correto.
- Então vou me sentar aqui. – Senta-se ao meu lado. – Já li tudo. É enorme!
- Sim, estamos todos habituados a peças mais pequenas, de facto. Tanto que não existe ninguém que queira fazer de protagonista. Dizem que não se sentem preparados. – Reviro os olhos.
- Eu até compreendo, se nunca fizeram algo igual. Mas, a parte que mais gostei foi no fim, quando os personagens principais aproximam-se... - Começa a aproximar a sua cara da minha e a intercalar entre olhar-me nos olhos e para a minha boca. - ... bem perto um do outro lentamente e...
Quando o James está quase a beijar-me, ouvimos bater à porta.
- Emily? Posso entrar?
É a minha mãe. Agora estou lixada, ela não nos pode ver aqui.
- Rápido entra e finge que estás a fazer qualquer coisa. – sussurro ao James, o mais rápido possível. – Sim, mãe!! Dois segundos!! – grito.
Quando nos sentamos, coisa a minha mãe entra no quarto de olhos fechados e pergunta:
- Estão vestidos? Não estou a ver nada, prometo.
Sinto-me a ficar corada e respondo:
- Oh mãe!! Para de me envergonhar e abre os olhos. Estávamos só a falar aqui. Não fizemos nada. – Sinto-me a corar ainda mais.
- Sim, senhora Castle. Eu estava a preparar-me para lhe dar isto. – diz, e tira do bolso uma caixa.
- Peço desculpa, então. Vim só dizer que já está a ficar tarde e se o James não vai dormir cá em casa, que não me importo que o faça... - Pisca o olho ao James. - ... é melhor ir andando porque é perigoso conduzir a esta hora. E, filha, o livro que estás a 'ler', está ao contrário. – diz-me, sorrindo. Abri o livro ao contrário com a pressa. Sou tão burra.
Sai do quarto e eu abro a caixa, como se nada se tivesse passado, e dentro tem um colar lindíssimo com a Lua e umas estrelas à volta.
- Eu disse que não trouxe nada para ti para te fazer uma surpresa e aproveitei que precisava safar-nos e dei-te agora. – esclarece.
- Uau, obrigada James. É lindíssimo. – digo, ainda surpreendida.
  Pouco depois, na porta de minha casa, despeço-me do James e ele olha para o céu, agora um pouco nublado, e diz:
- A Lua está linda.
Dá-me um beijo na face quase a tocar nos lábios, pisca-me o olho e entra no carro.
Não tenho qualquer reação ao que acabou de acontecer.
  Será que ele sabe do significado?

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