Sonhos

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Jennie

As ruas de Seul estão estranhamente calmas para o início da madrugada de uma sexta-feira. Juntas, eu e Lisa andamos sem pressa, e nossa conversa flui tranquilamente.

- Então, como você sabe tanto sobre arte? Quem é você de verdade, Lalisa Manoban? - Provoco, embora esteja realmente curiosa com o fato de que cada comentário que ela fez na exposição foi bastante certeiro. Relacionar partes do trabalho de um artista qualquer com os mestres conhecidos, como Van Gogh, Chopin, Dali e Munich, geralmente requer um olho bem treinado.

Mas Lisa conseguiu destacar qualidades discretas e relacioná-las com os artistas menos conhecidos.

- Ninguém importante. - Espero pela sua resposta espirituosa e pretenciosa, mas, ao invés, ela sorri sem entusiasmo e encolhe os ombros. - Minha mãe achava que eu tinha que ser bastante culta. História da arte foi minha formação secundária na faculdade.

- Bastante culta, é? Você foi uma pirralha de escola particular? - Brincando, bato meu ombro no dela enquanto esperamos o sinal fechar.

Lisa joga o foco de volta em mim.

- Me fale de você. Alguma vez já pensou em ser uma artista profissional ou sempre foi seu sonho ser dona de uma cadeia de academias recheadas de testosterona de homens deslumbrantes?

- Não. Quando eu era criança, sonhava em ser bailarina - respondo orgulhosamente.

- Bailarina, é?

- Aham.

- E o que aconteceu?

- Você testemunhou naquele dia quão graciosa sou, quando caí da cadeira. Preciso explicar mais?

- Então aquilo não foi uma coisa eventual? - Lisa ri ao falar.

- Infelizmente, não.

- Quantos anos você tinha quando se deu conta de que não ia se tornar uma bailarina?

- Seis.

- E como exatamente percebeu que ser bailarina não era para você?

- Eu caí do palco quando tentei dar uma pirueta no meu primeiro recital de balé.

Lisa para, sorrindo, mas olha para mim incrédula.

- Você caiu do palco?

- Aham.

- E o que aconteceu depois?

- Eu chorei. Meu pai veio para a frente do palco e me pegou. No ano seguinte, quando ele foi me matricular, a instrutora sugeriu que eu poderia me sair melhor no karatê. - Faço beicinho.

Incapaz de se controlar, Lisa cai na gargalhada, jogando a cabeça para trás e se divertindo às minhas custas. Finjo estar chateada, mas ela sabe que não estou.

- Desculpe. Eu não queria rir, mas isso é muito engraçado.

- Você me deve uma história vergonhosa agora - falo.

- Tudo bem, mas posso precisar de um tempinho para inventar uma. Estou perto de ser perfeita, sabia?

- E extremamente convencida também.

Fighter | Jenlisa (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora