Tratamento

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Lalisa

— Ao menos tudo debaixo está intacto. — O médico da emergência vira o carrinho portátil para me encarar e a luz da tela se ilumina para mostrar o raio-X. Ele aponta para uma área das minhas costelas. — Você tem uma fratura aqui, mas os pulmões e o baço estão intactos. Hematomas já estão começando a aparecer e, provavelmente, você se sentirá como se tivesse sido pisoteada por uma manada de elefantes por um tempo, mas foi uma fratura simples e vai cicatrizar.

— Qual o tratamento para isso?

— Não há muito que fazer. Nós costumávamos envolver as costelas dos pacientes com uma cinta, mas há um tempo um estudo foi feito e descobriram que isso não traz nenhum benefício. O ferimento se cura sozinho, com muito descanso e analgésicos. — O médico puxa seu bloco de receitas. — Gelo por vinte minutos a cada hora que você estiver acordada pelos próximos dois dias. Vou te prescrever uma semana de Vicodin para começar. Você veio dirigindo? — ele pergunta a Bambam.

Ele faz que sim com a cabeça.

— Ótimo. Vou lhe dar uma dose reforçada agora para te deixar mais confortável e com sorte você poderá descansar hoje à noite. — O médico olha para o meu rosto, virando-o para a esquerda e para a direita, examinando as lacerações. — Odiaria ver a aparência do outro cara, já que você ganhou. — Ele balança a cabeça. — Você vai ficar com ela essa noite? — Novamente o médico se direciona a Bmbam, mas, dessa vez, sou eu quem responde.

— Eu estou sozinha, mas estou bem. — Perco o fio da voz. Respirar dói, mas falar é ainda pior.

— Você está bem agora. Mas nem sempre podemos ver tudo em um raio-X. Se a sua respiração se tornar muito rasa hoje à noite, isso pode indicar uma pequena perfuração que não conseguimos ver. Você não deve ficar sozinha. — O médico olha para mim, depois para Bambam, e, em seguida, para mim novamente.

Bambam fala:

— Ela vai ficar conosco hoje à noite.

— Eu... — começo a objetar, mas Bambam me interrompe.

— Está tudo bem. A suíte tem um quarto extra. — Olho-o desconfortavelmente e ele sorri e provoca: — Nós vamos fazer fortes de travesseiros e lençóis e nos atualizarmos sobre as merdas que fizemos nos nossos primeiros vinte anos.

***

Acordo confusa. Olho ao redor do quarto onde estou e nada me parece familiar. As cortinas pesadas estão fechadas, mas ainda posso ver um filete de luz do sol passando através de um pequeno espaço entre elas, no canto esquerdo. Tusso e a dor atinge o meu peito. Eu gemo por causa da dor profunda nas costelas. Alguém abre a porta do quarto e espia dentro, sem dizer nada.

— Quem está aí? — pergunto. Falar aumenta a intensidade da dor e encurta cada inspiração a ponto de eu sentir como se estivesse me afogando. Isso me faz ofegar em busca de ar e tusso novamente.

— É a Nay— ela sussurra e abre mais a porta. — Não queria acordá-la.

— Estou acordada.

— Está com dor?

— Sim. Parece que fui atropelada por um caminhão, que depois deu ré e me atropelou de novo.

— Você dormiu por tanto tempo que provavelmente os efeitos dos remédios já passaram. Vou pegar seus remédios e um pouco de água.

— Espera.

— O que foi?

— Onde estou?

— Na suíte da cobertura.

— Não me lembro de ter vindo para cá na noite passada.

— Você estava desmaiada. O Bambam falou que o médico lhe deu uma dose dupla de medicamentos antes de saírem do hospital e você desmaiou antes de chegar ao hotel. Foi preciso o Bambam, o Preach e o Jon para te trazer aqui pra cima.

Merda. Não me lembro de nada. A última coisa de que me lembro foi estar sentada no hospital com o Bambame o médico vindo dizer que minha costela estava quebrada. Nay desaparece e volta um minuto depois com água e alguns comprimidos. Sento-me na cama. Mudar de posição é muito doloroso.

— Obrigado. — Engulo a água e o remédio.

— Que horas são?

— Quatro.

— Da tarde?

Ela ri.

— Sim, da tarde.

— Onde está o Bambam?

— Ele teve que descer para fazer algumas aparições e apresentar a sessão da tarde.
Eu me sento um pouco mais reta e estremeço quando os músculos do peito flexionam. Mas puxo as cobertas de cima de mim.

— Eu preciso ir.

— Acho que você precisa descansar.

— Eu vou. Mas vou voltar para o meu quarto.

— Hum... — Ela hesita. — Eu trouxe todas as suas coisas para cá. Bambam me deu sua chave e eu fiz o seu check-out do quarto.

— Obrigado. Em todo caso, é hora de voltar para Bangkok. Estou bem. Posso andar sozinha. Mas agradeço por tudo.

Jogo as pernas para fora da cama. Porra, dói pra cacete quando me movo.

— Acho que você deve ficar — Nay diz. — Pelo bem do Bambam também.

— Por que pelo Bambam?

— Ele ficou bastante irritado ontem à noite. Jon teve que acalmá-lo para ele não ir atrás do cara com quem você lutou. Ele leva o esporte muito a sério e diz que caras como aquele estragam todas as iniciativas dos últimos dez anos de fazer o esporte ser aceito como algo legal.

— Não acho que eu esteja em condição de impedir o Bambam de fazer qualquer coisa.— Talvez não. Mas te ter aqui é bom para ele também. Ele nunca vai admitir, mas ficou curioso sobre você desde que descobriu que eram irmãos.

Sorrio, porque me senti da mesma forma.

— Você vai ficar?

— Aham. — A verdade é que eu só ia embora porque parecia a coisa certa a fazer. Não tenho nenhum lugar onde eu tenha que estar, em todo caso. — Você sabe onde está o meu celular?

— Claro, vou pegá-lo para você.

Nay abre as cortinas e me traz algumas frutas enquanto verifico meu celular. Há centenas de novas mensagens: Jungkook, Marco, meu pai, sócios da empresa que viram a luta... Mas nenhuma com o nome que eu quero ver na tela. Não entrei no ringue com a ideia boba de que vencer significaria ganhar Jennie de volta, mas, quando vi ontem o rosto dela na arena, pensei que talvez, apenas talvez, havia uma maldita chance. Jogo o telefone na extremidade da mesa, sentindo-me rejeitada novamente.

— Ela não te ligou? — Nay pergunta relutante.

Balanço a cabeça, negando.

— Eu estava do outro lado da arena com o Bambam durante a luta, mas ele me mostrou quem era ela. Observei suas reações enquanto ela via a luta. Ela ficou na ponta da cadeira o tempo todo, nervosa. Ficou branca como fantasma quando o Kai pisou em você. Eu a vi correr na direção do ringue. Mas depois a perdi na multidão. Acho que ela ainda se importa com você, se isso fizer alguma diferença — ela diz, na tentativa de me fazer sentir melhor, mas soa mais como pena.

Tento sorrir. Ela é uma boa pessoa por tentar ajudar.

— Obrigado. Vou tomar um banho.

— Lisa?

Eu me viro.

— A perda é dela se não a perdoar, porque vale a pena perdoar você.

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Fighter | Jenlisa (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora