Provocações

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Em minha humilde opinião de narradora, lábios são a primeira coisa a me chamar atenção em alguém. O sorriso é sem dúvida a coisa mais deslumbrante que deveria ser apreciada. Ayan mirava os lábios carnudos e vermelhos que estavam a poucos centímetros dos seus e inconscientemente ele fincou os dentes em seu próprio lábio, fazendo com que o mais alto sorrisse satisfeito por saber qual tipo de reação causava no outro, mas Aye não estava disposto a se render assim tão facilmente para ele.

— Está tentando mexer comigo, grandão?

— E se eu estiver, baixinho, está funcionando? 

O mais baixo se arrumou na cama e aproximou o rosto do pescoço de Yok na intenção de provocá-lo, mas Ayan acabará de descobrir que o mesmo tinha cocegas naquela região e isso o deixava nervoso. Ele recuou um pouco, se afastando do corpo do outro. A respiração de Aye contra a pele do moreno era propositalmente ofegante e quente, mas ele gostava daquela sensação. Gostava de sentir os arrepios causados em sua nuca; de sentir o frio na barriga; gostava da sensação delirante e prazerosa que aquela respiração totalmente desregulada e pesada o causava. Nem mesmo o próprio Dan foi capaz de fazer a Yok o que Ayan o fez apenas por respirar. Os pensamentos do mais alto quando se tratavam do garoto eram impuros e loucos, e assim foi desde o dia que se encontraram pela primeira vez. Ayan sentia um cheiro doce vindo do pescoço do moreno, e isso era o seu aroma natural quando não estava na oficina coberto por gracha e oléo.

— Por que eu sinto que tenho total controle sobre você? Sinto que se eu quisesse fazer algo, você não me impediria... É loucura, mas eu apenas sinto...

Os lábios do mais baixo roçaram levemente na pele macia do rapaz, mas sem beijos, ele queria deixá-lo tenso e vê-lo pedir mais por si. Aye sabia que sua presença despertava os desejos mais obscuros e sujos da mente do moreno que estava parado a sua frente. Quando sua boca tocou a pele morena e quente, por mais que o dono dela sentisse agonia desse tipo de proximidade em seu pescoço, ele queria mais, não iria implorar para ter, mas todo o seu corpo dizia isso. A linguagem corporal do mais alto o entregou antes mesmo que ele se desse conta disso.

— A-ayan...

Na voz de Yok estava nítida a sua dificuldade para se manter firme diante daquela pequena tentação que estava presa entre seus braços magros, mas torneados. Sua voz era baixa e soava como um gemido de excitação perto do ouvido do mais baixo que continuava a deslizar seus lábios molhados por toda extensão da pele do pescoço de Yok.

— Hm...

O moreno só se deu conta de que estava perdendo o seu autocontrole e se deixando levar pelo desejo quando saiu do transe depois de sentir uma pequena mordida sendo dada em seu pescoço; rapidamente Yok se afastou de Aye e passou as mãos em seus cabelos escuros desacreditado que havia se deixado levar tão facilmente por seus desejos e por tão pouco. Quando Yok se afastou, Ayan umedeceu os lábios e revirou os olhos. Ele cheirava tão bem e sua pele... Ele permaneceu de costas enquanto o mais novo sorria presunçoso e mirava seus ombros largos.

— Afinal, quem conseguiu mexer com quem? — perguntou Ayan, brincalhão enquanto levantava para pegar a chave do carro em cima do criado-mudo e Yok se virou para encara-lo .

— Você deixou um chupão no pescoço?! - perguntou.

O moreno, preocupado, tocava a área vermelha de seu pescoço, porém, Aye só o tinha mordido, mas ele lembraria do que sentiu até a vermelhidão sumir. Fora uma sensação boa ainda que negasse. Aqueles lábios tocaram sua pele pela primeira vez sem ter noção que aquilo voltaria a se repetir uma hora.

— Não é um chupão, é uma mordida, e eu posso dar outras e em outros lugares, se você me permitir explorar...

— Não! Sem explorações.

Ayan provocava Yok de todas as formas que ele conseguia e poderia fazer, mas agora que conseguiu controlar seus pensamentos, o mais alto não cedeu e pediu que o pequeno o levasse de volta para a oficina. Aye não queria que ele fosse, mas aquele gigante em seu quarto era teimoso demais para lhe ouvir e ficar até que estivesse bem. Então assim foi feito. Yok estava novamente com o moletom do mais baixo e explicava para o mesmo o local da oficina de motos.
Eles estavam parados no semáforo conversando sobre o trajeto e esquecendo o que havia acontecido minutos antes. Realmente estava passando despercebido. Distraídos pela conversa, apenas Ayan notou pelo retrovisor do carro que uma viatura policial se aproximava do veículo pelo lado do motorista. Não precisaria de muito para perceber que os policiais da cidade estavam em alerta e à procura dos garotos da noite passada. Como se adivinhasse o que iria acontecer ou pelo menos se permitiu pensar no que aconteceria caso o vissem, em um reflexo rápido Aye puxou Yok pela nuca, fazendo-o deitar em seu colo.

— O que tá...

— Kan? Wat está com você? Liguei varias vezes pra ele e ele não atendeu.

Com o celular no ouvido, o mais baixo fingia conversar ao telefone enquanto a outra mão estava tapando a boca de Yok. Depois de alguns segundos o sinal abriu e ele guardou o aparelho, mas só deixou o garoto se arrumar no banco ao seu lado quando estavam longe dos policiais. Ele não podia negar que gostou de Yok tão perto de si. Ele tinha um tipo de poder diferente sobre si, uma coisa louca.

— Por que fez aquilo?!

— Não pode simplesmente me agradecer? Se não fosse por mim você iria pra cadeia agora. A polícia estava do nosso lado.

— Por que apenas não me pediu para abaixar?

— Que graça teria a brincadeira?

— Você gosta de brincar?

As provocações de Ayan não eram nem um pouco discretas. A todo momento ele fazia questão de mostrar para o mais alto que queria provocá-lo e faria isso de qualquer jeito. Yok não era santo e sabia que as intenções do baixo eram as mesmas que as suas. Ele também não era de recuar, mas o golpe dado por Aye mais cedo o desarmou, era sua vez. Com as mãos ocupadas com o volante, o mais novo não podia se distrair e nem tirar as mãos da direção, e para o azar ou sorte do mesmo, Yok sabia disso. Antes de pensar em fazer qualquer coisa, o mais velho sorriu de canto e virou-se no banco para encarar Aye e sem que o garoto esperasse, o moreno tocou sua coxa nua e ele sentiu-se arrepiar e recostou-se no banco. A ponta dos dedos da mão direita de Yok deslizavam suavemente sobre a pele arrepiada do mais baixo enquanto o mesmo tentava não mostrar que aquilo mexia consigo, mas o moreno já havia percebido.

— Você se entrega tão fácil, baixinho...

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