Bed friend?

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Confiar em alguém após uma decepção amorosa é um processo longo e doloroso, parece não ter fim nunca. O sentimento é vazio...

— E eu não quero que você se feche pra mim... — disse Ayan, cansado — Eu não sou como ele. É tão difícil assim acreditar em mim?

— É quase o mesmo sobre você achar que eu só quero ir pra cama com você, só que bem pior. Se fosse só isso eu já teria conseguido... Você não acredita em mim e eu não acredito em você. — Yok baixou seu olhar e depois fechou seus olhos por um momento — É divertido ter você por perto, mas nem tudo é só diversão e eu queria que você entendesse isso.

Ele estava cansado de acreditar na conversa de sempre sobre ser diferente dos outros. Estava realmente cansado. Seu coração queria saber qual era a sensação de um amor bom e tranquilo. Um amor que não machuca, um amor que traz paz e cura. O coração sempre insiste na pessoa errada e quando a certa chega, ele se fecha por completo. É cansativo sentir por dois. Você sempre vai sentir o dobro de tudo, seja amando ou deixando ir.

— Por que não me prova que não me quer apenas pra isso? Eu posso provar pra você que não vai ser como da última vez... Me deixa tocar seu coração, Yok... Me deixa entrar e arrumar essa bagunça...

Yok permaneceu com os olhos fechados e em silêncio enquanto ouvia o que Ayan tinha pra dizer. Mas, mesmo querendo muito acreditar em todas aquelas palavras, o moreno não conseguia, e é tão triste quando isso acontece.
Para uma pessoa chegar ao ponto de não querer se entregar para ninguém de novo ela tem que estar muito machucada, e o coração de Yok estava. Ele estava fechado a sete chaves. Ok, talvez a seis ou cinco, graças ao baixinho. Mesmo assim ele ainda não queria entregar todas as suas chaves ou apostar todas as suas fichas. Ele ainda tem medo que alguém consiga abrir todas as portas ou não valha nenhuma de suas fichas.

— Eu não tenho pressa pra ouvir o que você sente, eu acredito que posso esperar...

Ayan tirou gentilmente a cabeça de Yok de seu colo e o mesmo abriu depressa os olhos e o olhou sem entender.

"Ele já vai embora?! Mas por quê? Ele acabou de falar que não tinha pressa em ouvir sobre os meus sentimentos e já vai embora? — o moreno pensou consigo, decepcionado, mas Aye só estava se arrumando na cama para passar à noite com o mais alto. O mais baixo, que agora estava deitado no canto da parede, subiu a coberta até a cintura dos dois e Yok virou-se com os olhos cansados para o mesmo. A mão direita de Ayan agarrou delicadamente a cintura do moreno e o puxou para perto de si, assim Yok entrelaçou sua perna no meio das do garoto para também chegar mais perto dele, fazendo com que isso aproximasse seus rostos, deixando-os a poucos centímetros de distância. Uma distância completamente insignificante.

— É errado pra você eu querer ficar?... — perguntou Ayan, levando seu rosto para mais perto do moreno, que olhou para aqueles lábios tão próximos dos seus — É errado alguém se importar com você e querer ficar perto? O quão ruim está tudo aí dentro?

— Shi... — Yok levou seu dedo indicador a boca de Ayan, o pedindo silêncio e logo inspirou profundamente e suspirou depois disso. Ele estava cansado, muito cansado... — Não fala muito de como eu estou, e não é errado você se importar comigo, eu só não sei se é real...

— Eu também não sei se isso é real, mas eu tô aqui, não tô? — ... — Nós deveríamos fazer um teste, tipo Spotify e Netflix, trinta dias. O que me diz?

Ayan perguntou num tom brincalhão depois de Yok não respondê-lo, mas, mesmo sem ter entendido o que Aye acabará de dizer, ele sorriu quase que de imediato. Aquela pequena curva no canto de seus lábios foi o primeiro sorriso sincero dado por ele durante um dia inteiro.

— O que você quer dizer com 'teste'?

— Já temos Spotify, Netflix e outros apps pagos com testes gratuitos. Então, vamos fazer tipo um jogo.

Cada palavra dita por Ayan era como um enigma indecifrável para Yok. Ele não entendia mais nada que o garoto estava a dizer, porém estava achando engraçado tudo aquilo e seu sorriso tão lindo e radiante aos poucos ficava mais largo e feliz.

— Você tem trinta dias pra me fazer mudar de ideia sobre você, e eu tenho trinta dias pra fazer você acreditar que eu não sou como a pessoa que te machucou. Digamos que nós teremos trinta chances, mas qualquer erro é uma chance à menos.

— Você tá brincando comigo, baixinho? — perguntou Yok ainda com aquele sorriso em seus lábios. Aquele maldito sorriso...

— Não, pé grande! — respondeu estreitando os olhos e as sobrancelhas e devolveu um sorriso bobo para o moreno — Vai ser divertido... Nah... Nah... — Ayan insistiu, manhoso enquanto balançava para frente e para trás a cintura do moreno.

— Huh! Certo! Nós jogamos! Mas como devemos chamar isso? 365 dias versão só os trinta?

— Aquele filme não tem conteúdo algum. O conteúdo que a gente faz é melhor. — brincou Ayan e pensou por um momento — Bed friend? O que me diz?

— Bed friend?! Amigo de cama? — reforçou, incrédulo.

— Oque não é necessariamente isso. É só um nome diferente do tradicional para amizade colorida.

— Trinta dias? — perguntou desconfiado.

— Trinta dias.

— Teste grátis?

— Qual é a sua dúvida? Você não tá querendo saber os dias.

— Se isso vai funcionar. E se eu acabar me apegando a você e dermos errado? Ou vice-versa...

— Isso é uma possibilidade...

— Eu não acho que seja uma boa ideia...

— Mas se você não quer arriscar, como vamos saber se dará certo?

— Podemos conversar sobre isso amanhã? Eu tô bem cansado, e acho que você também. — perguntou Yok e Ayan assentiu gentilmente e sem insistir.

O mais baixo não o forçaria a fazer nada. Ele só estava dando uma ideia para que ambos se conhecessem da maneira correta e quem sabe, talvez, entender melhor seus sentimentos sobre o outro, mas Aye deixou isso nas mãos do moreno.

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