05 | faça como se realmente quisesse

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Meu coração acelerou demais e num reflexo acabei empurrando Simone para longe, afastando-a de mim.

— Soraya? — O choque na voz do homem que um dia chamei de meu combinou com o pavor em seu olhar quando ele me chamou, paralisado.

— Carlos... — Murmurei, atordoada, com os olhos arregalados como nunca.

Ao seu lado está a pessoa que, à primeira vista, ignorei. Entretanto, não pude mais fazê-la quando a reconheci.

É Nara, minha amiga, a mulher com quem meu namorado me traiu.

E aqui estão eles, juntos, um dia depois que eu descobri a traição.

— Uma mulher... — Ele começou, olhando para Simone antes de voltar a olhar para mim. — Uma mulher estava te...?

Simone apoiou o queixo na mão, olhando-o com um sorriso meio azedo brincando com seus lábios.

— Masturbando. — Ela completou, simplista. — Sim, estava.

— Mas que merda, Soraya...? — Nara balbuciou, chocada.

Carlos ficou algum tempo aterrorizado, antes de parecer ser tomado pela raiva.

— Eu não acredito que você está me traindo com uma mulher! — Ele quase gritou, então.

Meu primeiro impulso foi abrir a boca para tentar me defender, mas então eu cerrei os olhos, desacreditada.

Que cara de pau!

— Você me traiu primeiro! — Acusei, agoniada por não conseguir sair do banco já que ainda estou presa pelo corpo de Simone ao lado do meu.

Ela então pareceu ficar um pouco confusa. Na verdade, "confusa" parece ser um eufemismo.

— O que está acontecendo aqui? — Tebet perguntou, apontando de mim para Carlos. — Vocês são namorados?

— Cala a boca! — Eu e ele nos exaltamos, trocando farpas pelo olhar.

— Soraya eu não acredito nisso! — Carlos insistiu, inconformado. — Não acredito que você me trocou por uma mulher!

— Você me trocou por essa palerma! — Acusei de volta, apontando para Nara.

— Olha a cara dessa babaca, pelo amor de deus! Como é que você sente tesão nisso tendo uma mulher como eu de namorada?

— Ei! Eu não sei do que vocês está falando, mas eu sou bem gostosa, tá?! — Nara argumentou em ultraje.

Carlos passou a mão pelo rosto, tentando se recompor, antes de deslizar ambas as palmas pela calça que usava, para só então respirar fundo.

— Eu vou esperar você colocar a cabeça no lugar e me procurar para esclarecer essa merda. — Ele disse, então, segurando o braço da otária da Nara. — Venha. Vamos comer em outro lugar.

Eu movi meu rosto, atordoada, quando tentei me levantar para sair, mas continuei impedida por Simone e acabei caindo sentada de novo. — Cara de pau! — Eu quase gritei, socando o ar e chutando o assento da frente por baixo da mesa. — Desgraçado cínico! Tomara que esse sonso queime no fogo do inferno!

Tebet, ao meu lado, cruzou os braços e me olhou com as sobrancelhas levemente arqueadas e um sorriso provocativo.

— Isso foi inesperado. Encontros com você são sempre assim, Soraya Thronicke? Com a descoberta de que você é comprometida e coisas nesse naipe?

— Eu sincera, honesta, verdadeiramente não estou com paciência para você agora, Tebet. — Confessei num suspiro exaurido. — Eu não estou mais comprometida, mas vou embora. Vir aqui com você foi uma péssima ideia, a pior que eu já tive nessa vida!

AFRODITEWhere stories live. Discover now