28 | mães, amantes, afrodite e adônis

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— Ela te ama. — Theo diz, como se fosse verdade irrevogável.

Depois de passar o sábado inteiro com Simone — e com o celular desligado para escapar do rastreio insistente de meus pais —, eu discretamente peguei o anel de plástico que ganhamos na máquina de brinquedos e que acabou por caber perfeitamente em seu dedo. Então, eu o escondi em minha mochila até agora, que estou na joalheria em companhia do meu amigo.

E do meu ex-namorado.

Theo realmente acredita que Carlos tem um ótimo gosto para jóias, e ele realmente tem, então aqui estão os dois para me ajudar a escolher a aliança perfeita para Simone.

— Eu nunca imaginei que algum dia em minha vida estaria ajudando uma ex namorada a comprar alianças para pedir outra pessoa em namoro, ainda mais ouvindo suas ponderações sobre ser amada ou não de volta. — Carlos diz, admirando um bracelete na vitrine ao lado. — Mas aqui estou eu. E sim, eu concordo com Theo.

— Você é um homem tão bem resolvido... — Theo suspira, encantado.

— As experiências que passei que me fizeram amadurecer assim. — Carlos comentou casualmente, arrumando sua postura e deslizando as mãos pelo tecido que cobre seu corpo ao mesmo tempo em que sorri para nosso amigo.

— Espero conseguir ser como você algum dia. Tipo, se você estivesse no meu lugar com a babaca da Hera, provavelmente a ignoraria. Mas eu não consegui me controlar e joguei ovos no carro dela ontem...

Carlos riu, inclinando brevemente o rosto num gesto condescendente.

— Eu não jogaria ovos. — E confessa. — Com ovos se faz omelete. Seria desperdício. Eu quebraria todos os vidros do carro, no lugar.

— Viu? Um sábio! Você tem tanto a me ensinar...

— Vivendo e aprendendo, Theo. — Carlos ri enquanto eu observo a conversa silenciosamente, à espera do retorno da atendente. — Farei de você minha pupila.  Agora que Gael já aprendeu o que eu tinha para ensinar.

— Não ensina ele a ser estressado não, por favor. — Eu peço, olhando desconfiada para eles. — Porque isso Gael aprendeu direitinho com você.

Em resposta, eu ganho um soco nas costas. Cortesia de Theo, e não como os soquinhos que eu e Simone damos uma na outra. Foi um soco de verdade.

Acho que deslocou meu ombro.

— Porra, Theo... sua mão é pesada!

— Pesadas são suas palavras! — Ele rebate, o que faz Carlos rir ainda mais. Ao perceber, Theo aperta os lábios para tentar esconder um sorriso também, ainda olhando para meu ex com os olhos cheios de admiração.

— Me perdoe pela demora, senhora. — De repente, eu viro para o balcão de vidro ao ouvir a voz familiar, e vejo a atendente retornando com uma bandeja de veludo, na qual exibe três pares de aliança que atendem à minha descrição. — Aqui estão.

— Essas aqui. — Carlos diz, tão rápido que eu sequer tenho tempo de analisar todas as opções. — São diferentes, mas discretas. E são as mais bonitas.

Ainda sem respondê-lo, eu passo os olhos por todos os pares expostos até suspirar, vencida. Ele tem razão. São as mais bonitas, e ficam mais bonitas ainda quando imagino a maior delas no anelar de Simone.

Aliás, só de pensar em usar alianças com ela, meu coração se atrapalha todo e eu juro que sinto vontade de sair anunciando para todo e qualquer desconhecido que: ei, eu vou namorar Simone Tebet e vocês não!

— Se ela não aceitar esse pedido, vocês vão precisar se esforçar muito para me consolar ou eu sou capaz de me afogar no próprio catarro de tanto chorar. — Anuncio, cruzando os braços sobre o balcão de vidro e me inclinando brevemente sobre ele, em ansiedade.

AFRODITEWhere stories live. Discover now