Capítulo 87

1.3K 97 29
                                    

Maria Clara

Como eu não conhecia o lugar, resolvi colocar uma roupa meio termo, nem arrumada demais, nem de menos.

Passei perfume, peguei a bolsa em cima da cama e saí do quarto.

Desci as escadas pra sair e já mandei uma mensagem pro Paulo avisando que estava indo.

Ret: quero a localização e você em casa antes de meia noite
Maria: são apenas colegas da antiga escola, eles organizaram um encontro pai, deixa de neurose
Ret: vai fazer o que eu to mandando ou eu vou barrar tua saída?
Maria: tá bom
Ret: Jhon vai te levar e esperar do lado de fora
Maria: como é que é?
Ret: isso mesmo que tu escutou
Maria: mas pai...
Ret: não adianta argumentar - Me interrompeu. - é isso ou nada
Maria: só porque eu to de muito bom humor - Beijei a bochecha dele.
Ret: cuidado
Maria: pode deixar

Saí de casa, já encontrando o Jhon com o carro parado na porta, entrei e disse a ele onde que era.

Maria: o mocinho não vai entrar
Jhon: tá me menosprezando patroinha? já na basta atrapalhar minha obra hoje
Maria: desculpa por isso, você só tava no lugar errado e na hora errada
Jhon: tá suave, eu também já fui corno po

Eu quis rir, mas me senti levemente ofendida.

Jhon: a diferença é que eu raspei a cabeça da vagabunda pra ela aprender
Maria: tem que mexer na ferida né? cada um usa as armas que tem - Ele riu.

Depois de alguns minutos nós chegamos, era um restaurante, próximo a um lago, já aproveitei e pedi pro Jhon tirar uma foto minha antes de entrar.

Assim que ele fez, voltou pro carro, mas antes eu perguntei se ele queria algo pra comer e ele negou.

Então, finalmente entrei no restaurante e um homem engravatado veio em minha direção parando na minha frente.

Xxx: boa noite
Maria: boa noite
Xxx: a senhorita tem reserva?
Maria: na verdade tem uma pessoa me esperando aqui
Xxx: pode me dizer o seu nome?
Maria: Maria Clara
Xxx: claro, me acompanhe por favor

Ai gente, que moço educado, queria ter metade dessa educação.

Caminhei junto com até avistar o Paulo em uma mesa, agradeci ai funcionário e continuei o caminho sozinha.

Maria: demorei?
Paulo: não muito - Sorriu se levantando.
Maria: que lugar lindo - Trocamos beijo no rosto.
Paulo: você que tá muito linda
Maria: obrigada - Sorri.
Paulo: você bebe vinho?
Maria: eu só não bebo ácido, porque mata - Rimos.
Paulo: vou pedir pra gente

Paulo acenou pro garçom e enquanto fazia o pedido, reparei em como ele tava bem vestido, esse homem é um gato, que sorte a minha.

Paulo: o que você acha da entrada?
Maria: você conhece aqui?
Paulo: meu restaurante preferido
Maria: então me surpreenda - Ele assentiu. - me fala de você
Paulo: cara, minha vida é um tédio, eu moro sozinho, trabalho em um escritório próprio, só burocracia
Maria: arquitetura não é? me lembro de você ter falado algo
Paulo: me formei tem dois anos, a área não é tão fácil, mas a gente faz o que pode
Maria: e você mora sozinho desde esse tempo?
Paulo: não, desde que eu comecei a faculdade, não teve nada tão libertador
Maria: seus pais eram chatos?
Paulo: pai muito conservador e mãe que só se importa com spa, tá bom pra você? - Dei risada.
Maria: a minha era totalmente louca, que tal uma competição de qual é pior?
Paulo: a sua mãe morreu?
Maria: é
Paulo: sinto muito
Maria: relaxa, ela nunca foi presente, muito pelo contrário
Paulo: então tá bom
Maria: e seus pais? tem contato?
Paulo: às vezes uma visita, mas sempre que eu chego lá, meu pai faz questão de dizer que eu deveria ter sido médico
Maria: deve ser exaustivo
Paulo: eu nem ligo, to feliz com o que faço
Maria: isso é ótimo
Paulo: e você? como é sua vida?
Maria: eu moro como meu pai e madrasta, minha tia e uma prima
Paulo: eu conheci elas
Maria: verdade - Falei me recordando. - o dia na boate, agora que me lembrei
Paulo: isso mesmo
Maria: fora elas, só meu pai
Paulo: e como é com ele?
Maria: ele é foda, tenho que admitir, fez de tudo pra me criar bem sem que me faltasse nada, é chato às vezes, mas é só um defeitinho
Paulo: não existe um bom sem defeito

[...]

Gringo

Peguei meu celular e liguei pro Ret, quero saber o que é pra fazer com esses machucados todos.

Ligação on

Gringo: e agora?
Ret: manda foto pra ela, fala que ela só entra na Rocinha se devolver minha carga ou me dá em dinheiro
Gringo: e você acha mesmo que ela vai fazer isso?
Ret: a pior coisa que existe é amor de pica Gringo
Gringo: certo então, deixa eu te falar, cadê a Maria? dá uma notícia dela pra mim
Ret: saiu com uns amigo da escola
Gringo: ela não estuda mais
Ret: da que estudava né burro
Gringo: ela não gostava de ninguém daquela escola
Ret: como tu sabe?
Gringo: isso é papo Ret, ela foi se encontrar com alguém, como tu deixou isso porra?
Ret: ela não foi ver ninguém não, Jhon tá com ela, fica suave

Ligação off

É foda, agora eu tenho que imaginar o que ela tá fazendo e com quem ela tá fazendo.

Primeiro, liguei de vídeo pra Carla, queria saber no que ia dar essa porra. Tinha várias chamadas perdidas dela.

Ligação on

Carla: eu tava preocupada amor - Arregalou os olhos. - o que aconteceu com seu rosto
Gringo: fui cobrado - Mostrei os machucados.
Carla: eu não acredito que ele fez isso com você por minha causa - Falou chorosa.
Gringo: eu não posso sair da Rocinha e você não pode entrar
Carla: ele não pode fazer isso
Gringo: é isso ou eu perco meu pescoço
Carla: não é possível
Gringo: mas ele disse que se tu devolvesse o que deve a ele, ficaria na paz com a Pedreira
Carla: isso nunca vai acontecer
Gringo: po meu amor, como eu vou ficar com tu então? faz isso pela gente linda
Carla: eu não sei se devo amor
Gringo: pensa na gente po, agora eu tenho que desligar, vou trampar
Carla: assim? machucado?
Gringo: Ret me botou no plantão dois dias
Carla: meu deus
Gringo: tchau princesa
Carla: fica bem amor

Ligação off

Odeio mentira, odeio fingimento, caralho, isso me deixa puto.

Whatsapp on

< GB

Eu: maria postou alguma coisa
GB: sim
Eu: print
GB: 📷

Whatsapp off

Filha da puta foi encontrar alguém, linda pra caralho, eu vou ficar louco irmão.

Maria Clara

Caminhamos pra perto do lago que tinha ali e paramos pra observar.

Maria: obrigada, fui tudo muito legal, a comida tava maravilhosa
Paulo: e a companhia melhor ainda
Maria: a gente podia repetir isso?
Paulo: to pronto já - Sorrimos.
Maria: eu tenho que ir
Paulo: eu posso te deixar em casa
Maria: meu motorista tá logo ali me esperando

Como eu falar que é minha contenção, porque meu pai é um traficante muito procurado?

Paulo: então tá bom

Senti ele se aproximar, passar a mão pelo meu cabelo jogando ele pra trás, em seguida pegar na minha nunca e me puxar pra si.

Um selinho pra começar e em seguida, senti a língua dele em contato com a minha.

O beijo era um delícia, mas estranho ao mesmo tempo. Talvez por eu estar acostumada com algo que não é mais meu.

Paulo: obrigada pela noite
Maria: eu que agradeço

Filha do TráficoTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang