Capítulo 99

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[...]

Maria Clara

O dia de ontem foi um caos, mais especificamente, a madrugada.

As mensagens guardadas que o Gringo tinha pra mim não eram pra mexer tanto comigo, mas infelizmente eu não consigo mandar no que sinto. Poderia, mas não dá.

Eu só queria ter um dia de paz e viver ao menos tranquila, sem todo o inferno que me cerca. De um lado o Gringo e do outro o Paulo, que é um problema bem maior.

Só queria entender onde eu estava com a cabeça quando resolvi me envolver com esse cara, um completo desconhecido e eu sentando pra ele.

Burra, otária, idiota, todos os adjetivos ruins existentes no planeta terra. Eu nasci pra me fuder muito mesmo, e não do jeito que eu gosto.

Meu celular vibrou no sofá e eu peguei vendo a notificação do Paulo avisando que já havia chegado no morro.

Ele insistiu muito pra dormir comigo, e falava o tempo inteiro de ser na minha casa, então, tive que explicar pra meu pai, que liberou, mas vai deixar um vapor em cada cômodo.

Além de não ficar ninguém em casa.

Saí de casa caminhando até o local que combinamos, de longe já avistei ele olhando pros lados.

Maria: tá assustado playboyzinho?
Paulo: pensei que não vinha mais
Maria: minha casa é um pouco longe daqui
Paulo: e seu pai concordou com isso?

Eu odeio falsidade. Que nojo.

Maria: na verdade, ele nem vai estar em casa
Paulo: por quê?

Disfarça melhor otário.

Maria: trabalhando a noite inteira fora
Paulo: você nunca explicou muito bem com o que ele trabalha
Maria: vamo andando que eu te explico

Fiz um caminho totalmente diferente do comum pra minha casa. Meu pai que me ensinou ele, são tantas entradas e saídas que ficamos o dia inteiro fazendo e refazendo até eu acertar sozinha.

Não podíamos ser burros ao ponto de mostrar o caminho mais fácil.

Paulo: então, você disse que ia falar do trabalho do seu pai
Maria: ele tem uma loja, acho que já mencionei isso
Paulo: não que eu me lembre, o que ele vende?
Maria: coisa pra homem, moda masculina, essas coisas assim
Paulo: quero conhecer, to até precisando de umas blusas
Maria: eu vou amar te levar lá

Só se for pra você se transformando em uma peneira.

Chegamos na minha casa e ele entrou olhando tudo ao redor, parecia não querer que nada escapasse dos seus olhos.

Maria: tá tudo bem?
Paulo: é só que a casa do meu pai é cheia de fotos e aqui não tem nenhuma
Maria: meu pai não gosta de tirar fotos, então a gente não tem quadros ou coisa do tipo

Temos sim, Ana que tirou tudo antes de sair.

Subi as escadas puxando ele pela mão e fui direto pro meu quarto.

Fingi que tranquei a porta, mas deixei bem fácil de abrir, não posso vacilar com esse homem.

Tem vapor espalhado por cada canto dessa casa e mesmo assim eu não me sinto 100% segura.

Paulo: então é aqui que você se esconde?
Maria: gostou?
Paulo: tem seu cheiro
Maria: é?
Paulo: muito - Se aproximou de mim.

Gringo

Não me respondeu nada, mas ela leu todas as mensagens, tenho certeza disso.

Lica: que foi meu filho? tá com essa carinha murcha
Gringo: nada coroa, só pensando num bagulho
Lica: espero que não seja naquela mulher
Gringo: esquece isso po, já te expliquei toda história
Lica: e mesmo assim eu não consigo entender o porquê desse homem querer mandar na vida das pessoas dessa forma, ele não é deus Gringo
Gringo: e ele sabe disso, tava fazendo o bagulho pra proteção da família dele
Lica: colocando a sua vida e sentimentos em jogo? - Neguei com a cabeça. - eu adoro a Maria, ela é uma menina maravilhosa e torço muito pela volta de vocês, só que alguém precisa dar um basta nesse pai dela
Gringo: é coroa, só que isso não é vai ser hoje e muito menos amanhã, o Ret é imortal
Lica: você bajula muito ele
Gringo: o cara me deu uma vida nova, uma nova perspectiva, tudo que eu sinto é gratidão, respeito e consideração
Lica: não vou entrar nesse mérito
Gringo: vou ali fazer um corre
Lica: mas você nem jantou, eu fiz cachorro-quente
Gringo: bagulho rápido, pode deixar que quando eu voltar vai sobrar nada nessa panela ai
Lica: tá bom esfomeado, cuidado, que Deus te proteja
Gringo: tomara

Filha do TráficoWhere stories live. Discover now